Destaque: Chamado de Bandung ecoa após 70 anos-Xinhua

Destaque: Chamado de Bandung ecoa após 70 anos

2025-04-25 11:22:59丨portuguese.xinhuanet.com

Foto tirada no dia 23 de abril de 2025 mostra vista interna do Museu da Conferência Sino-Africana em Bandung, Indonésia. Em abril de 1955, uma conferência histórica na cidade indonésia de Bandung reuniu 29 nações asiáticas e africanas sob a bandeira da solidariedade, amizade e cooperação, marcando o despertar do lado do mundo posteriormente conhecido como Sul Global. Setenta anos depois, o Espírito de Bandung continua vivo e avançando. Atualmente, representando mais de 40% da economia mundial e 80% do crescimento global, o Sul Global virou uma força motriz essencial para a paz, o desenvolvimento e a governança mundiais. (Xinhua/Xu Qin)

Jacarta, 23 abr (Xinhua) -- Em abril de 1955, uma conferência histórica na cidade de Bandung, na Indonésia, reuniu 29 nações asiáticas e africanas sob a bandeira da solidariedade, amizade e cooperação, marcando o despertar do lado do mundo posteriormente conhecido como Sul Global.

Setenta anos depois, o Espírito de Bandung continua vivo e avançando. Atualmente, representando mais de 40% da economia mundial e 80% do crescimento global, o Sul Global virou uma força motriz essencial para a paz, o desenvolvimento e a governança mundiais.

Em um dilema crítico onde a política de poder e o unilateralismo minam as normas internacionais e geram divisão e confronto, revisitar o Espírito de Bandung oferece inspiração para a união, a cooperação e o progresso globais.

 

QUEBRANDO CORRENTES

Após a Segunda Guerra Mundial, as potências coloniais europeias testemunharam o declínio de sua influência global conforme dezenas de nações asiáticas e africanas conquistavam a independência. Recusando-se a se envolver na rivalidade da Guerra Fria, esses países recém-independentes buscaram uma terceira opção: o não alinhamento e a cooperação.

Em 1954, a Indonésia propôs sediar uma Conferência Sino-Africana para promover a solidariedade entre as nações recém-independentes e em desenvolvimento. Rejeitando a feroz oposição das potências imperialistas, a cúpula foi realizada em Bandung, em abril de 1955.

"Esta é a primeira conferência intercontinental de pessoas de cor na história da humanidade", declarou o primeiro presidente da Indonésia, Sukarno, em seu discurso de abertura da Conferência Sino-Africana.

"Espero que ela demonstre que a Ásia e a África renasceram, ou melhor, que uma Nova Ásia e uma Nova África nasceram!", disse ele.

Em seu discurso apaixonado, Sukarno condenou o colonialismo e o imperialismo. A maioria dos delegados concordou com sua posição. No entanto, as divisões ideológicas e a interferência ocidental desencadearam alguma retórica anticomunista.

Nessas circunstâncias, o então primeiro-ministro chinês Zhou Enlai optou por não proferir um discurso preparado, propondo, em vez disso, um discurso improvisado com foco na construção de um denominador comum.

"A Delegação Chinesa veio aqui para buscar a união e não para brigar, para buscar um denominador comum e não para criar divergências", disse ele, apelando ao respeito mútuo e à compreensão entre todas as nações, apesar das diferenças políticas.

Seu tom calmo e comedido recebeu muitos elogios. O então primeiro-ministro indiano, Jawaharlal Nehru, achou o discurso muito bom. O delegado filipino, Carlos P. Romulo, o descreveu como excepcional e conciliador.

Ao longo da conferência, Zhou desempenhou um papel fundamental na redução das tensões e na condução das discussões. Como observou o correspondente americano Jack Belden, Zhou mudou a direção da conferência.

A cúpula foi concluída com um comunicado conjunto que adotou dez princípios fundamentais de solidariedade, amizade e cooperação, com base nos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica da China. Os Cinco Princípios, mais tarde, viraram a base das normas e leis internacionais.

 

UNIDOS NO DESPERTAR

A Conferência de Bandung foi um ponto de virada no mundo pós-Segunda Guerra Mundial. Foi o primeiro grande encontro internacional de países asiáticos e africanos a discutir seus interesses sem potências coloniais, com sua mensagem anticolonial e anti-imperialista fortalecendo os países que ainda lutavam pela independência.

