Governo brasileiro alerta sobre uma "trajetória explosiva" nas contas públicas se os gastos não forem controlados

Rio de Janeiro, 27 out (Xinhua) -- O governo brasileiro alertou nesta terça-feira que se os gastos obrigatórios não forem controlados haverá "trajetória explosiva" nas contas públicas e que isso provocaria um aumento dos temores dos investidores sobre a capacidade do país para pagar a dívida pública.

Em um documento divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Economia sobre o plano para a retomada econômica pós-pandemia, o governo afirmou que, se não forem feitas reformas para conter os gastos obrigatórios, haverá um aumento da taxa de juros, além da necessidade de se fazer um esforço significativo para conter os gastos não obrigatórios com um "aumento significativo da já elevada carga de impostos".

"Sob a hipótese de que o forte aumento da dívida desencadearia uma crise de confiança, mas que após esse evento, as medidas necessárias de ajuste fiscal estrutural seriam tomadas, se projeta que o PIB per capita apresentaria um crescimento nulo ou até uma variação negativa no acumulado do período até 2031", segundo o texto.

Para o governo, "o quadro indica com bastante clareza o elevado custo fiscal de não executar medidas que garantam o equilíbrio fiscal estrutural das contas públicas e adia a resolução do desajuste fiscal até que medidas mais drásticas sejam necessárias".

Atualmente, o Congresso brasileiro se prepara para discutir reformas propostas pelo governo para conter os gastos obrigatórios nos próximos anos.

O objetivo do governo é tentar manter vigente o chamado teto dos gastos, que limita o aumento dos gastos públicos à variação da inflação do ano anterior. Para o governo, este mecanismo mantém a sustentabilidade das contas públicas.

Segundo o documento, se forem feitas as reformas fiscais que evitem uma trajetória explosiva da dívida pública, a estabilidade econômica se manterá e isso geraria um crescimento econômico médio de 2,2% até 2031.