Rio de Janeiro, 1º dez (Xinhua) -- O ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, criticou na sexta-feira o mercado financeiro por suas projeções errôneas de crescimento econômico e alertou que o real, a moeda brasileira, enfrentará "semanas difíceis" em relação ao dólar, enquanto o setor financeiro processa o novo programa fiscal anunciado pelo governo.
Durante discurso perante a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, Haddad analisou a recente desvalorização do real, que esta semana ultrapassou 6 reais por dólar, acumulando alta de 20% em 2024 e mais de 3% só nos últimos dias. Este contexto reflete a reação adversa dos agentes econômicos que esperavam um ajuste mais severo nas despesas do Estado.
O plano fiscal do governo, apresentado esta semana, procura poupar 70 bilhões de reais (US$ 11,7 bilhões) entre 2025 e 2026 através de uma redistribuição de impostos e cortes na despesa pública. A proposta inclui tributar aqueles que ganham mais de US$ 8.000 por mês e isentar do Imposto de Renda 36 milhões de trabalhadores que ganham até US$ 800.
"Tenho as mesmas expectativas que tinha há dois anos, quando assumimos o cargo. Se você explicar o que está fazendo, se for consistente em suas ações, se estiver no caminho certo, como penso que estamos, iremos ancorar isso (o preço do dólar) novamente", disse o ministro durante o almoço anual dos principais bancos do Brasil, a maior economia da América Latina.
O ministro defendeu também os resultados econômicos de 2024, qualificando-os de "excelente ano" em termos de produção, emprego, indústria e comércio, embora tenha reconhecido que não foram positivos em termos de expectativas, devido a projeções de mercado falhadas.
"O mercado erra nas suas previsões. Acreditou que a economia ia crescer 1,5% em 2024 quando estamos crescendo quase 3,5% (...) Nem sobre o crescimento nem sobre o déficit, o mercado estava certo e não foi por pouco, ele cometeu um grande erro", disse o ministro.