Jornalistas na Cúpula de Ação de Inteligência Artificial (IA), no Grand Palais, em Paris, França, no dia 11 de fevereiro de 2025. (Xinhua/Gao Jing)
Os participantes veem uma necessidade urgente de uma solução que equilibre a governança de IA com seu desenvolvimento.
Paris, 12 fev (Xinhua) -- A França sediou a Cúpula de Ação de Inteligência Artificial recentemente em uma tentativa de estabelecer uma estrutura global de governança de inteligência artificial (IA) que seja inclusiva e eficiente.
A cúpula de dois dias, que terminou na terça-feira, focou em cinco temas principais: IA de interesse público, futuro do trabalho, inovação e cultura, confiança na IA e governança global de IA. Os participantes concordaram que, conforme a IA fica cada vez mais integrada à vida cotidiana, há uma necessidade urgente de encontrar uma solução que equilibre a governança da IA com seu desenvolvimento.
ESFORÇOS INTERNACIONAIS PARA GOVERNANÇA GLOBAL DA IA
Lu Linhua, da Faculdade de Direito da Universidade de Estrasburgo, destacou a necessidade de cooperação mútua na indústria da IA, apesar da intensa competição que prevalece atualmente.
De acordo com Lu, a indústria e a academia devem melhorar a comunicação, pois ainda não estão colaborando efetivamente em questões de governança.
"Precisamos fortalecer os diálogos bilaterais sobre questões-chave para aumentar o entendimento, construir consenso e promover a cooperação", disse ela. "Por exemplo, como projetar mecanismos que incentivem as empresas a investir em inovação e introduzir políticas legais para orientar o desenvolvimento tecnológico saudável são tópicos essenciais".
Foto tirada no dia 10 de fevereiro de 2025 mostra local da Cúpula de Ação de IA realizada no Grand Palais em Paris, França. (Xinhua/Gao Jing)
Jano Costard, chefe de Desafios da Agência Federal Alemã para Inovação Disruptiva (SPRIN-D), enfatizou a importância de garantir que o desenvolvimento de IA beneficie pessoas em todo o mundo, independentemente da localização. "É essencial reunir pessoas de várias regiões e indústrias, incluindo aquelas de startups e governo, para garantir que a IA seja desenvolvida para o benefício de todos", disse ele.
Xie Minxi, diretor-executivo da Anyuan AI, uma organização de consultoria chinesa especializada em segurança e governança de IA, destacou o papel de liderança da China na regulamentação de deepfakes, recomendações de algoritmos e IA generativa. Ele observou que o Escritório de Inteligência Artificial da União Europeia está desenvolvendo um código de conduta para IA geral, semelhante à abordagem regulatória da China em alguns aspectos.
"Isso reflete a necessidade de trocas e aprendizado mútuo", afirmou Xie.
DESENVOLVENDO IA ABERTA E INCLUSIVA
Muitos participantes da Cúpula de Ação de IA concordaram que os modelos de IA de código aberto da China desempenham um papel significativo no avanço do desenvolvimento de IA aberta e inclusiva.
Xie Minxi destacou que, diferentemente das práticas de código fechado de algumas empresas americanas, empresas chinesas como a Alibaba estão mais dispostas a adotar modelos de IA acessíveis ao público. "Isso não só facilita a supervisão externa, como permite que regiões e indústrias adaptem a IA de acordo com as necessidades locais", disse ele.
Foto tirada no dia 10 de fevereiro de 2025 mostra local da Cúpula de Ação de IA realizada no Grand Palais em Paris, França. (Xinhua/Gao Jing)
No entanto, Xie alertou que os modelos de código aberto têm desafios, particularmente no equilíbrio entre abertura e segurança, o que continua sendo uma preocupação global.
Durante uma mesa redonda na cúpula, Aiman Ezzat, CEO da Capgemini, elogiou a IA da DeepSeek da China por sua abertura e eficiência energética. "Os modelos leves da DeepSeek alcançam os mesmos resultados usando menos energia, o que é um grande avanço", disse ele, observando também que os modelos de código aberto aumentam a transparência.
DESENVOLVIMENTO E REGULAMENTAÇÃO
O presidente francês Emmanuel Macron reiterou a necessidade de regulamentações globais de IA para garantir a segurança da IA.
"Precisamos dessas regras para que a IA avance", enfatizou Macron durante a cúpula.
Na conclusão da cúpula, cerca de 60 países, incluindo a China, assinaram uma Declaração sobre Inteligência Artificial Inclusiva e Sustentável para Pessoas e o Planeta. A declaração afirmou que a abordagem da cúpula permitiria que a IA fosse baseada em direitos humanos, ética, segura, protegida e confiável.
No entanto, os Estados Unidos se recusaram a assinar a declaração, argumentando que a regulamentação excessiva poderia sufocar um setor transformador no momento em que ele está começando a florescer.
Foto tirada no dia 10 de fevereiro de 2025 mostra local da Cúpula de Ação de IA realizada no Grand Palais em Paris, França. (Xinhua/Gao Jing)
Remi Bourgeot, pesquisador associado do Instituto Francês de Assuntos Internacionais e Estratégicos (IRIS, na sigla em inglês), observou que as expectativas de coordenação global sobre regulamentação de IA devem ser moderadas. Atualmente, as potências globais estão mais focadas na corrida tecnológica do que em estruturas regulatórias. "A maioria dos governos está enfrentando desafios semelhantes com os riscos representados por modelos poderosos de IA, a coordenação provavelmente ocorrerá quando a IA atingir uma fase mais madura", disse ele.
Shen Weixing, reitor do Instituto de Estudos sobre Inteligência Artificial e Direito da Universidade Tsinghua, enfatizou que o desenvolvimento da IA e a segurança da IA são complementares, não contraditórios. "A razão pela qual enfatizamos a segurança é criar um ambiente melhor para o desenvolvimento", disse ele.
