Rio de Janeiro, 11 mai (Xinhua) -- O Fórum CELAC-China representa uma plataforma essencial para fortalecer a complementaridade entre a China e a região da América Latina e do Caribe, especialmente em áreas críticas como transição energética e infraestrutura, disse à Xinhua Pedro Silva Barros, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) do Brasil.
Em entrevista, Silva Barros afirmou que "o Fórum CELAC-China é um espaço privilegiado para a cooperação Sul-Sul. A América Latina e o Caribe enfrentam grandes desafios no setor energético, e a China, como principal economia do mundo e principal parceira comercial da região, pode ser uma aliada fundamental para apoiar uma transição energética que também seja justa".
Segundo ele, a América Latina e o Caribe estão em um momento chave para diversificar sua matriz energética. Nesse contexto, o técnico do IPEA destacou a experiência bem-sucedida do Brasil com uma matriz energética limpa baseada na geração hidrelétrica e nos biocombustíveis. Segundo Silva Barros, compartilhar experiências com a China, que também tem avançado na integração energética interna, pode ser crucial para acelerar a transição na região.
Na opinião de Silva Barros, "trocar essas experiências e fortalecer instrumentos tanto de financiamento como de transição energética" são dois dos principais assuntos do Fórum CELAC-China, que se realizará em Beijing, no marco dos 10 anos deste importante instrumento de cooperação Sul-Sul.
O especialista enfatizou que, além de projetos isolados de energia solar, eólica ou de veículos elétricos, o grande potencial do Fórum CELAC-China está em sua capacidade de fomentar um mercado regional de energia. Este mercado "estimulará, facilitará a transição energética, ao mesmo tempo que gera mais segurança e soberania energética aos países da América Latina e do Caribe em um mundo cada vez mais instável", afirmou.
Silva Barros também destacou a importância da cooperação em infraestrutura, fundamental para aumentar o valor agregado da produção regional. "Infraestrutura é energia, transporte e comunicação. Projetos como o porto de Chancay, no Peru, são um exemplo do papel que a China pode desempenhar nesse processo de desenvolvimento compartilhado", observou.
O especialista ressaltou ainda que há oportunidades concretas para expandir a transmissão regional de energia, como na Bacia Amazônica, onde a interconexão entre países como Brasil, Guiana e Suriname pode gerar benefícios conjuntos. Empresas chinesas já estão envolvidas em vários projetos de geração e transmissão de energia, e seu envolvimento pode ser crucial em uma futura rede regional interconectada.
Por fim, Silva Barros saudou a realização do Fórum CELAC-China, afirmando que ele representa uma grande oportunidade para avançar em alianças estratégicas com uma visão de desenvolvimento sustentável, de alta qualidade e benefícios mútuos.
"Acolhemos com satisfação o Fórum CELAC-China e a cooperação Sul-Sul. É isso que pode garantir a estabilidade e a paz global neste período difícil que vivemos", concluiu.

