Entrevista: Filial brasileira 99 inspira gigante chinesa Didi e beneficia-se da inovação chinesa

Por jornalista Xun Wei

Xinhua, 17 nov (Xinhua) -- "A Didi empodera a 99 com capital, inovação e eficiência, enquanto a 99 contribui com novo feedback e inspiração", disse Yang Mi, gerente-geral da empresa de propriedade chinesa 99, nesta segunda-feira à Xinhua.

Em janeiro de 2018, a chinesa Didi Chuxing adquiriu a empresa brasileira 99, que também foi criada em 2012, com US$ 1 bilhão. Esse foi o ponto de partida da estratégia de globalização da Didi, e também criou o primeiro unicórnio do Brasil (startup privada avaliada em mais de US$ 1 bilhão).

Falando sobre o motivo de tomar o Brasil como o começo da globalização da Didi, Yang mencionou três pontos: primeiro, ambas são jovens, tendo ideias e valores semelhantes em relação ao desenvolvimento; segundo, o Brasil possui uma grande população urbana, que se pode transformar em uma enorme demanda; terceiro, o trânsito não agrada os cidadãos e existe uma crescente demanda por transportes.

Graças à operação e medidas inovadoras da Didi, o volume de negócios da 99 cresceu mais de dez vezes em quase três anos após a aquisição, com seus negócios expandindo-se de carona paga para entregas de comida e encomendas, além de pagamento móvel, detalhou Yang. Segundo os dados mais recentes, a 99 conta com mais de 750 mil motoristas contratados e 20 mil usuários inscritos.

"Agora a 99 concluiu basicamente a primeira fase no Brasil -- criar uma plataforma de transporte de balcão único com seguridade e preço acessível", assinalou Yang, acrescentando que a segunda fase é torná-la em uma super plataforma de todos os serviços cotidianos com as tecnologias mais avançadas.

O empresário prevê que o mercado brasileiro ainda tenha espaço para crescer de 2 a 3 vezes no futuro.

Na opinião de Yang, a aquisição da 99 por uma empresa chinesa é um marco para o setor brasileiro, o que incentivou significativamente o entusiasmo de inovação das empresas de tecnologia locais.

"A Didi empodera a 99 com capital e traz as ideias de inclusão, inovação e eficiência, que são muito importantes para os chineses", disse Yang, acrescentando que a Didi organizou várias visitas para os funcionários brasileiros à sede chinesa, durante as quais eles trocaram ideias com seus colegas chineses.

Além disso, a Didi também aproveitou sua experiência em trânsito inteligente para ajudar o desenvolvimento urbano do Brasil. A empresa chinesa cooperou com o governo de Porto Alegre para criar seu primeiro projeto de trânsito inteligente no país latino-americano, esperando ajudar a resolver a lentidão em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo Yang, a China entrou em sua segunda etapa de investimento no exterior, que foca mais em benefício mútuo, localização e contribuição local. Seguindo tal tendência, a 99, além de motoristas, contratou mais de 1.300 funcionários locais. Os serviços de entrega ajudaram também inúmeros pequenos negócios e indivíduos.

Por outro lado, as experiências de operação no mercado brasileiro também são valiosas para a Didi e contribui para o desenvolvimento da matriz, apontou Yang, mencionando que várias medidas de segurança aplicadas no mercado brasileiro, incluindo a distribuição inteligente de pedidos a motoristas mulheres, uma inovação única no Brasil, serão utilizadas em outros mercados e também na China.

"Com as tecnologias mais avançadas, o número de crimes na plataforma 99 diminuiu em mais de 80% desde a aquisição", disse Yang.

Sendo um mercado com alta diversidade, o Brasil também ajuda a Didi a compreender melhor os consumidores jovens tanto chineses como estrangeiros. A empresa chinesa lançou este ano na China uma nova marca de carona paga "Huaxiaozhu (Porquinho Colorido)", criação da qual, segundo Yang, foi muito inspirada pela 99.

"A globalização da Didi não é um canal único, mas duplo, a empresa oferece, e também obtêm", disse Yang, prometendo continuar desenvolvendo a 99 no Brasil para se tornar uma super plataforma com serviços diversificados.