Entrevista: Suzano, maior produtora global de celulose de eucalipto, quer aumentar sua presença na China

2021-05-05 16:01:51丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 4 mai (Xinhua) -- A empresa brasileira Suzano, maior produtora global de celulose de eucalipto e líder mundial no mercado de papel, pretende aumentar sua presença na China, "o mercado mais importante para todas as empresas do mundo", explicou à Xinhua o presidente do Conselho de Administração da Suzano, David Feffer.

Numa recente entrevista online, Feffer destacou a importância que a China tem para a empresa brasileira e a intenção de "estreitar" as relações com o país asiático, algo que poderia ser feito graças à "maravilhosa" iniciativa Cinturão e Rota.

"A nossa presença na China vai além das relações comerciais, procuramos contribuir ativamente com o povo da China, com o governo, escolas, universidades... ainda durante o início da pandemia a Suzano fez uma doação que para nós foi muito grande, de 200 mil máscaras para a população chinesa, e foi feita com muita vontade de estreitar o relacionamento com uma nação tão poderosa como a China", afirmou.

MERCADO MAIS IMPORTANTE

Feffer lembrou os primórdios da empresa, fundada em 1924 por seu avô, que veio da Ucrânia para o Brasil "sem nada, mas com muita vontade de vencer" e que "com o tempo, progrediu. Primeiro montou uma pequena papelaria, depois uma fábrica de papel, depois a primeira fábrica de celulose de eucalipto do mundo".

Atualmente, a Suzano é uma das maiores empresas do Brasil com presença em todo o planeta.

"Nosso crescimento nos tornou a maior empresa global de celulose, temos 11 fábricas no Brasil, quase 40.000 funcionários diretos e indiretos e exportamos para mais de 100 países. É um trabalho que só foi possível porque sempre inovamos e sempre buscamos soluções que atendam às demandas do mercado e que sejam diferentes das soluções do dia a dia", explicou.

"Estamos presentes no dia a dia de milhões de pessoas no mundo e agimos de forma muito responsável e ética, sempre olhando para o longo prazo, algo que aprendemos com nossos amigos chineses, olhar o longo prazo. Somos uma empresa que sempre está inovando e renovando", comentou.

Segundo Feffer, "a China é o mercado mais importante para todas as empresas do mundo e também para a Suzano. Estamos muito comprometidos com a China, onde estivemos pela primeira vez em 1985 e já fomos ver se podíamos fazer alguma coisa, com uma associação. Deixamos nossas sementes na China, e hoje na ilha de Hainan e na província de Guangdong, muitos dos eucaliptos que existem são dessas sementes", lembrou.

Como sinal da importância da China para a Suzano, o empresário acrescentou: "temos uma operação muito grande na China, com mais de 30 pessoas. Temos um relacionamento com o governo, com think tanks, centros de inovação... temos uma presença bastante importante, estamos próximos dos nossos clientes e sempre buscamos alguma forma de estreitar esse relacionamento. Sabemos que podemos aprender muito com a China".

Para aumentar esse aprendizado, "este ano enviamos um de nossos diretores executivos à China, para aumentar a presença da empresa naquele continente, porque a China é um continente mais do que um país".

Feffer está convencido de que a Suzano "pode aprender e contribuir muito" na China, "principalmente na área de sustentabilidade e bioeconomia, onde temos muita experiência com nossas práticas industriais, florestais, logística, indústrias e na área de sustentabilidade".

OLHAR PARA O LONGO PRAZO

Uma das oportunidades para fortalecer o relacionamento com a China poderia ser a iniciativa do Cinturão e Rota, lançada pela China e que para Feffer "é maravilhosa e muito importante, mais uma vez mostra o pensamento pioneiro e corajoso da China, sua capacidade de pensar grande".

"Nós, da Suzano, também pensamos no longo prazo, achamos que há uma oportunidade de fortalecer os laços políticos, econômicos, industriais e comerciais do Brasil com a China. Queremos colaborar neste contexto, vemos que juntos podemos trabalhar na busca das soluções que o século 21 nos coloca", afirmou.

Segundo ele, "o propósito da Suzano é renovar a vida a partir da árvore, que é o nosso principal bem, o que a gente conhece, e são as árvores que captam carbono e podem ajudar a tornar o mundo mais limpo, e a Suzano, que tem muita experiência com isso, acredita que junto com a China ela pode trabalhar para desenvolver uma relação bilateral para a produção de bioprodutos, soluções inteligentes para o planeta".

Feffer, que viaja com frequência à China a trabalho, referiu-se às mudanças pelas quais passou o país asiático desde sua primeira visita, em 1985, e viu semelhanças entre o povo chinês e o brasileiro.

"A China é um país impressionante. A primeira vez que fui à China foi em 1985, e tenho as melhores lembranças da China e de seu povo, que é muito caloroso, muito divertido, sempre riem, têm muito em comum com o brasileiro, porque sempre está de bem com o mundo e a vida, sempre recebe bem e abraça a todos com grande entusiasmo, acolhe com grande amizade. Este é um ponto muito marcante", disse ele.

"Nestes quase 40 anos desde a minha primeira viagem, pude ver a mudança que aconteceu. A China daquela época era uma China que começava a ter uma abertura e hoje é líder mundial. Mostrou que o planejamento e a ação de longo prazo, que a meritocracia é o caminho certo. A China tem valores essenciais, desde Confúcio, que criou a meritocracia. A China tem praticado essa forma muito exemplar de desenvolver pessoas, e o que faz países e empresas bem-sucedidos são as pessoas, e a China tem pessoas muito bem preparadas, por isso temos essa relação muito próxima", destacou.

LUTA CONTRA A COVID-19

O presidente do Conselho de Administração da Suzano também falou sobre a situação atual que vive o mundo com a pandemia de COVID-19 e como a empresa teve que se adaptar a essa situação.

"A pandemia é um desafio para a humanidade, veio de repente e mudou a vida dos 7 bilhões de habitantes do planeta. Esses desafios são aprendizagens de superação e capacidade de adaptação. É incrível imaginar que em poucas semanas o mundo inteiro fosse trabalhar remotamente, isso era inconcebível em janeiro de 2020, e hoje todo o mundo tem isso como uma prática normal", explicou.

"A Suzano percebeu essas mudanças e felizmente se antecipou, se reestruturou, para mitigar os impactos. A primeira preocupação foi cuidar dos nossos colaboradores, depois das famílias dos colaboradores e em seguida das comunidades onde estávamos inseridos, no Brasil e fora do Brasil", disse.

"Cuidamos para que as fábricas continuassem operando porque temos uma responsabilidade muito grande, nossos produtos são essenciais para mais de 2 bilhões de pessoas no mundo, para fazer fraldas, lenços, absorventes, papel higiênico, papel para escrever, papelaria... fomos rápidos em nos organizar e tivemos sucesso. A Suzano está bem atualmente", finalizou. Fim

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