Ano de 2024: crises contínuas e esperança inabalável de paz-Xinhua

Ano de 2024: crises contínuas e esperança inabalável de paz

2024-01-05 13:28:00丨portuguese.xinhuanet.com

* No início de 2024, “incerteza” e “eleição” são duas palavras-chave para o desenrolar das situações no mundo.

* As eleições presidenciais dos EUA de 2024 estão marcadas para 5 de novembro. A disputa entre os dois partidos deverá aumentar.

* A atual crise na Ucrânia entrará no terceiro ano no final de fevereiro deste ano, apenas algumas semanas antes das próximas eleições presidenciais russas marcadas para março.

* O atual conflito entre a Palestina e Israel não mostra sinais de abrandamento e seu efeito de repercussão se estendeu da política e da segurança aos setores econômico e social.

* A região Ásia-Pacífico tem sofrido perturbações consistentes dos EUA nos últimos anos.

  • * Em 2024, a Europa enfrentará muitas incertezas políticas e de segurança. Os resultados das eleições deste ano na América Latina determinarão se a sua trajetória política sofrerá recalibração da “esquerda” para a “direita”.

Homem passa por prédio destruído na cidade de Gaza, no dia 2 de janeiro de 2024. (Foto por Mohammed Ali/Xinhua)

Beijing, 3 jan (Xinhua) -- No início de 2024, “incerteza” e “eleição” são duas palavras-chave para o desenrolar das situações no mundo.

A nova rodada de conflitos entre Palestina e Israel, o futuro desenvolvimento da crise na Ucrânia e a recuperação da economia global são as principais razões por detrás das incertezas deste ano.

O ano de 2024 é também um “ano eleitoral global”, com eleições importantes em vários países. Os resultados eleitorais terão impacto significativo não só nesses países, mas também no panorama regional e global.

AMÉRICA DO NORTE: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DOS EUA AFETARÃO O MUNDO

As eleições presidenciais dos EUA de 2024 estão marcadas para 5 de novembro. A corrida pela Casa Branca provavelmente será entre o atual presidente democrata, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump, que está assumindo a liderança do Partido Republicano.

Espera-se que a disputa entre os dois partidos aumente e a sociedade dos EUA seja ainda mais dilacerada, estreitando o espaço para os centristas moderados.

Sob a pressão das eleições, é estimado que a administração Biden se esforce para fazer melhorias na economia, na imigração, na educação e em outras áreas este ano. O atual conflito entre Palestina e Israel, e a crise na Ucrânia podem aumentar a importância da política externa nas eleições.

Analistas disseram que se Biden prolongar seu mandato, Washington provavelmente continuará com as políticas atuais, e se Trump voltar ao poder, as políticas interna e externa dos EUA sofrerão grandes mudanças. Manter ou mudar as políticas internas e externas dos EUA terá várias influências em diferentes regiões, já que os Estados Unidos tendem a intervir nos assuntos de outros países.

Os economistas previram que a economia dos EUA deverá oscilar entre uma aterragem suave e uma recessão moderada em 2024. A reabertura do ciclo de corte de taxas pela Reserva Federal (Fed, banco central dos Estados Unidos) é um evento muito provável e que terá impacto significativo na economia global.

Foto tirada no dia 9 de outubro de 2023 mostra Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos. (Xinhua/Liu Jie)

EURÁSIA: CRISE NA UCRÂNIA CONTINUA, RÚSSIA OLHA COOPERAÇÃO COM O SUL GLOBAL

A atual crise na Ucrânia entrará no terceiro ano no final de fevereiro deste ano, apenas algumas semanas antes das próximas eleições presidenciais russas marcadas para março.

São as primeiras eleições desde que a Rússia lançou sua operação militar especial contra a Ucrânia em 2022. O presidente russo, Vladimir Putin, declarou recentemente sua candidatura.

Ao longo da crise na Ucrânia, as sondagens de opinião indicaram consistentemente um apoio sustentado tanto às operações militares especiais como a Putin. Neste momento, o sentimento público prevalecente na Rússia sugere uma elevada probabilidade de reeleição de Putin.

Em 2024, estima-se que a Rússia continue na sua luta com o Ocidente em relação à Ucrânia. Influenciados por conflitos políticos internos e pelos sentimentos públicos internos, entre outros fatores, os Estados Unidos poderão reduzir sua assistência à Ucrânia, mas não se desligarão totalmente do seu apoio.

