Rio de Janeiro, 24 dez (Xinhua) -- A deterioração das condições econômicas no Brasil devido ao aumento das taxas de juros e à constante desvalorização do real ameaça os negócios das empresas, segundo relatório da agência de classificação de risco Fitch Ratings, que avalia as perspectivas para empresas da América Latina em 2025.
A Fitch alerta para possíveis impactos da recente piora das condições de mercado no Brasil, com a valorização do dólar e a subida das taxas de juros, tendência que deverá continuar. A agência de classificação prevê uma desaceleração do PIB brasileiro este ano, passando de um crescimento esperado de 3,1% em 2024 para 2% em 2025.
"A recente desvalorização do real poderá agravar as pressões inflacionárias, com o Banco Central continuando a aumentar as taxas de juros", alerta a Fitch.
De modo geral, a agência avalia que as empresas latino-americanas administraram bem suas finanças e passivos nos últimos anos. Portanto, estão mais bem preparadas para possíveis medidas de Donald Trump, como a adoção de tarifas mais elevadas aos países que exportam para os Estados Unidos. Assim, o risco de deterioração das empresas devido à expectativa de menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da região e da economia mundial é limitado.
Na gestão financeira, as empresas têm conseguido prolongar os prazos de vencimento das suas dívidas e gerir os seus passivos. Em relação aos títulos de dívida emitidos no exterior (bonds), as empresas brasileiras têm apenas US$ 2 bilhões com vencimento em 2025. Além disso, a Fitch observa que a liquidez das empresas é adequada e que os programas de investimento (capex) devem se estabilizar.
Os analistas da Fitch não descartam que o nível de endividamento das empresas possa estimular fusões e aquisições na América Latina, em setores como aviação, imobiliário, petróleo e gás e materiais. Entre as possibilidades, o texto cita a já conhecida negociação entre as empresas aéreas brasileiras Azul e Gol.