Beijing, 19 dez (Xinhua) -- Após mais de uma década sem grandes mudanças, a recente alteração na política monetária da China promete oferecer um apoio mais significativo ao crescimento econômico no próximo ano.
Durante a Conferência Central de Trabalho Econômico realizada na semana passada, os formuladores de políticas chineses anunciaram a implementação de uma política monetária "moderadamente frouxa" em 2025, marcando um afastamento significativo da abordagem "prudente" implementada nos últimos 14 anos. A última vez que a mesma abordagem de política monetária foi implementada ocorreu em 2008, com o objetivo de amenizar os impactos da crise financeira global.
Analistas indicaram que o ajuste foi uma reação às condições econômicas desafiadoras.
Embora a economia siga uma trajetória de crescimento neste ano, com destaque de uma recuperação a partir de outubro, o país continua enfrentando impactos adversos no cenário externo e dificuldades internas persistentes.
Os conflitos geopolíticos globais estão se intensificando, e o protecionismo também vem crescendo. No âmbito interno, o país ainda enfrenta desafios, como a insuficiência da demanda doméstica, dificuldades operacionais em alguns setores e pressões sobre o crescimento do emprego e da renda dos indivíduos, afirmou Han Wenxiu, vice-diretor executivo do escritório do Comitê Central de Assuntos Financeiros e Econômicos.
"É um ajuste necessário e viável, fundamentado nas realidades atuais", afirmou Huang Hanquan, chefe da Academia Chinesa de Pesquisa Macroeconômica, durante o último episódio da Mesa Redonda Econômica da China, um talk show de multimídia apresentado pela Agência de Notícias Xinhua.
Huang ressaltou que o país precisa expandir a demanda interna, promover um crescimento moderado dos preços e criar condições favoráveis para enfrentar os riscos financeiros.
Zou Lan, funcionário do Banco Popular da China (BPC), o banco central, destacou que essa abordagem "moderadamente frouxa" fortalecerá a capacidade monetária de enfrentar de maneira eficaz os desafios.
O ajuste na política monetária da China também está alinhado com as mudanças no ambiente global de liquidez, disse Huang.
O que a política monetária "moderadamente frouxa" trará especificamente para a China? Em geral, ela criará um ambiente de crédito mais favorável, direcionando recursos financeiros para setores-chave e áreas vulneráveis da economia, como inovação tecnológica, bem-estar da população e setores de consumo, segundo analistas.
Essa mudança envia um sinal claro de que a China está comprometida com a estabilização do crescimento, o que deve aumentar a confiança do mercado, de acordo com Huang.
A Conferência Central de Trabalho Econômico confirmou que o país reduzirá o depósito compulsório e as taxas de juros no momento adequado para garantir que os crescimentos do financiamento social e da oferta monetária correspondam às metas esperadas de crescimento econômico e níveis de preços.
Atualmente, o depósito compulsório médio para as instituições financeiras está em 6,6%, o que sugere um espaço para futuras reduções, segundo Wang Xin, chefe do Departamento de Pesquisa do BPC. Zeng Gang, diretor do Instituto de Finanças e Desenvolvimento de Shanghai, previu uma queda adicional nos custos financeiros gerais, o que deverá expandir a demanda interna e desbloquear o potencial de consumo e investimentos.
A China também precisa alocar mais recursos para setores ligados à transformação econômica, como novas forças produtivas de qualidade, atualização industrial e desenvolvimento verde, afirmou Huang.
De fato, a China intensificou o ajuste anticíclico e adotou uma política monetária de apoio diante da pressão de desaceleração este ano. A percepção do mercado é de que a postura monetária já se tornou prudente, com um leve viés de flexibilização.
O banco central implementou dois cortes no depósito compulsório neste ano, liberando cerca de 2 trilhões de yuans (US$ 278 bilhões) em liquidez de longo prazo. Além disso, a principal taxa de empréstimo (LPR, sigla em inglês), índice referencial para empréstimos do mercado, foi reduzida três vezes. Uma série de medidas também foi introduzida, incluindo cortes significativos nas taxas de juros para hipotecas de casas existentes e a criação de novas ferramentas de financiamento para o mercado de capitais.
Os dados mais recentes também indicam a eficácia da política. No final de novembro, os empréstimos pendentes em yuan da China eram de 254,68 trilhões de yuans, um aumento anual de 7,7%. O M2 aumentou 7,1% e o financiamento social pendente cresceu 7,8%.
"O crescimento financeiro geral permaneceu estável e a liquidez foi adequada em um nível razoável, sugerindo um forte suporte contínuo à economia real", comentou Wen Bin, economista-chefe do Banco Minsheng da China.