Pandemia da COVID-19 causa aumento da ansiedade em 80% da população brasileira, aponta pesquisa

Rio de Janeiro, 31 out (Xinhua) -- Uma pesquisa divulgada neste sábado pela Agência Brasil indica que 80% da população brasileira se tornou mais ansiosa durante a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), cifra muito superior à média de 30% registrada em outros países.

Realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a pesquisa mostrou que "as pessoas desenvolveram ou aumentaram- para quem já tinha- sintomas de estresse, ansiedade ou depressão", segundo explicou a professora Adriane Ribeiro Rosa, coordenadora do estudo.

"Isso foi bem, inclusive porque quando se comparam nossos dados om os de outros países, como Itália e China, 80% da população de nossa pesquisa chegou a reportar sintomas de moderados a graves de ansiedade e 68% de depressão", acrescentou.

A média de ansiedade nos países foi de 30%. Para Ribeiro, isso tem a ver com questões socioeconômicas e culturais, como renda e escolaridade, que tendem a ser mais baixas no Brasil.

"É um fator que agrava os sintomas relacionados à saúde mental. Sabemos que, se os níveis de escolaridade e de renda são bons, funcionam como proteção, mas se são ruins, fazem o efeito contrário", disse a professora.

Segundo Ribeiro, "o que se está vivendo nesses meses (de pandemia) é uma situação de estresse. É obvio que haverá um grupo que consegue enfrentar essa situação, chamado resiliente e outro, mais suscetível, que acaba adoecendo ou apresentando esse sintoma".

A pesquisa mostrou também que 65% dos entrevistados têm um sentimento de raiva, 63% sintomas somáticos, que podem ser sensação de dor, mal estar gástrico ou qualquer coisa orgânica que resulte em um quadro de ansiedade e 50% teve alteração do sono.

Os mais afetados foram "as mulheres, os mais jovens, os de menor renda e menor escolaridade e os que já tinham um histórico prévio de doença psiquiátrica", comentou a professora.

A pesquisa foi a primeira feita no Brasil para rastrear a prevalência de sintomas psiquiátricos causados pela pandemia da COVID-19 na população e foi realizada durante os meses de maio, junho e julho com 1.996 pessoas maiores de 18 anos.