Beijing, 24 ago (Xinhua) -- A comunidade global deve ficar alarmada por o Japão descartar água contaminada por material nuclear em nosso oceano e deve urgi-lo a reconsiderar essa ação injustificada e irresponsável.
O governo japonês, ignorando as fortes críticas e a oposição da comunidade internacional, começou a liberar unilateralmente a água contaminada pela usina nuclear de Fukushima no oceano na quinta-feira.
Como disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, o impacto disso vai além das fronteiras do Japão, e a questão não é, de forma nenhuma, um assunto privado do Japão.
O acidente nuclear de Fukushima é um dos desastres nucleares mais graves do mundo até o momento. Como resultado, sabe-se que a água contaminada tem mais de 60 elementos radioativos, conhecidos como radionuclídeos, o que torna sua descarga completamente diferente da operação normal das usinas nucleares.
Não existe nenhuma tecnologia viável para tratar com eficácia uma quantidade tão grande de nuclídeos, e certas variantes de vida longa podem se dispersar pelas correntes oceânicas, causando repercussões imprevisíveis na ecologia marinha e na saúde humana.
O Sistema Avançado de Processamento de Líquidos (ALPS), a instalação-chave do Japão para o tratamento de água contaminada por energia nuclear, que entrou em operação experimental em março de 2013, tem apresentado frequentemente falhas de funcionamento. O mundo precisa saber como garantir a eficácia e a confiabilidade do ALPS à medida que a instalação envelhece.
Não só o volume de águas residuais contaminadas por energia nuclear na usina é substancial e sua composição é complexa, mas o prazo de descarte terá uma duração sem precedentes.
A falta de credibilidade e de avaliação científica colocou em dúvidas a lógica por trás do plano de liberação de 30 anos do Japão, e prosseguir com o plano unilateralmente, sem um envolvimento internacional sincero, estabeleceria um precedente ainda mais perigoso em um momento em que o planeta, especialmente seus oceanos, está enfrentando inúmeros desafios e ameaças.
O Japão deve ter se envolvido ativamente e coletado informações de todas as partes interessadas, incluindo os pescadores domésticos e os países vizinhos da região do Oceano Pacífico. Mas o país nunca teve a intenção de realizar consultas completas com outras partes envolvidas.
O Japão "racionaliza" seu plano de liberação apenas com a avaliação de segurança conduzida pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas a avaliação tem limitações bastante evidentes e enfrenta alegações de parcialidade. A AIEA não pode provar que o plano de descarga no oceano é a única e melhor opção para tratar a água contaminada por material nuclear.
A China pede que o lado japonês considere as preocupações da comunidade internacional, execute o descarte da água contaminada de forma científica, segura e transparente e aceite uma supervisão internacional rigorosa.
O descarte de água contaminada por material nuclear deve cessar, a menos que um sistema de monitoramento transparente esteja em vigor.
Ao despejar a água no oceano, o Japão está espalhando os riscos para o resto do mundo e passando uma ferida aberta para as futuras gerações da humanidade.

