
Mulher lamenta as vítimas do tiroteio na praia de Bondi, em Sydney, Austrália, em 15 de dezembro de 2025. (Xinhua/Ma Ping)
Dezesseis pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em um tiroteio em massa no domingo na praia de Bondi, em Sydney, o incidente com armas de fogo mais fatal na Austrália desde 1996.
Sydney, 15 dez (Xinhua) -- Um tiroteio em massa ocorreu na noite de domingo na praia de Bondi, em Sydney, Austrália, matando pelo menos 16 pessoas e ferindo outras dezenas. Esse é o incidente com armas de fogo mais fatal no país desde 1996.
Confira abaixo mais detalhes sobre o tiroteio.
O QUE ACONTECEU?
O incidente ocorreu por volta das 18h40, horário local (7h40 GMT), na famosa atração turística praia de Bondi, onde mais de mil pessoas se reuniram para celebrar o primeiro dia de Hanucá, o Festival das Luzes judaico.
Dois homens armados, vestidos de preto, "metralharam" a multidão de uma ponte próxima por cerca de 10 minutos, segundo relatos da mídia local, citando testemunhas.
Quinze vítimas, com idades entre 10 e 87 anos, morreram no tiroteio. Mais de 40 pessoas, incluindo dois policiais, foram hospitalizadas. Na tarde de segunda-feira, 27 pacientes ainda estavam recebendo atendimento em Sydney, alguns em estado grave, informou um porta-voz da autoridade médica.
Os agressores foram identificados como Naveed Akram, 24 anos, e seu pai, Sajid Akram, 50 anos. Sajid Akram foi morto a tiros em uma troca de tiros com a polícia no local, enquanto seu filho está hospitalizado sob custódia policial. Mal Lanyon, comissário da polícia do estado de Nova Gales do Sul (NSW, na sigla em inglês), onde fica Sydney, declarou o incidente como um ataque terrorista na noite de domingo, citando "o fato de ser o primeiro dia de Hanucá, os tipos de armas, os criminosos e alguns dos outros itens encontrados no local".
A polícia também encontrou um artefato explosivo improvisado em um carro ligado aos atacantes, disse Lanyon.
Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostrou um homem à paisana imobilizando um dos atiradores e conseguindo desarmá-lo. "Com certeza muitas pessoas ficaram vivas esta noite graças à coragem dele", disse o primeiro-ministro de NSW, Chris Minns, chamando-o de "verdadeiro herói".
Durante sua visita ao local na manhã de segunda-feira, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que as bandeiras seriam hasteadas a meio mastro em todo o país em luto pelas vítimas do tiroteio.

Bandeira nacional australiana hasteada a meio mastro no Kings Park, em Perth, Austrália, em 15 de dezembro de 2025. (Foto por Zhou Dan/Xinhua)
LIGAÇÃO COM O ESTADO ISLÂMICO
Albanese confirmou em uma coletiva de imprensa que Naveed Akram foi notado pela agência de inteligência em 2019 por "associações que ele mantinha" e foi investigado por seis meses, sem revelar mais detalhes.
Tanto Naveed quanto seu pai juraram lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI), informou a Corporação de Radiodifusão Australiana, citando agentes antiterrorismo. Uma bandeira do EI foi encontrada em seu carro na praia de Bondi.
Lanyon confirmou que Sajid Akram, 50 anos, tinha porte de arma há 10 anos, sem histórico de incidentes de segurança. "Ele tem seis armas de fogo registradas em seu nome. Estamos convencidos de que apreendemos seis armas de fogo no local do crime ontem", disse ele.
Na manhã de segunda-feira, oficiais da Polícia de NSW e da Polícia Federal Australiana realizavam uma grande operação na residência de Akram, nos subúrbios do sudoeste de Sydney, e em uma casa alugada por temporada na zona oeste da cidade, onde os dois homens estavam hospedados.
A investigação sobre os motivos do ataque ainda está em andamento, disse Lanyon.

Mulher lamenta as vítimas do tiroteio na praia de Bondi, em Sydney, Austrália, em 15 de dezembro de 2025. (Xinhua/Ma Ping)
REAÇÕES INTERNACIONAIS
O primeiro-ministro Albanese classificou o tiroteio como "um ato de maldade, antissemitismo e terrorismo que atingiu o coração de nossa nação", prometendo que a Austrália fará o que for necessário para erradicar o antissemitismo.
"A Austrália não será dividida pelo ódio ou pela violência... permaneceremos unidos em solidariedade com os judeus australianos e uns com os outros", disse ele em uma publicação na plataforma LinkedIn na manhã de segunda-feira.
Albanese declarou em coletiva de imprensa que o governo federal fará "o que for necessário" para evitar que incidentes semelhantes se repitam e que considerará reformar as leis de armas no país.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o ataque, expressando condolências às famílias das vítimas e manifestando solidariedade ao povo e ao governo da Austrália neste momento difícil, segundo comunicado de seu porta-voz adjunto.
O presidente dos EUA, Donald Trump, condenou o incidente como um "ataque horrível e puramente antissemita". Ele disse ao canal americano de televisão Fox News que os judeus americanos que celebram o Hanucá não precisam se preocupar com sua segurança após o ataque na praia de Bondi.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou duramente Albanese e o governo australiano por não conseguirem conter a disseminação do antissemitismo na Austrália. "Vocês deixaram a doença se espalhar e o resultado são os ataques horríveis contra judeus que vimos hoje", disse ele.
Em resposta ao ataque, o Conselho de Segurança Nacional de Israel emitiu, no domingo, um alerta de segurança para seus cidadãos no exterior, recomendando que evitem grandes aglomerações e permaneçam atentos em locais judaicos e israelenses.


