Beijing, 17 mai (Xinhua) - "Minha mãe, mesmo tendo 52 anos, nunca viajou para o exterior, e provavelmente a China será seu primeiro destino internacional", afirmou o pesquisador brasileiro Filipe Porto ao saber das novas políticas de isenção de visto anunciadas pela China, que incluem cinco países latino-americanos, entre eles o Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou na quinta-feira que, a partir de 1º de junho de 2025 e até 31 de maio de 2026, cidadãos do Brasil, Argentina, Chile, Peru e Uruguai terão isenção de visto em caráter experimental.
"Sempre fui a pessoa que fala sobre a China e publica tudo nas redes sociais. Meus amigos sempre dizem que só viriam à China se fosse comigo, mas têm preguiça de tirar o visto, já que o passaporte brasileiro é muito poderoso e permite viajar a muitos países sem visto. Agora, com essa isenção, com certeza vão comprar rapidamente uma passagem para me visitar", explicou Porto, animado. Ele vive há um ano e meio na China para estudar relações internacionais, com foco na pesquisa sobre a relação China-Brasil, tema ao qual se dedica há mais de uma década.
De fato, a viagem à China a partir do outro lado do Pacífico ficou cada vez mais acessível, graças ao vigoroso desenvolvimento da conectividade aérea entre o país asiático e a América Latina.
Em 2024, foi inaugurado o novo voo direto entre a Cidade do México, capital mexicana, e Shenzhen, no sul da China. A rota de mais de 14.000 quilômetros sem escalas é a mais longa de passageiros partindo da China. Além disso, foram retomadas rotas como Beijing-Madri-São Paulo, Beijing-Madri-Havana e Beijing-Tijuana-Cidade do México, criando uma "nova ponte" para intercâmbios entre a China e a América Latina e o Caribe.
Sobre o futuro das relações com a China, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva destacou, durante visita recente ao país, que ambos devem expandir intercâmbios culturais e entre jovens, fortalecendo a amizade bilateral.
Para Porto, facilitar a entrada de pessoas é parte desse esforço. A isenção de visto para brasileiros é um gesto concreto que promove circulação de ideias, cultura e cooperação em diversas áreas. "Ao reduzir barreiras, a China mostra vontade de aprofundar laços com o Brasil e a América Latina de forma ampla e duradoura", afirmou.
A promoção da amizade entre os povos é uma prioridade do Plano de Ação Conjunto para Cooperação em Áreas-Chave entre China e Países-Membros da CELAC (2025-2027), adotado em 13 de maio em Beijing. O documento também incentiva intercâmbios não oficiais e cooperação turística entre China e países latino-americanos.
Dados da Administração Nacional de Imigração da China mostram que o país registrou 64,88 milhões de visitas de estrangeiros em 2024, alta anual de 82,9%, sendo 20,12 milhões via isenção de visto, um aumento de 112,3%.
A febre de viajar para a China, impulsionada por políticas cada vez mais flexíveis de isenção de visto, tem levado turistas internacionais a acorrerem em massa ao país para vivenciar sua mistura de tradições milenares e tecnologia de ponta. "Um ambiente de pagamento aprimorado, sinalização bilíngue e outras estratégias de suporte tornaram mais fácil para os turistas estrangeiros viajarem pela China hoje", comenta Xu Hong, diretora da Faculdade de Turismo e Gestão de Serviços da Universidade Nankai.
"Além disso, todos estão curiosos para conhecer as conveniências tecnológicas da China, como pagamentos digitais, robôs e a forma como a tecnologia está integrada ao cotidiano. Quero mostrar a eles minha vida diária em Beijing, como é fácil, confortável e barato viajar de trem pelo país, e como a infraestrutura moderna simplifica tudo - desde pedir comida até se locomover pela cidade", afirma Porto.
"É realmente um país surpreendente que vale a pena se experienciar de perto", conclui.

