Shanghai, 9 jun (Xinhua) -- Muita atenção está sendo dada à questão de se a Comissão Europeia vai ou não impor tarifas adicionais sobre as importações de veículos elétricos (VEs) fabricados na China após sua investigação anti-subsídios.

De uma perspectiva protecionista, tarifas adicionais podem oferecer uma proteção temporária para as montadoras europeias. Mas, a longo prazo, acabarão por minar a sua competitividade no mercado global.

Antes de se aprofundar na questão de possíveis novas tarifas sobre os veículos elétricos da China, pode ser útil rever as conclusões do livro "Prosperidade Através da Concorrência", de Ludwig Erhard, ex-chanceler da Alemanha. Neste livro de economia globalmente influente, Erhard enfatizou a importância da livre concorrência como força motriz para o crescimento econômico e a prosperidade. "A competição é o meio mais promissor para alcançar e garantir a prosperidade", escreveu.

É uma crença compartilhada pelas comunidades empresariais da China e da Alemanha: as tarifas não são o caminho para aumentar a competitividade. Algumas autoridades e montadoras alemãs expressaram oposição à escolha de impor novas tarifas sobre os veículos elétricos da China.

A ascendência da China no setor de veículos elétricos é uma prova do poder da competição. Esta é uma história de sucesso liderada pela concorrência no maior mercado automobilístico do mundo. Devido ao espírito competitivo do grande número de empresas chinesas neste campo, elas têm sido capazes de melhorar continuamente seus produtos e reduzir os custos para fornecer VEs de qualidade a preços competitivos para os consumidores em casa e no exterior.

Vislumbre as potenciais repercussões para o setor de veículos elétricos da China, caso a União Europeia decida cobrar tarifas adicionais sobre esses veículos. No curto prazo, tais medidas protecionistas podem, de fato, causar uma queda temporária na demanda europeia por veículos elétricos chineses. No entanto, este cenário não significará a exclusão dos veículos elétricos chineses do mercado da UE, dada a sua elevada competitividade.

O novo cenário tarifário fortalecerá a competitividade das montadoras europeias? A resposta é não. Tais tarifas poderiam prejudicar a iniciativa dos fabricantes europeus de investir em avanços tecnológicos e medidas de redução de custos, comprometendo assim a sua capacidade de competir eficazmente na cena mundial.

Ao final das contas, a perspectiva do consumidor é fundamental. Os consumidores estão em busca de produtos de qualidade oferecidos a preços competitivos. O aumento das tarifas significaria o aumento dos preços dos VE chineses para os consumidores. Mas a procura do mercado poderá não cair devido à disponibilidade limitada de substitutos no mercado europeu. Tarifas mais elevadas apenas aumentariam a inflação para os consumidores europeus que já querem escapar às pressões inflacionistas associadas aos custos da energia.

Então, como as montadoras europeias devem lidar com os desafios dos concorrentes chineses? Eles poderiam convidar mais fabricantes chineses de veículos elétricos para estabelecer joint ventures na Europa. Ou poderiam copiar uma página do livro da China ao abraçar a Tesla para alcançar um cenário de ganha-ganha.

Tanto a China como a União Europeia estão empenhadas em acelerar a transformação verde e em combater ativamente as alterações climáticas. E vimos uma série de casos de colaboração bem-sucedidos entre os dois lados. Devemos reforçar a cooperação em indústrias verdes, manter mercados abertos uns para os outros e aprofundar resultados mutuamente benéficos. O caminho para a prosperidade nas tecnologias verdes e na economia em geral está em fomentar a concorrência, não em erguer barreiras tarifárias.