Participantes conversam durante 6ª edição da Cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE) em Tirana, Albânia, no dia 16 de maio de 2025. (Xinhua/Zhao Dingzhe)
Sem nenhum país fora da UE se voluntariando para sediar a cúpula de 2026, as dúvidas sobre a viabilidade a longo prazo a CPE continuam aumentando. Como alertou a Comunidade Política Europeia, "sem reformas, a CPE corre o risco de ficar irrelevante".
Por Yin Xiaosheng, Kang Yi e Lin Hao
Tirana, 19 mai (Xinhua) -- Em meio a crescentes pressões políticas e econômicas, a 6ª edição da cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE) foi concluída em Tirana na sexta-feira, com poucos resultados concretos.
Com o tema "Nova Europa em um novo mundo: unidade, cooperação e ação conjunta", a cúpula marcou o primeiro encontro da CPE nos Balcãs Ocidentais. No entanto, apesar dos crescentes apelos por solidariedade, fortes divisões e crescentes receios foram difíceis de resolver.
Cerca de 50 líderes nacionais e regionais, além de chefes da União Europeia (UE) e de instituições internacionais, se reuniram na capital albanesa, enfrentando várias questões não resolvidas, que vão desde a fadiga da expansão e os obstáculos da economia até dilemas migratórios e preocupações urgentes com a segurança.
ANSIEDADE ESTRATÉGICA
Lançada pelo presidente francês Emmanuel Macron em maio de 2022, a CPE tem como objetivo ser uma plataforma para a coordenação de políticas e o diálogo político entre os países europeus.
Após três anos, no entanto, essa visão parece cada vez mais tensa.
Conforme as divisões transatlânticas aumentam, principalmente em relação ao conflito na Ucrânia, as nações europeias estão cada vez mais às voltas com as implicações de um menor comprometimento americano.
Agathe Demarais, pesquisadora sênior de política do Conselho Europeu de Relações Exteriores, afirmou que a Europa não é uma prioridade para os Estados Unidos. "Não acredito nisso em nenhuma área, seja comércio, defesa ou qualquer outra", disse ela.
Faruk Boric, analista político da Bósnia e Herzegovina, afirmou que, por muitos anos, a UE seguiu os Estados Unidos em termos de política externa. "Mas hoje em dia é possível ver que (o presidente dos EUA, Donald) Trump está tentando tornar a América grande novamente sem a UE", disse ele.
As preocupações econômicas da Europa também estão crescendo, já que uma nova onda de tarifas americanas representa um sério desafio para sustentar o crescimento e aumentar a competitividade. As negociações entre a UE e os Estados Unidos sobre questões relacionadas ainda não geraram avanços.
A UE enfrenta atualmente uma tarifa de importação de 25% dos EUA sobre aço, alumínio e automóveis, juntamente com um imposto básico de 10% sobre quase todos os outros produtos. Em abril, Washington anunciou uma "tarifa recíproca" de 20% sobre produtos da UE, que foi posteriormente adiada por 90 dias.
A migração continua sendo outra questão intratável. A UE enfrenta fluxos migratórios ilegais e falta de mão de obra, criando tensões políticas e logísticas. Discussões recentes se ampliaram para incluir vias legais de migração, cooperação com países de origem e trânsito e gestão da chamada migração "armada".
As divisões persistem entre os países participantes da CPE em questões relacionadas à migração. Não há consenso sobre a proposta de centros de deportação offshore ou sobre a necessidade de maior facilitação para a admissão de mais jovens migrantes.
MAIS SIMBÓLICO DO QUE SUBSTANTIVO
Agora em sua sexta edição, a CPE ainda precisa de um secretariado permanente, declarações formais ou compromissos vinculativos. Embora ofereça uma plataforma flexível para o diálogo, os críticos argumentam que uma estrutura flexível limita seu impacto político.
"A CPE virou pouco mais do que uma oportunidade para fotos sobre união", disse He Zhigao, pesquisador associado do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais. "Não pode substituir a UE nem a OTAN. Não oferece bens públicos reais, como garantias de segurança ou ajuda econômica, e não tem o poder de promover uma ampliação significativa da UE".
O primeiro-ministro albanês, Edi Rama, que copresidiu a reunião, pediu uma visão mais ampla para a CPE além da defesa. "Por que não imaginar uma CPE de educação, ciência e inteligência artificial e linhas transnacionais além do armamento? Um terreno de fontes interconectadas de conhecimento, pesquisa e inovação, onde territórios não pertencentes à UE ou ainda não pertencentes à UE podem se tornar novas fronteiras para investimentos, livres de burocracia, regulamentações e encargos fiscais...", disse ele.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni (frente), participa da 6ª edição da Cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE) em Tirana, Albânia, no dia 16 de maio de 2025. (Xinhua/Zhao Dingzhe)
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, enfatizou na cúpula a responsabilidade da Europa em buscar a união apesar da diversidade, observando que os países dos Balcãs Ocidentais "devem ter uma perspectiva clara de integração".
No entanto, nenhuma medida concreta para a adesão foi tomada durante a cúpula, deixando mais uma vez os países candidatos em espera.
Com nenhum país fora da UE se oferecendo para sediar a cúpula de 2026, dúvidas sobre a viabilidade a longo prazo da CPE continuam aumentando. Como alertou a Comunidade Política Europeia, "sem reformas, a CPE corre o risco de ficar irrelevante".