Lhasa, 26 mai (Xinhua) -- O aquecimento global e o transporte transfronteiriço de poluentes atmosféricos aceleraram o derretimento das geleiras na região do Monte Qomolangma, mas a tendência é relativamente lenta em comparação com outras partes do mundo, diz um cientista chinês.

Décadas de monitoramento terrestre e de sensoriamento remoto descobriram que as geleiras na encosta norte do Monte Qomolangma, o pico mais alto do mundo, encolheram cerca de 6,5% desde 2000, e a perda anual de material de glaciar é de cerca de 0,3 metro de água equivalente, de acordo com Kang Shichang, especialista em geleiras do Instituto Noroeste de Ecoambiente e Recursos da Academia Chinesa de Ciências.

"Se der uma olhada nas geleiras no Ártico e Antártica e nas outras geleiras de montanha em todo o mundo, suas taxas de perda são muito altas. Em particular, os glaciares no Alasca têm perdido um metro de água equivalente por ano ao longo dos últimos 20 anos", disse Kang, que fez várias viagens às regiões árticas e antárticas para investigar as mudanças na camada de gelo e a perda de material de glaciar.

A principal razão para o recuo das geleiras e torres de gelo na região do Monte Qomolangma é que o dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros gases de estufa emitidos pelas atividades humanas permanecem na atmosfera por muito tempo, resultando no aquecimento global.

"De acordo com os registros de núcleos de gelo perfurados por cientistas chineses na região do Monte Qomolangma, a quantidade de metais pesados e poluentes orgânicos persistentes de fontes humanas na atmosfera da região vem aumentando desde a Revolução Industrial", informou Kang. Os resultados da pesquisa foram publicados.

Amostras de gelo e neve e núcleos de gelo da região mostram que o transporte transfronteiriço de poluentes atmosféricos, especialmente aerossóis de carbono negro que absorvem a luz, pode reduzir o albedo superficial de neve e gelo e acelerar o derretimento da criosfera após se fixar em geleiras e neve, explicou Kang.

Ele acrescentou que metais pesados e poluentes orgânicos persistentes armazenados na criosfera podem ser liberados com o derretimento da criosfera, o que tem um impacto potencial no ambiente ecológico regional.

"A proteção das geleiras é urgente. A introdução da lei recém-adotada sobre conservação ecológica no planalto Qinghai-Tibet nos ajudará a proteger melhor as geleiras e o solo congelado na área", disse.