Rio de Janeiro, 20 dez (Xinhua) -- O Banco Central (BC) do Brasil elevou nesta quinta-feira a projeção para o crescimento da economia neste ano de 3,2% para 3,5%, após a "surpresa positiva" dos dados do terceiro trimestre.
Em seu Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, o órgão emissor garantiu que "a modificação na projeção de crescimento do PIB em 2024 reflete a surpresa positiva no resultado do terceiro trimestre e nos indicadores do quarto trimestre já disponíveis", indica o relatório, acrescentando que a revisão das séries históricas foi um fator importante para a atualização de alguns componentes, embora não tenha tido grande influência no agregado.
Com o resultado trimestral superando as projeções, no terceiro trimestre do ano a economia brasileira cresceu 0,9% em relação ao segundo trimestre de 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento acumulado no ano, de janeiro a setembro, é de 3,3%. Em 2023, o PIB do Brasil cresceu 3,2%.
Segundo o BC, a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam dinâmicos no país. O consumo das famílias e os investimentos das empresas voltaram a destacar-se, assim como os setores mais cíclicos, com destaque para a indústria transformadora, enquanto, a taxa de desemprego voltou a cair e atingiu o valor mais baixo da série histórica.
"Neste contexto, as projeções de crescimento para 2024 e 2025 foram revistas para cima, embora se mantenha a perspectiva de desaceleração da atividade, devido a fatores como o maior nível de restrição esperado para a política monetária e a expectativa de um menor impulso fiscal, entre outros", afirma o relatório, referindo-se ao aumento das taxas de juros e às medidas de redução de custos promovidas pelo governo.
Segundo o BC, na perspectiva da oferta, o aumento na estimativa do PIB de 2024 refletiu um aumento na projeção para o setor de serviços, parcialmente compensado por quedas nas estimativas para a agropecuária e a indústria.
Para o setor dos serviços, a projeção de crescimento foi revista de 3,2% para 3,8%, refletindo a estabilidade na estimativa para o comércio e um aumento nas previsões para os restantes segmentos. As surpresas positivas nos resultados do terceiro trimestre foram distribuídas entre diversas atividades.
A revisão da série histórica impactou principalmente as projeções para "intermediação financeira e serviços correlatos", "outros serviços" e "administração pública, saúde e educação".
A projeção para a variação anual da agricultura, teve um recuo menor do que o previsto no relatório anterior, de 2% para 1,6%. Segundo o BC, foi especialmente importante a revisão da série agrícola, que incorporou dados do levantamento estrutural para 2023 e previsões atualizadas para a safra de 2024.
Com relação aos componentes internos da demanda, a estimativa para o aumento do consumo das famílias subiu de 4,5% para 5,3%, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) das empresas aumentou de 5,5% para 7,3%. "Essas revisões refletem especialmente o forte aumento que esses componentes tiveram no terceiro trimestre, contrariando a expectativa de desaceleração", explicou o BC.
Em contraste, a previsão do governo para o crescimento do consumo foi reduzida de 2,7% para 1,9%.
A projeção para as exportações manteve-se praticamente estável, passando de 3,2% para 3%, enquanto a estimativa para as importações aumentou de 11,3% para 13,7%, "refletindo principalmente um abrandamento menor do que o previsto no terceiro trimestre".
Para 2025, houve um pequeno aumento na projeção de crescimento do PIB, de 2% para 2,1%.
A inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar 2024 em 4,9%, no cenário com taxa básica de juros de 12% ao ano e câmbio de 5,95 reais por dólar. No relatório anterior, a projeção era de 4,3%, indicou o BC.
A projeção de inflação é de 4,5% em 2025 e 3,6% em 2026. Nessa trajetória, a taxa Selic atinge 13,5% e 11% ao ano no final de 2025 e 2026, respectivamente.