Incêndios florestais empobrecem a diversidade na Amazônia, indica estudo-Xinhua

Incêndios florestais empobrecem a diversidade na Amazônia, indica estudo

2024-12-29 15:07:45丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 29 dez (Xinhua) -- Os incêndios florestais nas zonas de transição entre os biomas da Amazônia e do Cerrado estão causando um empobrecimento significativo dos ecossistemas brasileiros com a perda de espécies e a diminuição das reservas de carbono, revelou um estudo do Instituto Serrapilheira.

Especificamente, o texto destaca que a repetição dos incêndios pode reduzir a capacidade das áreas florestais de armazenar dióxido de carbono na biomassa em até 68%.

Liderado por Fernando Elias, da Universidade Federal Rural da Amazônia, e Maurivan Barros Pereira, da Universidade do Estado de Mato Grosso, o estudo analisou 14 áreas florestais agrupadas em três categorias: nunca afetadas pelo fogo, queimadas uma vez e sujeitas a incêndios múltiplos. Os pesquisadores coletaram informações sobre número de espécies, densidade de troncos e estoques de carbono na vegetação.

Como Elias explicou à Xinhua, os incêndios não estão transformando a Amazônia em uma savana, mas sim, em uma floresta secundária empobrecida. "A Amazônia não está se tornando uma grande savana; está se tornando uma floresta secundária, uma floresta mais pobre, com menos reservas de carbono, uma redução de quase 70%", disse ele.

Para avaliar o impacto do fogo na composição florística das florestas, os pesquisadores classificaram as espécies em três categorias: fechadas, específicas do bioma fechado; florestas típicas da Amazônia; e generalistas, presentes em ambos os ecossistemas. Esta abordagem permitiu identificar quais espécies são mais afetadas e as alterações na diversidade após um incêndio.

Fernando Elias garantiu que a conclusão de que não há uma conversão da Amazônia em savana, mas sim um empobrecimento da floresta, se baseia no fato de que o número de savanas e espécies generalistas permaneceu constante após o impacto do fogo, enquanto as espécies de florestas mais sensíveis sofreram um declínio significativo.

"A casca de algumas espécies florestais está ausente ou é muito fina, tornando-as extremamente vulneráveis ao fogo. Quando uma floresta pega fogo, estas espécies muitas vezes sofrem mortalidade extrema. Se uma espécie rara não tiver capacidade de resistir ao fogo, pode extinguir-se localmente", alertou Elias.

Este empobrecimento da floresta, além de ameaçar a extinção de espécies, representa um risco significativo para o planeta e para a humanidade, afirmou o investigador. "Isto resulta em uma floresta degradada, com espécies incapazes de fornecer serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação das chuvas, o sequestro de carbono para mitigar as alterações climáticas e a polinização", sublinhou.

Um dos principais problemas identificados é a redução drástica na capacidade de retirar dióxido de carbono da atmosfera e armazená-lo na biomassa "Observamos que uma única queimada pode reduzir os estoques de carbono em quase 50%, enquanto a queimada repetida gera perdas de até 68%", explicou.

Em termos práticos, cada área afetada pelo fogo não só libera gases de efeito estufa durante a queimada, mas também emite dióxido de carbono armazenado nas árvores. "Nas áreas não afetadas pelo fogo, os estoques de carbono chegam a 25,5 toneladas por hectare. Nas áreas queimadas uma vez, caem para 14,1 toneladas, enquanto nas áreas queimadas diversas vezes caem para apenas oito toneladas," concluiu.

As áreas analisadas estão localizadas nas divisas dos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso, dentro da região conhecida como Arco do Desmatamento. Segundo os pesquisadores, a degradação nessas áreas é influenciada tanto pelas atividades agrícolas próximas quanto pelos níveis mais elevados de seca em comparação com áreas mais profundas da Amazônia.

Estas condições aumentam a sua vulnerabilidade ao rápido avanço das alterações climáticas. "Essas áreas costumam ser classificadas como Cerrado, embora tenham alto armazenamento de carbono e abriguem espécies tipicamente amazônicas. Porém, o Código Florestal permite o desmatamento de até 80% em áreas de Cerrado", afirmou Fernando Elias.

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