Beijing, 4 dez (Xinhua) -- Um conjunto de soluções de captação de água atmosférica, descritas por desenvolvedores de Shanghai da China como a primeira solução abrangente desse tipo no mundo para fornecer água potável verde e acessível mundialmente, foi recentemente apresentado. A inovação é especialmente benéfica para países e regiões com escassez de água.

Desenvolvidas a partir de pesquisas de ponta na Universidade Jiao Tong de Shanghai, as soluções introduzem três caminhos tecnológicos centrais: condensação, adsorção e uma bomba de calor acoplada a adsorção e absorção. Essas condições são adaptadas para lidar com a escassez de água sob várias condições climáticas: alta temperatura e umidade, baixa temperatura e umidade, e alta temperatura com baixa umidade.

A equipe de pesquisa afirma que isso representa uma mudança significativa para a China, de seguidora para líder no campo de ponta da extração de água atmosférica. Esse processo envolve condensar a umidade atmosférica em água, oferecendo uma fonte descentralizada e renovável de água doce, particularmente benéfica em áreas com recursos hídricos subterrâneos escassos ou abastecimentos municipais instáveis.

De acordo com um relatório da consultoria de mercado QYResearch, o mercado global de coletores de água atmosférica deve atingir US$ 420 milhões até 2031, com uma taxa composta anual de crescimento de 4,8% nos próximos anos.

A inovação foi apresentada pela empresa de tecnologia AtmosWell, sediada em Shanghai, incubada a partir do trabalho pioneiro da equipe interdisciplinar de inovação para "energia-água-ar", ou ITEWA, na Escola de Engenharia Mecânica da universidade.

"Extrair água potável do ar é um dos sonhos máximos da humanidade para enfrentar a distribuição desigual da água", disse Wang Ruzhu, cientista principal da equipe da ITEWA e laureada com o Prêmio Global de Energia em 2023. "A empresa transformou sistematicamente os avanços laboratoriais da universidade em soluções de engenharia adaptáveis a diversos cenários, exemplificando o valor central da inovação tecnológica ao serviço à sociedade", disse ele.

Especialistas da indústria explicaram que o principal desafio da extração de água atmosférica está em se adaptar a condições climáticas complexas e variáveis. Aproveitando a competência da equipe da ITEWA, a AtmosWell superou gargalos técnicos desde materiais até sistemas, oferecendo soluções diferenciadas para diferentes cenários.

Entre as inovações está uma estação ao ar livre de água potável fora da rede, alimentada por energia solar, que pode começar a funcionar sem infraestrutura nenhuma. A máquina, semelhante em tamanho a um pequeno ponto de ônibus, pode operar em temperaturas entre 15 e 40 °C e níveis de umidade entre 35 e 99 por cento, produzindo até 50 litros de água potável por dia.

"A linha de produtos também inclui uma plataforma de água de grande escala ao ar livre com especificação de engenharia, com capacidade diária de 1.600 litros, que pode fornecer um abastecimento estável de água para hotéis em ilhas, pequenas comunidades e cenários de socorro emergencial em desastres", disse Wang, acrescentando que o portfólio também inclui "barras de água" para escritório e uso doméstico, que são plug-and-play para atender facilmente às necessidades diárias de água potável.

Essa inovação beneficiará significativamente a conservação ambiental, dizem especialistas, já que cerca de 600 bilhões de garrafas plásticas de água são produzidas globalmente a cada ano, sendo que apenas 9% dos plásticos são reciclados.

Além da competitividade na extração de água, a tecnologia proprietária de purificação da AtmosWell integra técnicas tradicionais de filtração e esterilização com tecnologia antibacteriana recém-desenvolvida de resfriamento rápido em baixa temperatura e tecnologia abrangente de preservação da circulação de água.

"Essas tecnologias oferecem um novo caminho para o abastecimento de água em regiões remotas, socorro em desastres emergenciais e construção de resiliência dos recursos hídricos urbanos, com profundas implicações para promover a inovação em indústrias de economia de energia e proteção ambiental", disse Zhao Yixin, diretor do departamento de alta tecnologia da Comissão de Ciência e Tecnologia do Município de Shanghai.