A Ucrânia já tinha cancelado suas eleições parlamentares em 2023, citando o conflito em andamento como a razão. Em relação às eleições presidenciais marcadas para 2024, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que são inadequadas neste momento. No entanto, ainda há quem defenda as eleições conforme estavam programadas. Vale a pena acompanhar essa evolução e o impacto potencial na situação global.

Bombeiros apagam fogo em prédio atingido por recente bombardeio em Donetsk, no dia 19 de dezembro de 2023. (Foto por Victor/Xinhua)

Desde a crise na Ucrânia, a lacuna entre a Rússia e o Ocidente aumentou, provocando aumento da importância do Sul Global na diplomacia russa. Estima-se que o fortalecimento da cooperação com o Sul Global seja um ponto focal das políticas externas russas em 2024.

A Rússia ocupa a presidência rotativa do BRICS durante o ano e sediará a Cúpula do BRICS em Kazan, em outubro, com o objetivo de reforçar ainda mais a cooperação entre os membros do bloco.

A região da Eurásia viu nos últimos anos o aumento dos conflitos regionais e a intensificação da competição geopolítica entre as grandes potências. Confrontados com um cenário desafiador, os países da Eurásia procuram uma abordagem de política externa mais equilibrada e diversificada em 2024 a fim de otimizar os interesses nacionais, assegurando ao mesmo tempo um desenvolvimento social e econômico estável.

ORIENTE MÉDIO: CONFLITO ISRAELO-PALESTINO GERA TURBULÊNCIA, ESTADOS REGIONAIS QUEREM MAIS INDEPENDÊNCIA

Conforme o mundo comemora o novo ano, não há sinais de abrandamento no que diz respeito ao atual conflito entre Palestina e Israel, e seu efeito de repercussão se estendeu da política e da segurança aos domínios econômico e social.

Embora o apelo por outro cessar-fogo em Gaza para aliviar a crise humanitária aumente, ainda não há certeza se Israel, apoiado pelos Estados Unidos, está disposto a parar sua operação militar.

O conflito trouxe instabilidade e incerteza ao Oriente Médio, afetando as relações entre os países árabes e Israel – o reinício do processo de normalização das relações árabe-israelenses no curto prazo parece impossível.

As principais potências continuarão tendo influência na região em 2024. Os Estados Unidos se esforçarão para manter a hegemonia na região no contexto de declínio da influência em sequência da contração estratégica de Washington no Oriente Médio. Como a Casa Branca continua apoiando totalmente Israel, independentemente das exigências e propostas árabes, a lacuna entre os Estados árabes e os Estados Unidos aumentará ainda mais.

Em 2024, o Irã fará duas eleições importantes: as eleições parlamentares e as eleições para a Assembleia de Peritos. Os resultados terão impacto nas políticas internas e externas do país e repercutirão a nível regional.

Conforme a evolução do cenário global aumenta, a procura da paz e do desenvolvimento está virando um consenso de mais países do Oriente Médio. Os principais países da região estão mais independentes do que nunca e a estrutura de poder regional está ficando mais multipolar.

À medida que participam ativamente nos esforços para moldar o sistema internacional, os países da região estão se tornando uma força importante no Sul Global.

ÁSIA-PACÍFICO: RECUSA DE ESCOLHER LADOS EM MEIO A PROBLEMAS DOS EUA

A região da Ásia-Pacífico, como principal palco da “estratégia Indo-Pacífico” dos EUA, tem sofrido perturbações consistentes nos últimos anos.

Com uma “grande competição de poder” se solidificando como consenso entre os políticos dos EUA, o ano eleitoral de 2024 levará Washington a intensificar sua intromissão na região da Ásia-Pacífico para lucros internos. Isso pode envolver a criação de “pequenos círculos” para incentivar confrontos, o que aumentará as tensões regionais.

Especificamente, o Estreito de Taiwan, o Mar da China Meridional e a Península Coreana são pontos focais previstos para perturbações dos EUA na região da Ásia-Pacífico.

Em 2024, serão realizadas eleições importantes em vários países da região, incluindo a eleição da liderança do Partido Liberal Democrata, no poder no Japão, as eleições parlamentares na Coreia do Sul, as eleições para a câmara baixa na Índia, além das eleições presidenciais na Indonésia e as eleições parlamentares no Paquistão, entre outras.

