Rio de Janeiro, 17 dez (Xinhua) -- O brasileiro Instituto Butantan solicitou nesta segunda-feira à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil o registro da vacina contra dengue que desenvolveu para começar a utilizá-la, e anunciou que pode oferecer até 100 milhões de doses do imunizante nos próximos três anos.
O Instituto, renomado centro de pesquisas científicas e médicas vinculado ao governo do estado de São Paulo, explicou em nota que, se aprovada pela Anvisa, sua vacina, a Butantan-DV, será a primeira do mundo em uma única dose contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
O Butantan concluiu as três fases de testes de sua vacina em julho deste ano, após cinco anos de monitoramento de pacientes imunizados, e os ensaios clínicos mostraram que o produto tem eficácia geral de 79,6% dois anos após a injeção.
Segundo estudo publicado em janeiro pela revista científica New England Journal of Medicine, o imunizante brasileiro tem eficácia de 73,6% entre quem não teve dengue anteriormente e 89,2% entre quem já contraiu.
Segundo o centro científico, a vacina é quadrivalente, ou seja, eficaz contra os quatro tipos de dengue existentes no Brasil.
"Este é um dos maiores avanços na saúde e na ciência na história do país e uma enorme conquista a nível internacional", disse Esper Kallás, diretor do Instituto.
O Butantan afirmou ter capacidade para entregar 100 milhões de doses da sua vacina ao Ministério da Saúde brasileiro entre 2025 e 2027, das quais um milhão no próximo ano.
A eficácia do Butantan-DV é semelhante à do Takeda, imunizante de duas doses contra a dengue da fabricante japonesa Odenga, que o Ministério da Saúde brasileiro adquiriu no início deste ano para a primeira campanha pública de imunização no mundo contra a doença.
Dadas as limitadas condições de produção da Odenga, porém, o Brasil só conseguiu adquirir 6,6 milhões de doses de vacina, apenas o suficiente para imunizar 3,3 milhões de crianças entre 10 e 14 anos em municípios considerados prioritários.
O pedido de registro da vacina do Butantan ocorre ao final de um ano em que o Brasil registrou um recorde de 6,6 milhões de infecções por dengue e um número igualmente histórico de 5.922 mortes pela doença.
Os casos em 2024 quase quadruplicaram os de 2015 (1,7 milhões), o ano com maior número de infecções, e as mortes mais do que quintuplicaram as de 2023 (1.094), até agora o ano mais mortal.
A epidemia de dengue registrada no primeiro semestre, agravada pelo aumento do calor e pelas condições que facilitam o crescimento da população do mosquito, foi a pior da história do Brasil.