Por Zhang Zhuowen, correspondente da Xinhua
Changsha, 15 jun (Xinhua) -- O intenso aroma de café que paira no pavilhão de Angola é um convite irrecusável para os visitantes da Exposição Econômica e Comercial China-África (CAETE, em inglês) realizada em Changsha, capital da Província de Hunan, no centro da China.
Iara Friséns, representante do governo angolano, movimenta-se com leveza no estande, usando uma pequena pá para retirar grãos de um saco e embalá-los em porções para degustação. Quando questionada sobre como adquirir o produto, explicou com sorriso: "São apenas amostras gratuitas, ainda não estão à venda".
No entanto, esses pequenos pacotes carregam a expectativa de Angola de expandir o mercado chinês. Friséns acrescentou que o primeiro passo é participar em feiras e que, após cumprir os padrões de certificação, os grãos podem ser exportados.
"Queremos usar este espaço para levar nossos produtos, especialmente o café, aos lares chineses e, com isso, fomentar o desenvolvimento rural e a geração de empregos em Angola", disse Emmanuel Miguel, vice-presidente da Câmara de Comércio Angola-China, destacando que, num mercado de mais de 1,4 bilhão de pessoas, o potencial é ainda maior.
Segundo os dados, desde que a CAETE foi estabelecida em Hunan, em 2019, as três edições anteriores já atraíram 53 países africanos, mais de dez organizações internacionais e mais de quatro mil empresas da China e da África, resultando na assinatura de 336 acordos, totalizando US$ 53,32 bilhões em negócios, com uma taxa de concretização de 83%.
"É uma feira comercial em que cada país traz amostras daquilo que produz, das suas potencialidades, para aumentar o comércio entre a África e a China", afirmou Carlos Pinto Pereira, ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, sublinhando o papel da plataforma ao conectar os produtos africanos com o mercado chinês.
Poucos metros adiante, no pavilhão de Moçambique, Jacinto Lapido Loureiro, presidente da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), transita frequentemente pelos estandes. Entre uma conversa e outra com potenciais parceiros, seu olhar busca oportunidades ligadas ao potencial marítimo, à agricultura sustentável e ao desenvolvimento regional. "Sempre temos esperança quando viemos para aqui", afirmou.
Esta expectativa já ganha forma em projetos concretos no terreno, como mostram os sacos de sementes de arroz e trigo expostos no estande da Wanbao Africa Agriculture Development. Desenvolvidas e aprovadas localmente, essas sementes anunciam colheitas generosas.
Graças às condições férteis do solo negro e ao clima favorável de Moçambique, o rendimento pode alcançar de 6 a 8 toneladas por hectare, segundo Liu Guangchao, representante da empresa.
Além de fornecer sementes, a Wanbao também presta assistência técnica direta aos pequenos produtores, adotando um modelo integrado que conecta empresa, agricultores e serviços especializados. Esse trabalho conjunto impulsiona a produtividade, gera empregos e contribui para o aprimoramento das técnicas agrícolas locais.
A atuação da empresa já se estendeu à compra e processamento de caju, produção de arroz e até aguardente, consolidando assim uma cadeia completa que integra cultivo, processamento e comercialização.
Esse dinamismo empresarial está alinhado com as diretrizes estratégicas do país. O Programa Quinquenal do Governo (PQG) 2025-2029 de Moçambique estabelece como um de seus pilares o aumento da produtividade, a diversificação da economia e o fortalecimento da competitividade, com foco na industrialização e no desenvolvimento do setor agrícola.
Para dar suporte a essa estratégia, o governo vem implementando medidas para melhorar o ambiente de negócios e facilitar a entrada de novos investimentos estrangeiros.
Foi nesse espírito que António Grispos, secretário de Estado do Comércio, destacou durante um evento de negócios da CAETE dedicado à indústria têxtil e ao vestuário as vantagens do algodão moçambicano, com fibras longas e qualidade reconhecida internacionalmente, e convidou investidores chineses a aproveitarem o ambiente favorável e as oportunidades de industrialização no país.
Mais do que cifras expressivas, o fortalecimento da parceria sino-africana reflete um compromisso conjunto com um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Segundo o chanceler da Guiné-Bissau, a China tem contribuído também na formação de talentos, no intercâmbio de novas tecnologias e na capacitação de jovens e mulheres, o que considera fundamental.
Citando um provérbio chinês "em vez de oferecer-lhe peixe, ensina-lhe a pescar", Pereira observou que as iniciativas chinesas refletem justamente essa filosofia que torna a parceria cada vez mais sólida e frutífera.