Espera-se que essas eleições tenham forte impacto no cenário político dos seus respectivos países, influenciando subsequentemente a dinâmica regional e criando potencialmente efeitos de repercussão na situação geopolítica mais ampla na região da Ásia-Pacífico.

A posição fundamental da maioria dos países da Ásia-Pacífico é promover a cooperação, seguir o desenvolvimento e manter uma posição não alinhada entre as grandes potências. Com os esforços coletivos dos países regionais, é esperado que as perspectivas para a região da Ásia-Pacífico em 2024 sejam predominantemente pacíficas, promovendo condições propícias ao desenvolvimento econômico regional estável.

De acordo com uma previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de outubro de 2023, a região da Ásia-Pacífico deverá registar um crescimento econômico de 4,2% em 2024, superando a taxa global de 2,9%.

Visitantes na 20ª edição da Exposição China-ASEAN no Centro Internacional de Convenções e Exposições de Nanning em Nanning, capital da Região Autônoma Zhuang de Guangxi, no sul da China, no dia 19 de setembro de 2023. (Xinhua/Zhou Hua)

Como país importante da Ásia-Pacífico, a China se comprometeu consistentemente a defender a paz e a estabilidade regionais e a promover a cooperação, o desenvolvimento e a prosperidade compartilhada entre as nações regionais.

Na 30ª Reunião de Líderes Econômicos da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês), em novembro de 2023, a China propôs a construção conjunta dos próximos “30 anos dourados” para a Ásia-Pacífico. As negociações em andamento sobre a versão 3.0 da Área de Livre Comércio China-ASEAN registaram várias rodadas de consultas ao longo do ano passado, com ambos os lados pretendendo concluir as negociações até 2024.

Eventos como o Ano de Intercâmbios entre Povos China-ASEAN estão programados para 2024 para melhorar as perspectivas de cooperação entre a China e os países da região da Ásia-Pacífico no próximo ano.

EUROPA: MUDANÇA NA LIDERANÇA DA UE INFLUENCIA POLÍTICAS, EXTREMA-DIREITA PODE GANHAR MAIS FORÇA

Em 2024, a Europa enfrentará várias incertezas políticas e de segurança. As eleições para o Parlamento Europeu estão marcadas para junho, com potenciais mudanças em cargos-chave, como a presidência da Comissão Europeia, a presidência do Conselho Europeu, a presidência do Banco Central Europeu, o alto-representante para a política externa e de segurança e a presidência do Parlamento Europeu.

Essas mudanças poderão influenciar significativamente a política da União Europeia (UE). Se a atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que conta com o apoio dos Estados Unidos, garantir que a reeleição será um ponto focal.

É também provável que vejamos um maior fortalecimento das forças políticas de extrema-direita na Europa. Os partidos de extrema-direita ganharam influência significativa em países como a Finlândia e os Países Baixos, entrando em gabinetes ou vencendo eleições parlamentares em 2023.

Com a prolongada crise na Ucrânia e os conflitos entre Palestina e Israel, um novo afluxo de refugiados para a Europa poderá reforçar o apoio aos movimentos de extrema-direita contra imigrantes.

A crise da Ucrânia continuará sendo uma grande preocupação de segurança para a UE em 2024. Alguns países da UE poderão assinar acordos bilaterais de segurança com a Ucrânia, prometendo inteligência a longo prazo e assistência militar. No entanto, vozes dissidentes na UE indicam que a União como um todo pode estar hesitante em tomar medidas importantes.

Na frente econômica, as projeções de instituições como o FMI e o Banco Central Europeu sugerem uma recuperação modesta para a UE em 2024, com uma amenização na inflação potencial. No entanto, a pesquisa também indicou um crescimento menos otimista na Alemanha, o motor econômico da UE.

Foto tirada no dia 15 de novembro de 2023 mostra parte do edifício da Comissão Europeia em Bruxelas, Bélgica. (Xinhua/Zhao Dingzhe)

ÁFRICA: BUSCANCO DESENVOLVIMENTO ENTRE RISCOS DE SEGURANÇA E ESTABILIDADE

Com a adesão da União Africana ao G20 em 2023, e o Egito e a Etiópia se tornando membros do BRICS, a participação e influência da África nos assuntos globais sofrerá um impulso significativo no novo ano. O maior envolvimento da África nas questões globais proporcionará apoio substancial ao desenvolvimento do continente a nível estratégico.

