Emissões de gases de efeito estufa no Brasil caem para o menor nível em 16 anos-Xinhua

Emissões de gases de efeito estufa no Brasil caem para o menor nível em 16 anos

2025-11-04 12:44:01丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 3 nov (Xinhua) -- As emissões de gases de efeito estufa no Brasil caíram 16,7% em 2024 em comparação ao ano anterior, atingindo 2,145 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO₂e), o menor nível registrado desde 2009, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Observatório do Clima.

Os dados são da 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), que atribuiu a redução principalmente ao forte declínio do desmatamento na Amazônia e no Cerrado.

No entanto, o estudo alerta que o Brasil ainda está longe de cumprir seus compromissos climáticos, já que o aumento das emissões nos setores agrícola e energético pode impedir o país de atingir sua meta no âmbito do Acordo de Paris.

De acordo com o SEEG, as emissões líquidas -- que descontam a absorção de carbono por florestas e áreas protegidas -- caíram 22%, para 1,489 bilhão de toneladas de CO₂e. Ainda assim, esse número permanece acima do limite de 1,32 bilhão de toneladas estabelecido na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para o final de 2025. As projeções do sistema indicam que o país cerrará este ano com aproximadamente 1,44 bilhão de toneladas, 9% acima da meta.

"O desmatamento está diminuindo, mas todos os outros setores estão aumentando", explicou David Tsai, coordenador do SEEG. "Todos os esforços de mitigação estão focados no combate ao desmatamento, e isso precisa mudar", acrescentou.

De acordo com o relatório, a maior parte da redução veio do setor de mudança no uso da terra, onde as emissões brutas caíram 32,5%, de 1,34 bilhão para 906 milhões de toneladas de CO₂e. Em contrapartida, os outros setores permaneceram estáveis ou aumentaram: a agricultura diminuiu apenas 0,7%, enquanto a energia aumentou 0,8%, os processos industriais 2,8% e os resíduos 3,6%.

Com essas variações, a participação da mudança no uso da terra nas emissões totais caiu de 52% para 42%, enquanto a agricultura subiu de 24% para 29% e a energia de 16% para 20%.

A SEEG estima que os incêndios não associados ao desmatamento liberaram 241 milhões de toneladas de CO₂ em 2024, praticamente o mesmo volume das emissões líquidas provenientes da mudança no uso da terra. Se contabilizado oficialmente, o impacto do fogo dobraria o efeito do desmatamento sobre o clima.

Mesmo com a redução do desmatamento tradicional, o fogo se tornou o principal instrumento de destruição na Amazônia. As queimadas planejadas e de baixa intensidade, difíceis de detectar por satélites, tornaram-se mais frequentes após as secas extremas de 2023 e 2024, intensificadas pelo fenômeno El Niño.

O setor agrícola continua sendo o principal responsável pelas emissões brasileiras, respondendo por 51% do total (1,1 bilhão de toneladas de CO₂e). A pecuária gera metano, um gás com potencial de aquecimento global 28 vezes maior que o dióxido de carbono. Embora o número de animais tenha diminuído 0,2%, o confinamento do gado aumentou 11%, o que ajudou a conter um aumento maior nas emissões.

No setor energético, as emissões cresceram 0,8%, atingindo 424 milhões de toneladas, impulsionadas pelo aumento do consumo de eletricidade e pela menor geração hidrelétrica. O consumo recorde de etanol, de 36 bilhões de litros, contribuiu para a redução das emissões do transporte de passageiros em 3%. Mesmo com esse aumento, a matriz energética brasileira permanece 50% renovável, com contribuições significativas de fontes eólicas, solares e de biomassa.

O setor de resíduos apresentou o maior aumento, de 3,6%, devido à expansão da coleta de lixo e ao crescimento populacional. O relatório também chama a atenção para as chamadas "emissões ocultas" das exportações de petróleo do Brasil: em 2024, o país exportou 85 milhões de toneladas de petróleo bruto, um novo recorde.

O documento alerta que o controle do desmatamento atingiu seu limite e que outros setores precisarão reduzir rapidamente suas emissões se o Brasil quiser atingir suas metas e chegar à COP30, que será realizada este mês na cidade amazônica de Belém, com resultados concretos.

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