Nanjing, 23 mai (Xinhua) -- Na madrugada do último sábado, o centro de supervisão de encomendas internacionais do Aeroporto Internacional de Sunan Shuofang em Wuxi, na Província de Jiangsu, leste da China, estava em plena atividade. Um lote de pacotes de comércio eletrônico transfronteiriço, contendo roupas e pequenos artigos de decoração, passou rapidamente pela alfândega e embarcou em um avião de carga com destino ao México.
Este foi o 164º voo transpacífico desde a inauguração da rota em abril do ano passado, transportando aproximadamente 2 bilhões de yuans (US$ 277,68 milhões) em produtos "made in China" para a América Latina.
A demanda por produtos chineses nos países latino-americanos tem aumentado nos últimos anos, com o comércio eletrônico transfronteiriço emergindo como um novo motor para o comércio exterior. "Operando três voos semanais, as mercadorias chegam à América Latina em menos de dois dias. Esta rota de carga construiu uma 'ponte aérea' conectando Jiangsu à América Latina", explicou Wang Weihua, funcionário da alfândega de Wuxi.
As estatísticas mostram que as economias da China e da América Latina são altamente complementares. A China continua sendo o segundo maior parceiro comercial da América Latina e o principal parceiro comercial de países como Chile, Brasil e Peru.
Há uma década, a China propôs a meta de alcançar um volume de comércio bilateral de US$ 500 bilhões com a América Latina. Dez anos depois, esse número tornou-se realidade, com o comércio entre China e América Latina atingindo um recorde histórico de US$ 518,47 bilhões em 2024, um aumento anual de 6,0%.
À medida que o comércio se expande, a colaboração industrial entre a China e a América Latina também entra em um período de crescimento. Em 2024, o investimento direto da China na América Latina alcançou US$ 14,71 bilhões, enquanto empresas latino-americanas estabeleceram cerca de 37 mil empreendimentos na China até março deste ano. China e América Latina têm atribuído importância crescente à cooperação em manufatura de ponta e economia verde.
Na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais, no Brasil, fileiras de veículos amarelos de maquinário pesado no Parque Industrial XCMG Brasil se destacam contra o cenário da floresta tropical. Como a primeira zona de cooperação econômica e comercial da China no exterior especializada em maquinário de construção, o parque é capaz de produzir mais de 10 mil unidades de equipamentos anualmente e serve como principal fornecedor para a gigante global de mineração Vale.
"Nos últimos anos, investimos fortemente em pesquisa e desenvolvimento de novas energias e equipamentos inteligentes para atender à demanda local por transformação verde na mineração", disse Gu Chong, diretor de cultura do Parque Industrial da XCMG Brasil.
Como uma empresa líder no setor de maquinário de construção na China, o Grupo XCMG estabeleceu sua base de produção totalmente própria no Brasil em Pouso Alegre em 2014, expandindo-a posteriormente para um parque industrial em 2019.
"Ao fortalecer a localização, a XCMG Brasil está acelerando a transformação verde e a inovação digital para construir cadeias de suprimentos de alto valor agregado adaptadas às necessidades locais", disse Gu, observando que a XCMG está forjando um ecossistema industrial integrado que abrange pesquisa e desenvolvimento, manufatura, serviço e finanças, com o objetivo de aprofundar a cooperação com toda a América Latina, tendo o Brasil como centro.
Enquanto as empresas chinesas se globalizam, as empresas latino-americanas também estão aprofundando suas raízes na China. Na oficina de produção da WEG (Jiangsu) Electric Equipment Co., Ltd., braços robóticos em linhas de montagem automatizadas realizam com precisão a montagem dos equipamentos de motores.
Os produtos, que combinam manufatura inteligente chinesa com tecnologia brasileira, são logo transportados para a Europa e Oceania. "Investimos mais de 2 milhões de yuans nesta linha robótica, aumentando a produtividade por trabalhador em cerca de 40%", disse Zhang Pengfei, engenheiro da WEG Jiangsu.
Como uma subsidiária-chave do Grupo WEG do Brasil baseada na China, a WEG Jiangsu expandiu-se rapidamente desde sua criação em 2014. "A capacidade de produção de nossa fábrica dobra a cada cinco anos, tornando a China um núcleo da cadeia de suprimentos global da WEG", disse Zong Xin, gerente-geral da WEG Jiangsu, acrescentando que o desenvolvimento da WEG na China superou amplamente as expectativas, com seis fábricas e cerca de 3 mil empregados no país.
Zong destacou que, em meio à volatilidade econômica global, o ambiente de mercado estável da China e a atmosfera de concorrência saudável podem ajudar as empresas latino-americanas a mitigar riscos e fortalecer a inovação.
"A China oferece políticas consistentes, força de trabalho qualificada, cadeias industriais robustas e infraestrutura bem desenvolvida", disse ele, observando que a WEG planeja investir mais um bilhão de yuans em novas fábricas e oficinas para atender à crescente demanda chinesa. "A China continuará sendo uma base fundamental para a expansão da produção, inovação e competitividade global da WEG", afirmou Zong.

