
Captura de tela do site MumsPatik.lv mostra o livro "Neve no Rio: Antologia de Letras Chinesas Antigas em Letão", traduzido e anotado pela poetisa e sinóloga letã Ieva Lapina. (Xinhua)
Lapina combina a imagética da poesia clássica chinesa com a musicalidade dos versos letões, criando um diálogo poético entre culturas.
Riga, 10 nov (Xinhua) -- Para a poetisa e sinóloga letã Ieva Lapina, a poesia chinesa antiga é mais do que arte, é uma ponte que conecta duas culturas distantes através de emoções compartilhadas e beleza atemporal.
"A poesia antiga é um símbolo único da cultura chinesa", disse Lapina à Xinhua em entrevista recente. "Por meio da tradução, espero que os leitores letões sintam o ritmo, as imagens e o espírito da poética chinesa".
O aclamado livro de Lapina, "Neve no Rio: Antologia de Letras Chinesas Antigas", foi publicado em 2024 e rapidamente conquistou diversas premiações importantes, incluindo o Prêmio dos Dias da Poesia da Letônia, o Prêmio de Arte do Livro da Letônia "Maçã Dourada" e o Prêmio de Literatura da Letônia em 2025.
Lapina lembrou que sua paixão pela literatura chinesa surgiu durante seus estudos na Universidade de Munique. Alguns de seus professores eram sinólogos de renome internacional nas áreas de história e literatura, disse ela. "Eles abriram meus olhos para a vastidão da sinologia, um mundo onde a literatura é apenas uma faceta. Imediatamente ficou claro que eu queria estudar isso. Você nunca pode dizer que sabe tudo, essa é a beleza da coisa".

Foto tirada em 16 de outubro de 2025 mostra a poetisa e sinóloga letã Ieva Lapina trabalhando em Riga, Letônia. (Xinhua/Dienas)
Para Lapina, traduzir não se trata apenas de palavras, mas de transmitir significado e emoção entre idiomas. "Na tradução, tento transmitir a essência do texto original, seja um poema ou a reflexão de um estudioso", explicou ela. "Quando a tradução chega ao leitor, ganha uma nova vida. O leitor se depara com a China interpretada pelos olhos do tradutor".
Lapina espera que seu trabalho aumente o interesse dos leitores letões pela literatura e arte chinesas. "A poesia transcende o tempo", disse ela. "Pode ser lida há 100 anos e daqui a 100 anos, porque os temas da poesia clássica chinesa: a existência humana, a natureza e os relacionamentos, são atemporais".
A literatura letã, observou Lapina, é relativamente jovem, enquanto a poesia chinesa ostenta milênios de desenvolvimento e refinamento, com formas ricas e um vasto número de poetas notáveis. "Traduzir do chinês antigo para o letão moderno foi um grande desafio", admitiu ela.
O livro Neve no Rio apresenta obras de gigantes da literatura como Tao Yuanming, Xie Lingyun, Li Bai, Du Fu, Wang Wei, Su Shi e Xin Qiji, abrangendo quase um milênio, da dinastia Jin Oriental (século 4) à dinastia Song (século 13). Lapina reproduz cuidadosamente as imagens e o ritmo dos originais, mesclando-os com a musicalidade da poesia letã, criando um diálogo poético entre culturas.

Foto tirada em 4 de novembro de 2025 mostra vista de "poemas chineses" no pavilhão da China no Mercado Mundial de Viagens (WTM, na sigla em inglês) Londres 2025, em Londres, Reino Unido. O WTM Londres 2025 foi inaugurado na terça-feira, com o pavilhão da China chamando atenção por seus abundantes recursos turísticos e apelo cultural. (Xinhua/Li Ying)
A antologia também inclui anotações detalhadas explicando eventos históricos, biografias de poetas e palavras chinesas com múltiplos significados. "Sem essas explicações, muitas alusões na poesia chinesa poderiam se perder para os leitores europeus", observou Lapina. A atenção ao contexto e à profundidade tornou o livro um favorito entre os entusiastas da poesia letã.
Fluente em alemão e chinês, Lapina começou a estudar chinês na Universidade da Letônia na década de 1990, antes de obter seu mestrado em Sinologia, Literatura e Comunicação Intercultural na Universidade de Munique. De 2010 a 2011, lecionou alemão na Universidade Normal de Beijing-Universidade Batista de Hong Kong, em Zhuhai, na China. Nos últimos anos, tem se dedicado à tradução e à apresentação da literatura oriental ao público letão, especialmente a poesia clássica chinesa.
"A poesia é como um floco de neve que atravessa montanhas e rios e cai no coração de uma terra distante", disse Lapina em seu discurso de aceitação na cerimônia do Prêmio de Literatura Letã no início deste ano.

Captura de tela do site MumsPatik.lv mostra o livro "Neve no Rio: Antologia de Letras Chinesas Antigas em Letão", traduzido e anotado pela poetisa e sinóloga letã Ieva Lapina. (Xinhua)