"A voz coletiva de líderes asiáticos e africanos pedindo por autodeterminação inspirou muitos africanos a revigorar sua luta contra o domínio colonial, reafirmando a crença de que a independência poderia ser alcançada", disse Balew Demissie, consultor de comunicação e publicação do Instituto de Estudos Políticos da Etiópia.

Um ano depois, Sudão, Marrocos e Tunísia declararam independência. Gana seguiu em 1957, com o então líder Kwame Nkrumah declarando que a liberdade da nação "não tem sentido a menos que esteja ligada à libertação total do continente africano".

A onda de independência rapidamente se espalhou pela África. A Guiné se separou da França em 1958. Em 1960, 17 países conquistaram a independência. O impulso perdurou até a independência da Namíbia em 1990, marcando o fim do domínio colonial no continente.

Além da libertação, Bandung lançou as bases para a união. Em 1963, 32 nações africanas se reuniram em Adis Abeba e estabeleceram a Organização da Unidade Africana, precursora da atual União Africana. A influência de Bandung se espalhou globalmente. Inspirou o Movimento dos Países Não Alinhados, lançado em Belgrado em 1961, e o Grupo dos 77, fundado em 1964 para defender uma ordem econômica global mais justa. Essas plataformas amplificaram a voz do Sul Global nos assuntos internacionais.

"O Espírito de Bandung consiste em escolher nosso próprio caminho", disse Cavince Adhere, estudioso de relações internacionais baseado em Nairóbi. "Espero que esse espírito guie plataformas como o Fórum de Cooperação China-África, fóruns como o BRICS, onde a África está sendo cada vez mais aceita", disse Adhere.

Da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a Liga Árabe e a União Africana à Comunidade da África Oriental, à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), ao Mercado Comum do Sul (Mercosul), ao BRICS e à Organização de Cooperação de Shanghai, os países em desenvolvimento estão promovendo a integração regional e a cooperação econômica.

 

ESPÍRITO DE BANDUNG EM UMA NOVA ERA

Em um mundo que ainda enfrenta hegemonismo, unilateralismo e desigualdade, o Espírito de Bandung continua muito relevante.

Fernando Romero Wimer, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana do Brasil, afirmou que as nações em desenvolvimento de hoje continuam defendendo a independência e a solidariedade, ecoando os valores anticoloniais originais de Bandung.

O ex-ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Khurshid Kasuri, afirmou que os países do Sul Global precisam do Espírito de Bandung mais do que nunca. Ele destacou a Iniciativa Cinturão e Rota proposta pela China, seu foco no diálogo e a visão de uma comunidade com futuro compartilhado como expressões modernas desse espírito.

A China desempenhou um papel fundamental em 1955 e continua sendo uma forte defensora.

O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou na Cúpula Ásia-África 2015 que "devemos levar adiante o Espírito de Bandung, enriquecendo-o com novos elementos consistentes com os tempos em mudança, impulsionando um novo tipo de relações internacionais com cooperação benéfica para todos, promovendo uma ordem e um sistema internacionais mais justos e equitativos e construindo uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade, trazendo benefícios ainda maiores para os povos da Ásia, da África e de outras partes do mundo".

Na prática, a China prestou assistência a mais de 160 países e firmou parcerias com mais de 150 por meio da Iniciativa Cinturão e Rota. Também apoia a cooperação Sul-Sul por meio de plataformas como o mecanismo de cooperação China-ASEAN, o Fórum de Cooperação China-África, o Fórum China-CELAC e o Fórum de Cooperação China-Estados Árabes.

A China criou um Fundo Global para o Desenvolvimento e a Cooperação Sul-Sul, com um financiamento total de 4 bilhões de dólares americanos, e realizou mais de 130 projetos em quase 60 países, visando a redução da pobreza, a saúde, o clima e a segurança alimentar. Também promove a Iniciativa de Desenvolvimento Global em esforços conjuntos com mais de 100 países e organizações.

A China está disposta a investir em países que outros ignoram, não apenas em infraestrutura, mas também no bem-estar das pessoas, afirmou a jornalista indonésia Yuni Arisandy.

