Beijing, 2 dez (Xinhua) -- A China é o mercado com melhor desempenho na transformação automotiva global, desempenho este impulsionado por avanços na eletrificação, infraestrutura de recarga e sistemas de assistência ao motorista equipados com inteligência artificial (IA), de acordo com um novo relatório da consultoria Roland Berger.
A 14ª edição do relatório Automotive Disruption Radar baseou-se em 26 métricas de desempenho do setor e respostas de mais de 22.000 consumidores em 22 países.
Ron Zheng, sócio sênior da Roland Berger e chefe da prática automotiva na Ásia, disse que a indústria automobilística estava passando por uma transformação abrangente, mas o ritmo variou entre países e regiões.
Segundo ele, a China liderou em várias dimensões -- participação no mercado de veículos elétricos, infraestrutura de recarga e tecnologias baseadas em IA -- e agora está "rapidamente se distanciando de outras regiões".
Dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM, em inglês) mostraram que o país vendeu 1,71 milhão de veículos de nova energia (NEVs, em inglês) em outubro, representando 51,6% das vendas totais de veículos no mês.
Quanto às vendas de NEVs, os veículos elétricos puros ficaram com a maior fatia, com 1,1 milhão de unidades, ou 33,1% do total das vendas de veículos em outubro, informou a CAAM.
Enquanto isso, as cabines dos carros inteligentes na China passaram a ser cada vez mais inteligentes, com grandes ganhos em interfaces multimodais, reconhecimento de intenções baseado em IA e processamento de comandos em tempo real, de acordo com uma nova pesquisa da J.D. Power e da Universidade Tongji.
A posição da China foi reforçada por pontuações líderes em capacidade tecnológica e desenvolvimento de infraestrutura, dando ao país um papel comandante na mobilidade elétrica e nos sistemas autônomos, enfatizou a pesquisa.
O relatório da Roland Berger apontou que a diferença entre as regiões se tornou cada vez mais acentuada, particularmente em áreas como software e velocidade de desenvolvimento de produtos.
As montadoras chinesas agora levam apenas 24 a 40 meses para lançar novos modelos no mercado, contra 48 a 60 meses na Europa. A velocidade foi impulsionada por um grande apetite dos consumidores domésticos por veículos elétricos, com 95% dos entrevistados chineses considerando um veículo elétrico para sua próxima compra.
Enquanto a penetração dos veículos elétricos na China aumentou de 22% para 25% no ano passado, o mercado europeu permaneceu estagnado em 12% e o entusiasmo dos consumidores na Alemanha, Japão e Estados Unidos diminuiu, disse o relatório.
Mesmo aqueles que já dirigiram veículos elétricos demonstraram um interesse moderado -- 35% dos entrevistados nos EUA afirmaram que comprariam um veículo elétrico outra vez, 45% na Alemanha e apenas 25% no Japão.
A indústria automobilística estava dividida em vários ecossistemas regionais, cada um moldado por suas próprias normas, políticas e padrões de consumo, de acordo com outro estudo da Roland Berger, acrescentando que o avanço tecnológico da China permitiu que o país superasse uma Europa estagnada.
Essa mudança também gerou novas interdependências. As empresas europeias agora dependem cada vez mais de parceiros chineses em sistemas de baterias e tecnologia autônoma, observou o estudo.
Por exemplo, a Volkswagen trabalhou com as montadoras chinesas XPeng e SAIC para lançar modelos elétricos que atendem às expectativas dos compradores locais de carros que entendem desta tecnologia, e outras montadoras globais, incluindo BMW e Toyota, já aproveitaram a expertise de empresas chinesas como Momenta e DeepSeek.
O estudo destacou a evolução de vários ecossistemas distintos: Estados Unidos, Europa, China, Japão e República da Coreia. Cada um desenvolveu-se de maneira diferente e será influenciado de maneiras diferentes pelo novo cenário.
Além de uma China dominante e uma Europa dependente, os EUA ficaram mais isolados devido a suas políticas protecionistas e as montadoras do Japão e da República da Coreia continuaram focadas em seus próprios mercados domésticos, ao explorar meios para melhorar sua vantagem competitiva na nova era de veículos elétricos inteligentes, indicou o estudo.

