Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto em Brasília, Brasil, em 8 de janeiro. (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Xinhua)
Rio de Janeiro, 8 jan (Xinhua) -- O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva decretou neste domingo a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal para manter a ordem em resposta aos atos antidemocráticos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que invadiram e depredaram as instalações do Congresso Nacional, do Superior Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto.
Lula anunciou o decreto na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, durante visita para avaliar estragos causados pelas chuvas no município.
"O objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado no Distrito Federal, marcada por atos de violência e invasão a prédios públicos", diz o decreto previsto para vigorar até 31 de janeiro.
Com a intervenção, os órgãos de segurança pública do Distrito Federal ficam sob responsabilidade do secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Garcia Cappelli, nomeado como interventor, subordinado a Lula.
Ao fazer o anúncio, Lula enfatizou que todas as pessoas serão encontradas e punidas. "Vamos descobrir quem são os financiadores", comentou. "Se houve omissão de alguém do governo federal que facilitou isso, também será punido."
O movimento golpista que ocorre há semanas em Brasília foi reforçado por mais de cem ônibus que chegaram com cerca de 4 mil pessoas no fim de semana, com ações combinadas por meio das redes sociais.
A invasão aconteceu no início da tarde quando milhares de bolsonaristas invadiram a área da Esplanada dos Ministérios e da praça dos Três Poderes sem que a pouca força policial, usando apenas spray de pimenta, conseguisse conter a turba, muitos armados de paus e pedras.
Após furar o bloqueio com facilidade, a maioria invadiu o Congresso Nacional, apesar da resistência da polícia legislativa, enquanto outros dois grupos se dirigiram ao prédio do Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto. Todos os locais foram fortemente depredados: vidros quebrados, móveis destruídos e até obras de arte de grande valor foram vandalizadas.
A repressão aos invasores só foi iniciada no final da tarde com a chegada de tropas de choque, reforçadas pela presença de helicópteros da Polícia Militar e da Polícia Federal.
Em entrevista por volta da 20h30 (hora local), o Ministro da Justiça e Segurança Pública confirmou a desocupação dos prédios públicos e informou que estão sendo realizadas perícias nos locais.
Dino disse ainda que há cerca de 200 pessoas presas em flagrante e que as prisões vão continuar noite adentro. Acrescentou que 40 ônibus foram apreendidos e que os financiadores desses ônibus foram identificados.
Os atos golpistas no Distrito Federal tiveram forte repercussão no país e no exterior e muitos compararam com a invasão ao Capitólio (Congresso) dos Estados Unidos ocorrida em 6 de janeiro de 2021 por parte dos partidários do presidente Donald Trump.
A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, afirmou em nota divulgada neste domingo que a Corte "não se deixará intimidar por atos criminosos" e de "delinquentes" contrários ao estado democrático de direito.
"O STF atuará para que os terroristas que participaram desses atos sejam devidamente julgados e exemplarmente punidos", acrescentou a ministra.
Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto em Brasília, Brasil, em 8 de janeiro. (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Xinhua)