Destaque: Produtores de azeitonas Kalamata na Grécia buscam conquistar a China como próximo grande mercado
Kalamata, 10 abr (Xinhua) - Conhecida como a "rainha negra" de todas as azeitonas gregas, a Kalamata, cultivada nos olivais ao redor de Messínia, no sudoeste do Peloponeso, e nomeada em homenagem à capital da região, é integrante da gastronomia e economia local há séculos.
As azeitonas Kalamata (Elia Kalamatas em grego) estão incluídas na lista de cerca de 200 indicações geográficas (IG) de produtos europeus e chineses que agora estão protegidos por um recente acordo entre a China e a União Europeia (UE) que entrou em vigor no dia 1 de março.
Azeitonas da mesma variedade também são cultivadas em outras partes da Grécia, do Mediterrâneo e do mundo, mas é o microclima, o solo e os métodos tradicionais de cultivo e preservação usados na Messínia que tornam as azeitonas Kalamata únicas em todo o mundo, disseram à Xinhua em entrevistas recentes, agrônomos e especialistas em gastronomia.
As autênticas azeitonas Kalamata têm uma cor negra profunda quando colhidas maduras, explicaram eles. A sua textura é lisa e amendoada com uma ponta afiada "semelhante a uma unha de águia".
Depois de cortá-las, moradores locais as desfiam e conservam em sal, água e azeite. Eles não usam aditivos, como vinagre, no produto final, ou perderia o status de proteção.
As autênticas azeitonas Kalamata são suculentas e de intenso sabor. Tradicionalmente, têm sido usadas principalmente como azeitonas de mesa, mas nas últimas décadas também apareceram em receitas de molhos para salada, sopas, caçarolas ou intensificadores de molhos.
As azeitonas Kalamata são ricas em nutrientes e contêm vitaminas e antioxidantes essenciais. Vários estudos mostraram que seu consumo regular pode ajudar a diminuir o risco de doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer.
"Os níveis de compostos fenólicos são muito mais elevados nas azeitonas de mesa do que no azeite", explicou à Xinhua, Panagiotis Katsaris, agrónomo-biotecnologista e chefe do laboratório de azeite da Organização Helénica Agrícola (ELGO-DIMITRA) em Kalamata. "A ingestão de uma única azeitona por dia dá ao nosso corpo a mesma quantidade de fenóis que meio quilo de azeite daria. Esta é a maior e mais básica vantagem das azeitonas de mesa".
"As azeitonas têm uma longa história na Grécia. Temos referências em muitos textos gregos antigos e em muitos murais ou imagens em vasos retratando a colheita da azeitona e a produção de azeite. As azeitonas estão interligadas com a história deste lugar", disse Katsaris, que também é chefe das fazendas de Frutas, Legumes e Azeitonas do Instituto de Kalamata.
Katsaris foi entrevistado embaixo da "Mana Elia" (oliveira mãe em grego), a oliveira mais antiga registada na região de Kalamata. A idade estimada é de 1.500 a 1.700 anos. Esta enorme árvore tem mais de 14 metros de altura e um perímetro de tronco de mais de nove metros.
Acredita-se que esta seja a única oliveira em Kalamata que sobreviveu à destruição das forças do Império Otomano durante a Guerra da Independência da Grécia (1820-1831). Depois da guerra, os moradores tiraram galhos dessa árvore e plantaram novas azeitonas na região. Acredita-se que todas as oliveiras de Kalamata e arredores se originem dessa mesma árvore.
Foi assim também que os ancestrais de Constantinos Pavlopoulos criaram seus próprios olivais. Ele é um olivicultor de terceira geração. Para ele, e para seu irmão e cerca de 20.000 produtores da região, as azeitonas Kalamata são o seu sustento.
"É um processo demorado e economicamente caro", disse Pavlopoulos. "É difícil cultivar azeitonas. É preciso passar inúmeras horas e dias fora no campo. Procuramos fazer todo o trabalho o máximo possível manualmente para que possamos ter o produto mais ideal possível", explicou ele.
Pavlopoulos também evita o uso de herbicidas. Ele adere aos métodos tradicionais de cultivo ecológicos e quer passar o conhecimento para seus filhos.
A maneira mais simples de saborear azeitonas Kalamata é prová-las sem caroço e fatiadas em salada ou servidas em biscoitos em um prato de queijo, disse Panagiotis Papanikolopoulos, um provador de azeite certificado e blogueiro de comida.
"Nos últimos anos, com a modernização dos produtos tradicionais, surgiram novos usos para a azeitona. Aparecem em pastas, patês, fatiadas e sem caroço. Todos esses usos culinários sofisticados são, naturalmente, baseados em receitas tradicionais, como a geleia ou o chutney com toques apimentados como gengibre e doces de colher", explicou ele.
"Há um equilíbrio tênue aqui entre tradição e inovação", ressaltou ele.
Giannis Pazios é gerente-geral da cooperativa agrícola Messinia Union, que desempenhou um papel ativo no registro do nome "Elia Kalamatas" como Denominação de Origem Protegida (DOP) em 1996 pela UE, assim como nas negociações que conduziram ao acordo UE-China.
"Acreditamos que é um grande passo, pois podemos ter a devida proteção em um mercado enorme como o chinês, que tem uma culinária especial com procedimentos simplificados para nossos produtos. É muito importante, pois encontramos novos mercados", disse ele à Xinhua.
"É criada uma bela interação. Os produtos chineses virão para a UE e ficarão conhecidos por nós, porque não os conhecemos, e talvez os integremos em nosso cotidiano. Ao mesmo tempo, a China, que é um mercado enorme, pode oferecer grandes oportunidades para novos produtores entrarem no cultivo (da azeitona Kalamata) se desenvolvermos laços comerciais com este país", disse ele.
Atualmente, a região de Messinia produz cerca de 10.000 toneladas de azeitonas anualmente, com 4.000 toneladas exportadas para todo o mundo. O cultivo de azeitonas Kalamata é responsável por 75 por cento da produção agroalimentar da região.
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