Changsha, 26 mai (Xinhua) -- No mercado de Gaoqiao, em Changsha, na Província de Hunan, no centro da China, uma cafeteria com uma zebra como logotipo chama a atenção. As listras contam uma história que atravessa continentes.
Em 2018, Jing Jianhua, fundador da marca de café Own Master (Xiao Ka Zhu), visitou Uganda pela primeira vez como parte de uma delegação liderada pelo governo de Hunan.
Ao sair do aeroporto, Jing foi imediatamente cativado pelo contraste vívido entre o céu azul e as nuvens brancas pairando sobre a paisagem africana. Mas não foi a vista que lhe deixou a impressão mais duradoura.
"Era um garotinho com uma camisa listrada de zebra, observando com curiosidade por trás de uma cabana de palha", lembrou Jing.
Naquele momento, ele percebeu que, nada o havia preparado para aquela realidade. Estava numa terra considerada um dos berços do café, no entanto, quem cultivava os grãos vivia com tão pouco, distante da prosperidade que suas colheitas geravam em outras partes do mundo.
A imagem permaneceu com ele. Tornou-se um símbolo, e mais tarde, uma marca. A partir daquele instante, Jing estabeleceu um objetivo claro: levar o café africano de alta qualidade aos consumidores chineses e, ao mesmo tempo, ajudar os agricultores africanos a melhorar suas vidas através do acesso ao mercado chinês.
Em Hunan, o ímpeto das atividades comerciais entre a China e a África ganhava força. Plataformas como a Exposição Econômica e Comercial China-África (CAETE) e a zona local de livre comércio deram asas à sua visão. Hoje, a Own Master já abriu quase 100 cafeterias e é reconhecida por seus sabores marcantes e preços acessíveis.
"Graças à política de tarifa zero da China, o custo de importação dos grãos caiu, e estamos comprometidos em tornar o café parte acessível da vida cotidiana", afirmou Jing.
Mas, para ele, isso é apenas o começo. A marca hoje se encontra na interseção entre tradição e tecnologia. Jing explicou que, em mercados onde o café quente frequentemente esfria durante a entrega, começaram a buscar soluções que levassem a máquina de café diretamente ao cliente.
Em 2022, a marca embarcou no mundo do café automatizado por inteligência artificial -- um campo ainda emergente na China. Ao longo de três anos, com apoio de especialistas da Universidade de Hunan, da Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa e da indústria, Jing e sua equipe persistiram. O resultado foi o desenvolvimento de uma máquina de café com IA que reduz o tempo de preparo para menos de um minuto, mantendo um padrão elevado de qualidade em cada xícara.
Com novas ferramentas de IA aprimorando sua linha de produtos, a Own Master oferece hoje mais do que uma bebida: entrega uma interpretação moderna da conexão duradoura entre a China e a África.
A visão de Jing ultrapassa fronteiras. Por meio de plataformas como a CAETE, ele enxerga um futuro em que o café africano e a inovação chinesa caminham lado a lado. Com o mercado de café da China em rápida expansão e o avanço das tecnologias de IA, a Own Master está criando mais do que bebidas -- está construindo uma comunidade global, conectada por cada xícara.
"Olhando para o futuro, esperamos que a China não apenas se torne um motor essencial no crescimento do mercado global de café, mas também lidere o desenvolvimento do setor", afirmou Jing. Ele acrescentou que seu objetivo é fortalecer os laços com produtores africanos por meio da troca tecnológica e do compartilhamento de conhecimentos, elevando a qualidade do café.
Sua meta é simples: garantir que cada xícara transmita o sabor único do café africano. Jing também está determinado em ampliar o reconhecimento da marca. Combinando estratégias online e offline, pretende aprofundar o conhecimento e a apreciação dos consumidores pelo café africano, apresentando seu charme rico e aromático a um público cada vez maior.
"Se possível, também espero criar uma escola de café na África, onde agricultores possam aprender sobre o cultivo, dominar a arte da torra e da preparação, e até saborear os frutos do próprio trabalho", acrescentou.
De uma camisa listrada de zebra a xícaras fumegantes espalhadas por toda a China, Jing transformou sua empresa em uma ponte sincera entre a China e a África. Em uma era de crescentes desafios à globalização, talvez seja justamente uma xícara de café que o mundo mais precisa.

