
Foto mostra área de produção da Mina de Husab, na região de Erongo, Namíbia, em 18 de julho de 2025. (Xinhua/Lin Jing)
No vasto Deserto da Namíbia, as máquinas da Mina de Husab operam 24 horas por dia, extraindo urânio de um dos maiores depósitos do mundo.
Windhoek, 15 dez (Xinhua) -- No vasto Deserto da Namíbia, as máquinas da Mina de Husab operam 24 horas por dia, extraindo urânio de um dos maiores depósitos do mundo.
Mas para além do ritmo industrial constante, uma transformação mais silenciosa está em andamento, remodelando competências, meios de subsistência e aspirações nas comunidades circundantes.
No centro dessa mudança está o crescente reconhecimento, por parte dos trabalhadores e residentes locais, de que a mineração moderna, quando alinhada com os objetivos de desenvolvimento a longo prazo, pode servir como algo mais do que uma fonte de matérias-primas.
Para Irvinne Simataa, vice-presidente executivo da Swakop Uranium, operadora da Mina de Husab, o local representa um microcosmo do caminho de desenvolvimento mais amplo da Namíbia, onde a extração de recursos deve caminhar lado a lado com a modernização industrial e a formação de capital humano.
"Na Namíbia, a mineração é um pilar da indústria", disse Simataa. "Envolve não só o desenvolvimento sustentável, mas também a modernização industrial e o crescimento econômico".
Um dos desafios mais persistentes que o setor mineiro da Namíbia enfrenta tem sido a escassez de conhecimento técnico de alto nível. Superar essa lacuna exigiu mais do que a formação convencional, exigiu uma mudança de mentalidade, moldada em parte por filosofias de gestão inspiradas na experiência industrial da China.

Foto mostra placa de entrada da Mina de Husab, na região de Erongo, Namíbia, em 18 de julho de 2025. (Xinhua/Lin Jing)
A Mina de Husab, uma operação afiliada ao Grupo de Energia Nuclear da China, adaptou as abordagens de gestão e treinamento desenvolvidas ao longo de décadas de prática industrial em larga escala na China ao contexto local da Namíbia.
Simataa relembrou como a exposição ao modelo de desenvolvimento da China influenciou sua abordagem para o desenvolvimento da força de trabalho na Mina de Husab. "Descobri que a meritocracia impulsionou o rápido desenvolvimento do país. Trouxe esse conceito de volta para a Mina de Husab", disse ele.
Essa abordagem gradualmente se consolidou.
Nos últimos três anos, 70 jovens engenheiros namibianos foram recrutados e imersos em programas estruturados de treinamento e mentoria. Por meio de avaliação contínua e responsabilidade prática, muitos foram promovidos a funções técnicas permanentes, formando uma nova geração de profissionais treinados localmente que agora sustentam as operações diárias da mina.
Sob a ideia orientadora de "Mais do que Mineração", os esforços em torno da Mina de Husab priorizam cada vez mais meios de subsistência sustentáveis em vez de assistência de curto prazo.

Trabalhadores vacinam cabras antes de serem entregues a agricultores beneficiários do Projeto Fazenda da Esperança em Usakos, Namíbia, em 26 de julho de 2025. (Xinhua/Lin Jing)
Uma dessas iniciativas é o projeto Fazenda da Esperança, que em 2025 forneceu 1.000 cabras a agricultores em comunidades próximas. O projeto tem como público-alvo famílias rurais, buscando construir pequenos empreendimentos pecuários como forma de sair da pobreza.
Simataa relembrou um momento que marcou o significado mais amplo do projeto. "Naquele momento, senti que não estávamos apenas trabalhando, estávamos mudando nossa cidade natal. Assim como diz o conceito da marca da empresa: Não estamos apenas minerando, mas indo além da mineração".
Entre os beneficiários está Lena Gauses, da região de Erongo. Em meio às suas cabras e ovelhas recém-adquiridas, a mulher de 45 anos descreveu o projeto como uma oportunidade de se reconectar com suas raízes.
"Hoje em dia, os jovens não se interessam pela agricultura, então quero incentivá-los a participar. Fazemos isso para criar nosso próprio sustento", disse ela à Xinhua.
A ministra da Agricultura, Pesca, Água e Reforma Agrária da Namíbia, Inge Zaamwani, elogiou a iniciativa Fazenda da Esperança por alinhar o desenvolvimento comunitário a objetivos econômicos mais amplos.
"Quero elogiar o projeto lançado pela Fundação Swakop Uranium porque ele segue princípios sólidos. O gado é dado a agricultores selecionados não como esmola, mas como ferramenta para gerar renda e criar independência", disse ela.
Desde jovens engenheiros usando conhecimentos recém-adquiridos na fábrica de processamento até agricultores expandindo seus rebanhos por paisagens áridas, aqueles ligados à Mina de Husab estão redefinindo o que a cooperação baseada em recursos pode alcançar.