Um projeto de destaque é a Ferrovia de Alta Velocidade Jacarta-Bandung, que reduziu o tempo de viagem de mais de três horas para apenas 46 minutos. Durante a construção, a China ajudou a treinar 45.000 indonésios, oferecendo treinamentos técnicos que vão além do sistema ferroviário.

"Se eu pudesse escrever uma mensagem aos pioneiros de 70 anos atrás, diria que as sementes de amizade e cooperação que vocês plantaram naquela época cresceram fortes e abrangentes", disse a estudante indonésia Erene.

"Nossa geração passará a tocha adiante, herdará o Espírito de Bandung e trabalhará em conjunto para criar um futuro mais brilhante", disse Erene.

Veículo "Bandung Tour on Bus" é fotografado na Rua Ásia-África em Bandung, Indonésia, no dia 23 de abril de 2025. Em abril de 1955, uma conferência histórica na cidade indonésia de Bandung reuniu 29 nações asiáticas e africanas sob a bandeira da solidariedade, amizade e cooperação, marcando o despertar do lado do mundo posteriormente conhecido como Sul Global. Setenta anos depois, o Espírito de Bandung continua vivo e avançando. Atualmente, representando mais de 40% da economia mundial e 80% do crescimento global, o Sul Global virou uma força motriz essencial para a paz, o desenvolvimento e a governança mundiais. (Xinhua/Xu Qin)

Foto tirada no dia 23 de abril de 2025 mostra vista da cidade de Bandung, Indonésia. Em abril de 1955, uma conferência histórica na cidade indonésia de Bandung reuniu 29 nações asiáticas e africanas sob a bandeira da solidariedade, amizade e cooperação, marcando o despertar do lado do mundo posteriormente conhecido como Sul Global. Setenta anos depois, o Espírito de Bandung continua vivo e avançando. Atualmente, representando mais de 40% da economia mundial e 80% do crescimento global, o Sul Global virou uma força motriz essencial para a paz, o desenvolvimento e a governança mundiais. (Xinhua/Xu Qin)

Foto tirada no dia 23 de abril de 2025 mostra vista externa de Gedung Merdeka, sede da histórica Conferência Sino-Africana em Bandung, Indonésia. Em abril de 1955, uma conferência histórica na cidade indonésia de Bandung reuniu 29 nações asiáticas e africanas sob a bandeira da solidariedade, amizade e cooperação, marcando o despertar do lado do mundo posteriormente conhecido como Sul Global. Setenta anos depois, o Espírito de Bandung continua vivo e avançando. Atualmente, representando mais de 40% da economia mundial e 80% do crescimento global, o Sul Global virou uma força motriz essencial para a paz, o desenvolvimento e a governança mundiais. (Xinhua/Xu Qin)

Foto tirada no dia 23 de abril de 2025 mostra vista interna de Gedung Merdeka, sede da histórica Conferência Sino-Africana em Bandung, Indonésia. Em abril de 1955, uma conferência histórica na cidade indonésia de Bandung reuniu 29 nações asiáticas e africanas sob a bandeira da solidariedade, amizade e cooperação, marcando o despertar do lado do mundo posteriormente conhecido como Sul Global. Setenta anos depois, o Espírito de Bandung continua vivo e avançando. Atualmente, representando mais de 40% da economia mundial e 80% do crescimento global, o Sul Global virou uma força motriz essencial para a paz, o desenvolvimento e a governança mundiais. (Xinhua/Xu Qin)

Foto tirada no dia 23 de abril de 2025 mostra vista do Monumento da Solidariedade Ásia-África em Bandung, Indonésia. Em abril de 1955, uma conferência histórica na cidade indonésia de Bandung reuniu 29 nações asiáticas e africanas sob a bandeira da solidariedade, amizade e cooperação, marcando o despertar do lado do mundo posteriormente conhecido como Sul Global. Setenta anos depois, o Espírito de Bandung continua vivo e avançando. Atualmente, representando mais de 40% da economia mundial e 80% do crescimento global, o Sul Global virou uma força motriz essencial para a paz, o desenvolvimento e a governança mundiais. (Xinhua/Xu Qin)

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