Aplicativo de celular criptografado do FBI leva a centenas de prisões em operação global

Los Angeles, 8 jun (Xinhua) -- O Escritório de Campo de San Diego do Departamento Federal de Investigação (FBI) anunciou na terça-feira que o Anom, uma plataforma de comunicação criptografada controlada pela autoridade e popularmente usada entre organizações criminosas, levou ao sucesso da Operação Trojan Shield, no qual mais de 800 suspeitos foram presos no mundo inteiro.

Coordenadas pelo FBI, Polícia Federal Australiana, Europol e parceiros de aplicação da lei em mais de uma dúzia de países nos últimos dias e semanas, as autoridades realizaram centenas de prisões na Austrália e em toda a Europa neste esforço secreto internacional, e apreenderam mais de 32 toneladas de drogas, 250 armas de fogo, 55 carros de luxo e mais de 48 milhões de dólares americanos em dinheiro e criptomoedas.

O escritório de campo do FBI em San Diego afirmou em um comunicado que era o centro para mais de 100 agentes e analistas e 80 linguistas que se reuniram para a operação que começou com a derrubada do Phantom Secure, uma empresa que fornecia dispositivos criptografados reforçados para organizações criminosas, em 2018.

A filial do FBI em San Diego então recrutou uma fonte confidencial que trabalhava em dispositivos criptografados de próxima geração e tinha ligações com a rede de distribuição obscura da Phantom Secure. Esses co-agentes concordaram em deixar o FBI assumir o controle do novo dispositivo, apelidado de Anom, e ajudá-lo a se espalhar.

Antes que o dispositivo pudesse ser colocado em uso, as agências nos Estados Unidos e em outros países trabalharam com a fonte para construir uma chave mestra no sistema de criptografia existente que se anexa clandestinamente a cada mensagem e permite que a polícia decifre e armazene a mensagem conforme transmitida.

De sua primeira base na Austrália, a rede Anom se espalhou para mais de 100 países e regiões, segundo a Europol, os cinco principais países onde os dispositivos Anom são usados ​​atualmente são Alemanha, Holanda, Espanha, Austrália e Sérvia.

O FBI afirmou que as agências de aplicação da lei trabalharam juntas para fornecer "mais de 12.000 dispositivos a centenas de organizações criminosas que operam em todo o mundo". Esses dispositivos são normalmente adquiridos através de redes de referência boca a boca por entre 1.200 e 2.000 dólares cada, e os compradores foram informados que eles foram especialmente projetados com ferramentas robustas de criptografia de dados e poderiam ser limpos remotamente se caíssem nas mãos de aplicação da lei.

No entanto, o FBI estava sendo copiado em todas as mensagens trocadas, desde negociações de drogas até lavagem de dinheiro por meio do dispositivo, no total cerca de 27 milhões delas em todo o mundo.

O agente-especial-assistente do FBI em San Diego responsável, Jamie Arnold, foi citado dizendo que "esta foi uma maneira criativa e inovadora de entrarmos pelo firewall e ver o que estava acontecendo entre a liderança dessas organizações criminosas".

Arnold disse que o desgaste da confiança nessas redes era o objetivo principal, junto com a coleta de informações investigativas inestimáveis.

"Os grupos criminosos que usam comunicações criptografadas para impedir a aplicação da lei não deveriam mais se sentir seguros nesse espaço", disse Arnold. "Esperamos que os criminosos em todo o mundo temam que o FBI ou outra organização policial possa, de fato, estar operando sua plataforma".