Por Alessandra Scangarelli Brites
Rio de Janeiro, 10 set (Xinhua) -- Para os especialistas Fu Zitang, vice-presidente da Sociedade Chinesa de Estudos de Direitos Humanos, e Liu Huawen, membro do Comitê da ONU contra a Tortura, diretor adjunto e professor do Instituto de Direito Internacional da Academia Chinesa de Ciências Sociais, os direitos humanos não devem ser politizados, nem devem servir como meios de ingerência em assuntos internos dos países.
Ambos estiveram na cidade do Rio de Janeiro para participar da "Primeira Mesa Redonda sobre Direitos Humanos China-América Latina e Caribe"; evento que ocorreu nesta terça-feira, 10 de setembro. No dia anterior, eles reuniram-se com o presidente da Associação de Amizade Sino-Brasileira e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Henrique Couto da Nóbrega, visando fomentar a cooperação entre as respectivas instituições acadêmicas de ambos os países. Na ocasião, eles responderam a algumas perguntas da Xinhua.
Segundo Fu Zitang, o objetivo principal de um governo e um país socialista é a prosperidade comum. Portanto, ao longo das décadas, o governo chinês promoveu uma série de planos voltados a alcançar este objetivo. Atualmente, a China foca sua atenção para a modernização de sua zona rural.
Como ele explicou, este objetivo vem ao encontro de uma meta maior: aprimorar os direitos humanos internamente. Da mesma forma, em relação aos preceitos estabelecidos para dar base a sua política externa, a China busca a cooperação global para a redução da pobreza e a construção de um futuro compartilhado para toda a humanidade.
Isso significa impulsionar cooperações que objetivem o desenvolvimento e o ganho mútuo entre os países. Por isso, o Brasil e a China são países-chave e estão em consenso para alcançar o desenvolvimento sustentável da humanidade em todas as áreas.
Para Liu Huawen, todos os povos, principalmente os dos países em desenvolvimento, têm um desejo em comum: a modernização para trazer o bem-estar para a sociedade. Porém, ele afirmou que, infelizmente, nem todos os países conseguem realizar esta missão.
De acordo com Liu Huawen, mesmo com toda a tecnologia disponível atualmente, para muitas nações o sonho de modernização ainda está muito distante, o que torna a reforma da governança global uma questão crucial para todos, em especial para questões referentes ao tema dos direitos humanos.
Já para seu colega Fu Zitang, não se pode fazer diferença entre um humano de um país desenvolvido e um humano de um país em desenvolvimento. "Todos têm o direito a uma vida melhor. Porém, alguns países têm um padrão duplo, um para o povo deles e outro para as demais", concluiu.
"Esta questão é bastante séria. Há esperança, mas ainda há um grande desafio e não apenas desafios antigos, mas também atuais. Se olharmos ao longo da história, vamos perceber que a humanidade teve muitos avanços na questão dos direitos humanos, o que não significa que os desafios de hoje sejam menores, pelo contrário. O posicionamento da China é: não importa se é um país desenvolvido ou em desenvolvimento, precisamos nos unir para avançar neste campo", comentou Liu Huawen. Nas palavras dele é bastante nítida a forma diversa com que os países pensam e atuam sobre o tema. Já no que diz respeito à China e seu governo, é preciso seguir o sistema definido e ordem colocada pela ONU.
"As discussões e ações conjuntas devem ocorrer no âmbito das Nações Unidas. O direto internacional que temos hoje foi constituído com base na visão de países diferentes. Por isso, a intervenção dos EUA e até o seu hábito de fazer relatórios sobre a questão dos direitos humanos de outros países, conforme os seus interesses, tem como resultado politizar e criar censura nesta área. Este tipo de prática não é para defender os direitos humanos, mas para defender os interesses deles e isso acaba afetando um sistema saudável que já existe no mundo", explicou o professor.