Beijing, 25 jun (Xinhua) -- Na busca da China por um desenvolvimento de alta qualidade, o termo "novas forças produtivas de qualidade" está ganhando destaque, ressaltando a direção para a transformação e atualização da segunda maior economia do mundo.
Quais são os elementos centrais das "novas forças produtivas de qualidade"? Como elas devem ser desenvolvidas e quais são as implicações para o resto do mundo? No sexto episódio da Mesa-Redonda Econômica da China, uma plataforma de palestras envolvendo todas as mídias hospedada pela Agência de Notícias Xinhua, funcionários governamentais e especialistas do setor compartilharam suas percepções sobre algumas das perguntas mais frequentes sobre a frase da moda.
INOVAÇÃO NO NÚCLEO
Introduzidas pela primeira vez em 2023, as novas forças produtivas de qualidade referem-se à produtividade avançada liberada do modo tradicional de crescimento econômico e dos caminhos de desenvolvimento da produtividade, com característica de alta tecnologia, alta eficiência e alta qualidade, e alinhadas com a nova filosofia de desenvolvimento.
A nova estratégia surge em meio ao impulso da China para o desenvolvimento de alta qualidade e a onda crescente da nova revolução científica e da transformação industrial, de acordo com Liu Dongmei, chefe do partido da Academia Chinesa de Ciência e Tecnologia para Desenvolvimento.
"A inovação científica e tecnológica é o núcleo das novas forças produtivas de qualidade", disse ela, observando que, por meio da inovação científica e tecnológica, especialmente em tecnologias revolucionárias e disruptivas, um novo impulso de crescimento pode ser fornecido para o desenvolvimento econômico.
A força geral da China em inovação científica e tecnológica tem melhorado constantemente nos últimos anos, com os gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) do país ultrapassando 3,3 trilhões de yuans (US$ 463,5 bilhões) em 2023, um aumento anual de 8,1%.
Huang Hanquan, chefe da Academia Chinesa de Pesquisa Macroeconômica, afiliada à Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, indicou que o desenvolvimento das novas forças produtivas de qualidade abrange tanto os setores emergentes quanto os tradicionais, e que a inovação envolve tecnologias, bem como instituições e gestão.
"As inovações institucionais e de ciência e tecnologia são como duas rodas que impulsionam o crescimento da produtividade total dos fatores da China", disse Huang na mesa-redonda.
Qianhai, no centro tecnológico do sul da China, Shenzhen, uma zona de demonstração do setor de serviços modernos, deu o exemplo no desenvolvimento das novas forças produtivas de qualidade por meio de inovações tecnológicas e institucionais.
Wang Jinxia, vice-diretor da Autoridade de Qianhai, afirmou que as autoridades locais se concentraram na promoção de um cluster industrial para inteligência artificial, na proteção da propriedade intelectual, no fortalecimento do apoio financeiro e na construção de grandes plataformas para o desenvolvimento industrial.
Atualmente, há cerca de 55 mil empresas de tecnologia em Qianhai, das quais 2.239 são empresas nacionais de alta tecnologia e 14 são empresas unicórnio ou startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, segundo Wang.
ORIENTAÇÃO PARA FUTURAS REFORMAS
A nova estratégia traçou um caminho claro para o desenvolvimento de alta qualidade e reformas relevantes, à medida que a China se esforça para eliminar os gargalos que prejudicam o desenvolvimento de novas forças produtivas de qualidade, declararam os palestrantes.
Segundo Liu, as reformas institucionais no campo da ciência e tecnologia envolvem essencialmente a formação de novas relações de produção que estejam alinhadas com as novas forças produtivas de qualidade.
Liu acrescentou que um aspecto crucial dessas reformas está na coordenação interdepartamental em termos de formulação de estratégia, alocação de recursos e distribuição das principais instalações para maximizar a eficiência da utilização de recursos.
Ecoando a opinião de Liu, Huang destacou que as reformas institucionais devem ser multifacetadas e abrangentes, facilitando assim o fluxo suave de fatores de alta qualidade, como capital, dados e talentos, em direção a forças produtivas de alta qualidade.
Huang também salientou a necessidade de reformar o sistema de ciência e tecnologia para incentivar as contribuições para a pesquisa básica, a fim de obter conquistas mais originais e revolucionárias, e de reformar os serviços para agilizar a aplicação dos avanços tecnológicos, transformando-os em produtividade tangível.
Em particular, tanto Huang quanto Liu destacaram a função da gestão de talentos na promoção da inovação tecnológica.
Devem ser feitos esforços para criar um ambiente mais propício à inovação, de modo a atrair mais talentos para trabalhar e viver na China, reformar o sistema educacional para formar mais futuros cientistas, artesãos e engenheiros e melhorar os sistemas de avaliação para incentivar a pesquisa básica de longo prazo, disse Liu.
BENEFÍCIOS GLOBAIS
Os esforços contínuos da China para promover novas forças produtivas de qualidade injetarão um novo impulso no crescimento econômico global e proporcionarão grandes oportunidades para os investidores, de acordo com os palestrantes e outros especialistas do setor presentes na mesa-redonda.
"Juntamente com as empresas chinesas, os investidores globais estão aproveitando uma nova rodada de oportunidades decorrentes do desenvolvimento das novas forças produtivas de qualidade", disse Wang, da Autoridade de Qianhai.
O desenvolvimento das novas forças produtivas de qualidade da China gerará oportunidades para explorar o mercado em expansão do país, conforme Wang.
Os investidores globais também poderão trabalhar com a China para impulsionar a explosão da nova revolução tecnológica e participar da mais recente onda de globalização, enfatizou ele, acrescentando que as empresas estrangeiras já investiram mais de US$ 40 bilhões em Qianhai.
O desenvolvimento das novas forças produtivas de qualidade da China pode ter impactos significativos na economia global, influenciando a inovação e a competitividade em vários setores e indústrias, disse Ronnie Lins, diretor do Centro de Pesquisa e Negócios China-Brasil.
Impulsionado pelo foco inabalável da China na inovação, o investimento estrangeiro direto nos setores de manufatura de alta tecnologia do país atingiu 37,76 bilhões de yuans (US$ 5,3 bilhões) durante o primeiro trimestre deste ano, segundo dados oficiais.
À medida que a China continua a cultivar novas forças produtivas de qualidade, o país também está compartilhando suas tecnologias inteligentes, ecológicas e inclusivas com outros países, informou Liu, da Academia Chinesa de Ciência e Tecnologia para Desenvolvimento.
De acordo com ela, o mundo está enfrentando vários desafios globais urgentes, incluindo segurança alimentar, desastres naturais e mudanças climáticas. Com sua rica experiência, a China tem muito a oferecer na abordagem dessas questões.
"Estou muito otimista de que essas novas forças produtivas de alta qualidade e alta tecnologia seriam um enorme avanço para os seres humanos, podendo fabricar produtos muito melhores e de baixo custo. E podemos fazer isso de uma forma muito mais ecológica", disse Erik Solheim, copresidente do Centro Europa-Ásia e ex-subsecretário-geral das Nações Unidas.