Policiais montam guarda na Times Square, na cidade de Nova York, Estados Unidos, em 31 de dezembro de 2024. A governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, anunciou na segunda-feira o aumento das medidas de segurança em todo o estado para garantir a segurança pública durante as comemorações do feriado. (Xinhua/Liu Yanan)

No momento do ataque, a Bourbon Street estava lotada de turistas e moradores locais comemorando o Ano Novo.

O FBI confirmou que uma bandeira associada ao Estado Islâmico (EI) foi encontrada no engate de reboque do veículo, levantando preocupações sobre possíveis conexões terroristas.

Beijing, 2 jan (Xinhua) -- No início do dia de Ano Novo, um trágico ataque com veículo no famoso French Quarter de Nova Orleans, no estado de Louisiana, no sul dos EUA, deixou pelo menos 15 pessoas mortas e cerca de 30 feridas.

O derramamento de sangue ocorreu quando o motorista de uma caminhonete atropelou uma multidão de foliões de Ano Novo na Bourbon Street, uma das ruas mais movimentadas da cidade. O suspeito foi morto em um tiroteio com a polícia, e o ataque agora está sendo investigado pelo FBI como um possível ato de terrorismo.

Veja a seguir o que se sabe sobre o ataque:

O QUE ACONTECEU?

O ataque ocorreu por volta das 3h15, no horário local (9h15, GMT) de quarta-feira, quando o motorista da caminhonete desviou de um bloqueio policial e dirigiu por uma seção lotada da Bourbon Street. A área estava cheia de pessoas comemorando o Ano Novo, incluindo muitas que tinham vindo a Nova Orleans para as quartas de final do College Football Playoff. Tragicamente, pelo menos 15 pessoas foram mortas e cerca de 30 ficaram feridas. Dois policiais, que foram feridos durante um tiroteio com o suspeito, estão em condição estável.

Além do ataque com veículo, a polícia descobriu possíveis dispositivos explosivos no French Quarter. Imagens de vigilância revelaram vários indivíduos colocando dispositivos explosivos improvisados (IEDs, em inglês) na área. As autoridades estão investigando se esses dispositivos faziam parte de um plano mais amplo.

No momento do ataque, a Bourbon Street estava lotada de turistas e moradores locais comemorando o Ano Novo. O momento foi particularmente significativo, pois a cidade também estava se preparando para o jogo de futebol americano Sugar Bowl entre a Universidade da Geórgia e a Universidade Notre Dame, o que aumentou a empolgação e o tamanho da multidão.

Após o ataque, o jogo foi adiado para a tarde de quinta-feira, em respeito às vítimas e para garantir a segurança pública.

QUEM ERA O MOTORISTA?

O motorista foi identificado como Shamsud-Din Bahar Jabbar, de 42 anos, cidadão americano e veterano do Exército do Texas. A investigação está em andamento para determinar se suas ações foram inspiradas por ideologias extremistas.

O FBI confirmou que uma bandeira associada ao Estado Islâmico (EI) foi encontrada no engate de reboque do veículo, levantando preocupações sobre possíveis conexões terroristas. Embora o FBI não tenha confirmado nenhum vínculo direto com organizações terroristas, ele está explorando ativamente os possíveis vínculos de Jabbar com grupos extremistas.

O histórico de Jabbar acrescenta outra camada de complexidade à investigação. Ele se alistou no Exército dos EUA em 2007 e serviu no Afeganistão em 2009-2010. Após ser transferido para a Reserva do Exército em 2015, Jabbar serviu até sua dispensa em 2020 com a patente de sargento. O FBI está examinando se seu treinamento militar influenciou a execução do ataque.

Além disso, as autoridades não acreditam que Jabbar tenha agido sozinho. A Comissária de Polícia de Nova Orleans, Anne Kirkpatrick, descreveu-o como "determinado a criar uma carnificina" e observou que ele parecia ter a intenção de atropelar o maior número possível de pessoas. Horas antes do ataque, Jabbar publicou vídeos nas redes sociais expressando apoio ao EI, o que sugere ainda mais que ele pode ter sido inspirado pelo grupo extremista.

O QUE AS AUTORIDADES DESCOBRIRAM?

À medida que a investigação se desenrola, as autoridades fizeram descobertas alarmantes no veículo do suspeito, incluindo armas e bombas de cano escondidas dentro de refrigeradores. Esses dispositivos foram conectados para detonação remota, com um controle remoto também encontrado dentro da caminhonete. A presença de explosivos com controle remoto sugere que o ataque pode ter sido parte de um esforço mais amplo e coordenado, levantando sérias preocupações sobre o escopo total da conspiração.

QUAIS PROTEÇÕES ESTAVAM EM VIGOR?

Nova Orleans tem trabalhado ativamente para melhorar a segurança dos pedestres no French Quarter, especialmente em função das crescentes preocupações com ataques com veículo. Em novembro, a cidade iniciou um projeto para substituir os postes de amarração mais antigos e menos eficazes - barreiras semelhantes a postes projetadas para evitar que os veículos entrem em áreas de grande circulação de pedestres, como a Bourbon Street - por novos postes de aço inoxidável removíveis. O objetivo dessas barreiras atualizadas era oferecer uma proteção mais robusta.

No entanto, as barreiras existentes, juntamente com uma barricada policial que estava no local no momento do ataque, não foram suficientes para deter o suspeito. Esse fato levantou dúvidas sobre a eficácia geral das medidas de segurança atuais diante de um ataque deliberado e violento como o que ocorreu.

POSSÍVEIS CONEXÕES COM OUTROS ATAQUES

O presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou que as autoridades estão investigando se pode haver uma ligação entre esse incidente e outros eventos violentos recentes. Especificamente, o FBI está investigando quaisquer possíveis conexões entre as ações de Jabbar e a explosão de um Cybertruck do lado de fora de um hotel Trump em Las Vegas. Entretanto, até o momento, não há nenhuma ligação confirmada entre os dois incidentes.

O QUE VEM A SEGUIR?

As autoridades estão trabalhando para determinar se Jabbar tinha algum cúmplice ou se havia planos mais amplos por trás do ataque. Embora o escopo completo de suas motivações ainda não esteja claro, o trágico incidente deixou a cidade de Nova Orleans e o mundo inteiro lidando com a realidade de mais um possível ataque mortal a veículos.

O ataque mortal em Nova Orleans faz parte de uma tendência global preocupante: o uso crescente de veículos como armas para atingir pedestres. Esses tipos de ataques se tornaram uma preocupação significativa para as agências de aplicação da lei em todo o mundo. No mês passado, um médico saudita de 50 anos entrou com seu carro em um mercado de Natal em Magdeburg, Alemanha, matando cinco pessoas, incluindo uma criança de 9 anos, e ferindo várias outras.

É difícil prevenir esses ataques porque, em geral, envolvem indivíduos que agem sozinhos ou com coordenação mínima, o que os torna difíceis de prever e prevenir. O aumento dos ataques com veículos representa um desafio único para as cidades de todo o mundo, destacando a vulnerabilidade das áreas de pedestres a esse tipo de violência.