Destaque: Mulher zambiana inspira outras a se aventurarem em áreas dominadas por homens

Lusaca, 14 ago (Xinhua) - Beatrice Nanyangwe está acostumada a ver muitas pessoas assistindo seu trabalho em sua oficina de carpintaria em Ndola, capital da província de Copperbelt na Zâmbia.

"A maioria das pessoas fica pasma quando me vê fazendo móveis porque acham fascinante e estranho para uma mulher fazer esse tipo de trabalho", disse Nanyangwe, 50 anos.

Nanyangwe, que mora no complexo Chipulukusu de Ndola, fabrica uma variedade de peças de móveis há mais de um ano, algo em que ela entrou após passar por um treinamento em carpintaria e marcenaria em uma instalação correcional há alguns anos em Lusaca, capital da Zâmbia.

Ela lembrou que, entre as muitas oportunidades de treinamento profissionalizante oferecidas na unidade, ela optou pela carpintaria porque é apaixonada por fazer móveis.

"Carpintaria sempre foi minha paixão, mas por vários motivos eu nunca tive a chance de praticar quando era mais jovem. Foi quando fiquei oito meses encarcerada que tive a oportunidade de receber treinamento e me tornar uma carpinteira certificada", disse ela.

Ela acredita que sua mudança para se aventurar em um campo dominado pelos homens está encorajando outras mulheres a explorarem suas habilidades e melhorarem a si mesmas e à sociedade.

"A maioria das mulheres que passam pelo meu local de trabalho mostram que ficam inspiradas pelo meu trabalho e querem aprender a fazer trabalhos de carpintaria", disse Nanyangwe entusiasmada.

A mãe de seis filhos revelou ainda que fazer uma variedade de peças de mobiliário é agora sua principal fonte de sustento, que lhe permite ganhar o suficiente para sustentar sua família.

E o marido dela, Caphas Mulenga, que também é carpinteiro, disse que ter uma esposa no mesmo ofício tornou as coisas mais fáceis para ele e que ele não se intimidou com o conhecimento dela em um ofício que muitas vezes é visto como apenas para homens.

"Ela me ajuda sempre que fico sobrecarregado com pedidos de clientes. É bom ter uma parceira que não apenas entende o seu trabalho como também é capaz de ajudar", disse Mulenga, 42 anos.

Ao apelar aos homens para que ajudem as mulheres a perceberem seu potencial através de apoio, Mulenga disse que muitas mulheres e meninas podem contribuir para a sociedade, mas são inibidas por estereótipos de gênero.

"Atribuir tarefas às mulheres usando construções sociais limita seu potencial. Minha esposa provou que as mulheres são capazes de fazer a maior parte do trabalho que a sociedade pensa que só pode ser feito por homens", afirmou Mulenga. 

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