(Multimídia) Entrevista: Ex-embaixador dos EUA relembra viagem histórica de 1971 à China e pede cooperação hoje
Vídeo: 50 anos atrás, o então conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Henry Kissinger, empreendeu uma missão secreta a Beijing, que ajudou a estabelecer as bases para a visita de quebra-gelo de Richard Nixon à China e a normalização eventual dos laços EUA-China. Conversamos com Winston Lord, um diplomata norte-americano que acompanhou Kissinger em sua visita secreta. (Xinhua)
Washington, 9 jul (Xinhua) -- "Voando pela segunda montanha mais alta do mundo, K2, quando o amanhecer estava caindo na neve, estávamos no meio desta viagem dramática e secreta", relembrou o ex-embaixador dos EUA na China Winston Lord em uma entrevista recente à Xinhua. "É uma memória que nunca esquecerei."
Embaixador dos EUA na China de 1985 a 1989, ele foi uma figura-chave por décadas na restauração e desenvolvimento das relações bilaterais. No momento em que os laços estão em baixa, pode ser útil revisitar como iniciou esse relacionamento mais consequente no mundo.
Há cinquenta anos, em 9 de julho, Lord e o então conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Henry Kissinger, entraram sorrateiramente em um voo de Islamabad a Beijing.
De acordo com um plano bem orquestrado, Kissinger alegou doença na noite anterior e o então presidente paquistanês, Yahya Khan, o convidou a ficar em uma estação de montanha por dias para se recuperar. Em vez disso, Kissinger foi secretamente para a China.
Na época, Washington e Beijing tinham incentivos para uma reaproximação após duas décadas de hostilidade e isolamento, disse Lord, então um importante assessor de Kissinger, e ambos os lados planejavam tal visita por meio de sinais públicos e mensagens privadas desde 1969.
"Já que nossos dois países estiveram em confronto por 22 anos, foi preciso coragem dos líderes de ambos os lados para seguir em frente com esse movimento dramático".
Lord ficou entusiasmado com a viagem de volta em 1971, não apenas por seu arranjo dramático e a consequente implicação geopolítica, mas também por um motivo pessoal. "Minha esposa nasceu em Shanghai e veio para os Estados Unidos aos oito anos, então eu estava voltando para a terra onde ela nasceu", observou ele à Xinhua.
"Tecnicamente", por causa da viagem, Lord se tornou o primeiro oficial dos EUA a entrar na China desde 1949. "Quando entramos no espaço aéreo chinês, eu estava na frente do avião", lembrou Lord. "Sempre afirmei ser o primeiro oficial americano a chegar à China em 22 anos e o Dr. Kissinger admitiu isso em seu livro."
Durante a visita de dois dias, Kissinger e o então primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai, mantiveram conversas intensas e defenderam as posições de cada país, afirmou Lord.
"Houve um dar e receber geopolítico, histórico e filosófico muito interessante, bem como vários assuntos que estariam na agenda do presidente", acrescentou.
"Cada lado atingiu seus objetivos básicos", continuou ele. "Foi uma clássica, como os chineses gostavam de dizer, situação de ganho mútuo."
A visita pavimentou o caminhou para a viagem história do então presidente dos EUA, Richard Nixon, à China sete meses depois, que Lord descreveu como um dos desenvolvimentos internacionais mais importantes no último meio século.
Desde a viagem, o cenário internacional passou por mudanças profundas. "De vez em quando, você tem que entender as necessidades básicas, as linhas vermelhas, os verdadeiros interesses nacionais um do outro e onde eles realmente têm uma grande dificuldade em avançar em sua posição", disse Lord, também secretário-adjunto de Estado para os Assuntos do Leste Asiático e Pacífico na administração do ex-presidente dos EUA Bill Clinton.
"Distinguir problemas de áreas em que algum progresso pode ser feito e distinguir aquelas em que, por sua vez, há interesses comuns reais", acrescentou.
Durante a entrevista, Lord disse que os dois países poderiam cooperar em mudanças climáticas, pandemia de COVID-19 ou não proliferação nuclear para estabilizar o relacionamento em um momento de dificuldade e tensões.
"Esses princípios permanecem válidos após 50 anos, ou seja, coloque-se no lugar da outra pessoa, do que ela precisa e como você pode conciliar isso com o que você precisa", assinalou ele.

Winston Lord, ex-secretário-adjunto de Estado dos EUA, fala durante uma entrevista à Xinhua em Nova York, Estados Unidos, em 10 de fevereiro de 2012. (Xinhua/Wang Lei)
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