Rio de Janeiro, 14 mar (Xinhua) -- O BRICS desempenha um papel fundamental no fortalecimento da cooperação entre os países do Sul Global, disse o Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Mauricio Lyrio, à Xinhua nesta sexta-feira, destacando o progresso significativo feito em seus primeiros anos de existência.
Em entrevista a correspondentes internacionais, Lyrio enfatizou que "apesar de ser um grupo jovem, o BRICS tem demonstrado resultados concretos na coordenação econômica e institucional de seus membros". Ele também destacou que, desde sua criação, em 2009, o bloco tem promovido reformas nas instituições financeiras internacionais, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Acordo de Reservas de Contingência.
Lyrio enfatizou que a presidência rotativa do Brasil no BRICS neste ano prioriza a cooperação em saúde, com o lançamento de uma parceria para erradicar doenças tropicais socialmente determinadas e negligenciadas, que afetam principalmente os países em desenvolvimento. "É essencial que os países do BRICS fomentem a pesquisa e a inovação para combater esses desafios de saúde", acrescentou.
Sobre a transição energética e o desenvolvimento sustentável, Lyrio mencionou a necessidade de fortalecer a posição conjunta dos BRICS tendo em vista a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), que será realizada em Belém (norte do Brasil) em novembro. "Os países em desenvolvimento não estavam satisfeitos com os compromissos de financiamento para a transição energética; esta é uma demanda fundamental para nós", observou ele.
A integração econômica continua sendo um foco importante do grupo, com iniciativas como a promoção da digitalização de negócios, bioindústria e comércio intra-BRICS. Lyrio também destacou esforços para melhorar plataformas de pagamento transfronteiriças, como BRICS Pay e BRICS Cross Border Payment System, para reduzir custos de transação.
Em relação aos minerais críticos, Lyrio indicou que, embora não haja uma estratégia de exploração conjunta, os BRICS estão discutindo maneiras de cooperar e trocar informações neste setor-chave para a tecnologia e a transição energética.
Por fim, ele abordou o papel da inteligência artificial (IA) no desenvolvimento dos países membros. "Os BRICS devem garantir que a IA se torne uma ferramenta para reduzir desigualdades, não um fator que as amplifique", afirmou.
Lyrio também destacou a importância de uma maior coordenação entre os países do bloco em fóruns multilaterais.
"O Brasil enfatizou a necessidade de fortalecer a governança global e dar aos países em desenvolvimento uma voz maior na tomada de decisões internacionais", disse ele. Nesse sentido, destacou os esforços conjuntos dos BRICS no G20 e na ONU para reformar o sistema financeiro global e torná-lo mais inclusivo.
Sobre o Novo Banco de Desenvolvimento, Lyrio explicou que ele busca expandir sua base de associados e consolidar seu papel como uma fonte alternativa de financiamento de infraestrutura no Sul Global. "O NBD já financiou vários projetos estratégicos e sua expansão ajudará a diversificar as fontes de investimento para países emergentes", afirmou.
O sherpa brasileiro também enfatizou a importância da segurança alimentar e da cooperação agrícola dentro do grupo.
"O BRICS têm enorme potencial para garantir a segurança alimentar global, com países que são grandes produtores de alimentos e tecnologia agrícola avançada. A cooperação nessa área é crucial para reduzir a vulnerabilidade de nossas populações", disse ele.
A cúpula dos líderes do BRICS, marcada para julho no Brasil, abordará essas questões-chave e consolidará os esforços do bloco para promover um desenvolvimento mais equitativo e sustentável no Sul Global.