A cooperação entre os países africanos também está aumentando. A construção da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) está progredindo rapidamente, com o comércio abrangente previsto para começar em 2024 através da plataforma. Espera-se que trinta países africanos implementem o acordo AfCFTA em 2024.

Os bancos centrais de 10 países africanos aderiram ao Sistema Pan-Africano de Pagamentos e Liquidações, que visa angariar a participação de todos os bancos centrais africanos até 2024.

Em 2024, o Fórum de Cooperação China-África (FOCAC, na sigla em inglês) convocará uma nova sessão, visando cooperação mais ampla entre a China e a África em vários domínios para o bem-estar dos seus povos. Ao mesmo tempo, a cooperação no âmbito da Iniciativa do Cinturão e Rota continua oferecendo oportunidades de desenvolvimento para a África.

A estabilidade e a segurança continuam sendo questões importantes para a região da África Subsariana em 2024. As agitações políticas têm sido frequentes na África Ocidental e na região do Sahel nos últimos anos. Em um contexto de fraca recuperação econômica e de questões de segurança não resolvidas, ocorrerão acontecimentos semelhantes no novo ano.

As agitações são também acompanhadas por pessoas que se opõem ao controle e à interferência ocidentais na África, o que implica que as relações entre os países africanos e suas antigas potências coloniais e a União Europeia podem ficar mais complexas.

As recentes eleições presidenciais em Madagascar e na República Democrática do Congo, além das próximas eleições presidenciais na África do Sul, no Senegal e em outros países em 2024, terão impacto direto na trajetória dessas nações e da região. A aceitação dos resultados eleitorais pelos partidos relevantes moldará a situação nesses países e na região em geral.

Foto tirada no dia 11 de setembro de 2023 mostra canteiro de obras do projeto Distrito Comercial Central (DCC) na nova capital administrativa, a leste do Cairo, Egito. (Xinhua/Ahmed Gomaa)

AMÉRICA LATINA: “ESQUERDA” x “DIREITA”, COOPERAÇÃO COM A CHINA TERÁ ANO ESSENCIAL

Após o revés da esquerda nas eleições presidenciais do Equador e a posse do presidente de extrema-direita argentino, Javier Milei, a segunda vaga da “maré rosa” na América Latina encontrou obstáculos em meio aos desafios econômicos prolongados.

À medida que 2024 surge como um ano eleitoral essencial na região, com disputas em El Salvador, no Panamá, na República Dominicana, no México, no Uruguai e na Venezuela, os resultados determinarão se a trajetória política da América Latina sofrerá recalibração da “esquerda” para a “direita”.

Entretanto, os resultados das eleições terão impacto significativo no ressurgimento em andamento da integração latino-americana e na eficácia dos mecanismos regionais de resolução de conflitos. Todos esses fatores influenciarão a resolução de conflitos regionais, incluindo a crise política na Guatemala e as disputas territoriais entre a Venezuela e a Guiana.

Novo presidente da Argentina, Javier Milei (centro), faz discurso à população na varanda do Palácio Presidencial Casa Rosada em Buenos Aires, Argentina, no dia 10 de dezembro de 2023. (Foto por German Adrasti/Xinhua)

Espera-se que a cooperação China-América Latina alcance um ano frutífero em 2024. A antecipada cúpula do Fórum China-CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) deixe de ser projeto e vire realidade.

Em 2024, com o G20 e a APEC a serem ambos presididos por países latino-americanos, a região deverá chamar a atenção global. Nesse contexto, a convocação da cúpula do Fórum China-CELAC será uma forte demonstração do amplo consenso e do progresso positivo do “Sul Global” na construção de um novo paradigma de relações internacionais baseado no respeito mútuo, na igualdade, na justiça e na cooperação mútua.

Irá impulsionar a cooperação China-CELAC e melhorar o bem-estar das populações chinesa e latino-americana, além de contribuir conjuntamente para o avanço da humanidade. (Repórteres de vídeo: He Yiping, Lyu Yingxu, Liu Weijian, Ismael Peracaula e Paul Giblin; editores de vídeo: Jia Xiaotong, Li Qin, Liu Yutian, Liu Xiaorui, Zhu Jianhui, Liu Ruoshi e Li Ziwei)

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