Sanya, 12 nov (Xinhua) -- Duas semanas atrás, Carlos Eduardo de Brito Santos, veio do Brasil para a Zona de Ciência e Tecnologia da Baía de Yazhou, na cidade de Sanya, Província de Hainan, para fazer o mestrado no Instituto de Pesquisa Sanya da Universidade Agrícola da China.
"O Brasil e a China têm boas relações, especialmente no âmbito do mecanismo de cooperação do BRICS, onde as relações amistosas se aprofundam ainda mais", disse ele, expressando a esperança de adquirir o máximo de conhecimentos possível e fazer mais amigos do setor agrícola chinês para ajudar o futuro desenvolvimento agrícola do país.
Graças às vantagens políticas do porto de livre comércio e ao seu conveniente clima tropical, Hainan está construindo um "Vale do Silício do Sul" em Sanya e outras localidades desta província no sul da China.
Como parte importante desse "Vale do Silício", a área atraiu um grande número de instituições e universidades de primeira linha de toda a China, que trazem tecnologias avançadas e ricas experiências em pesquisa científica.
Ao mesmo tempo, cada vez mais estudantes internacionais e pesquisadores agrícolas estrangeiros têm chegado à região para estudar e trabalhar, vários deles oriundos de países latino-americanos. Carlos chegou acompanhado por outros cinco estudantes brasileiros.
A China, a América Latina e o Caribe pertencem ao Sul Global, e a segurança alimentar é um tema importante de interesse comum para ambas as partes. No âmbito do Fórum China-CELAC, as duas partes aprofundaram sua cooperação agrícola.
Produtos como a soja do Brasil, a carne bovina da Argentina, o café da Colômbia e o vinho tinto do Chile entraram no mercado chinês em grande escala, e a cooperação em torno do arroz e da técnica de cultivo conhecida como "juncao" já se tornou um modelo de cooperação em ciência e tecnologia agrícola entre a China e a América Latina.
Fatores como as mudanças climáticas e as fricções comerciais internacionais têm colocado maiores desafios para garantir a segurança alimentar. O fortalecimento da cooperação internacional no campo da ciência e tecnologia agrícolas se tornou um tema importante para a China e os países da América Latina e do Caribe, e essa cooperação tem se aprofundado.
Em 8 de novembro, foi estabelecido na Zona de Ciência e Tecnologia da Baía de Yazhou o Centro de Inovação Alimentar Sustentável China-América Latina e Caribe, e funcionários, especialistas e acadêmicos da China, Brasil, México, Peru, Cuba, Chile, Colômbia e outros países da região latino-americana e caribenha participaram da cerimônia de inauguração.
Li Jiayang, membro da Academia Chinesa de Ciências e diretor do Laboratório Nacional da Baía de Yazhou, disse que o centro pode integrar de forma eficaz a força de pesquisa científica da China, estabelecer relações de cooperação amplas e profundas com instituições e universidades de países da América Latina e do Caribe, e reunir forças e recursos superiores no campo da indústria de sementes nas duas partes.
Além disso, segundo Li, o centro trabalhará na criação de variedades de sementes de alto rendimento e qualidade, pesquisa e desenvolvimento conjunto do melhoramento biológico, testes de características de culturas, demonstração e promoção de novas espécies de sementes, e construção de uma plataforma de cooperação internacional em conectividade.
"Estamos dispostos a participar ativamente dos diversos projetos de cooperação que o centro realizará no futuro", declarou Ruberdanis Tamayo Portales, diretor de Tecnologia e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Cuba.
Tamayo Portales afirmou que a cooperação entre a China e os países da América Latina e do Caribe em ciência e tecnologia agrícola tem vantagens complementares e pode alcançar resultados de benefício mútuo.
Cuba e China obtiveram resultados animadores na cooperação em ciência e tecnologia agrícolas, incluindo a publicação de artigos em revistas, a capacitação de pessoal, a transferência de tecnologia e a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, acrescentou.
João Ricardo Rodrigues da Silva, gerente comercial para a China do grupo GDM Seeds, declarou que "vale a pena aprender muitas tecnologias avançadas chinesas no crescimento de culturas e no cultivo de variedades".
O executivo afirmou que o estabelecimento do centro trará mais oportunidades de colaboração, tanto entre os governos quanto entre institutos de pesquisa, universidades e empresas de ambas as partes.
"Fiquei profundamente impressionada com a minha visita ao Laboratório Nacional da Baía de Yazhou, que mostra as sólidas capacidades de pesquisa científica e inovação da China", afirmou, por sua vez, Marluce Aparecida Souza e Silva, reitora da Universidade Federal de Mato Grosso.
A acadêmica manifestou sua esperança de que Brasil e China, ambos grandes produtores de alimentos, fortaleçam a cooperação na inovação tecnológica e científica agrícola para se beneficiarem mutuamente e contribuírem para uma melhor resposta do mundo aos desafios da segurança alimentar.