Brasil deve se basear apenas em critérios científicos para escolher vacinas contra COVID-19, afirma infectologista

2020-10-25 18:24:19丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 24 out (Xinhua) -- O Brasil deve deixar de lado questões políticas e se basear unicamente em critérios científicos para escolher as vacinas contra a pandemia do novo coronavírus a serem fornecidas à população, afirmou à Xinhua o infectologista Marco Aurelio Palazzi, da Santa Casa de São Paulo.

Durante a última semana, o presidente Jair Bolsonaro e vários governadores discordaram publicamente sobre a vacina que deverá ser adotada pelo país para imunizar a população, o que causou uma grande polêmica nos meios de comunicação e nas redes sociais.

Por sua vez, o presidente da estatal Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), António Barra, afirmou que não aceitará pressões externas contra ou a favor de determinada vacina contra a COVID-19.

Para Palazzi, poder fornecer as vacinas à população assim que estejam autorizadas "é um tema de suma importância. Creio que o mais importante e sensato agora mesmo é pautarmos as decisões na ciência e nos dados científicos. As políticas de vacinação no Brasil sempre foram realizadas com muito êxito, baseadas em dados científicos e em evidências científicas, independentemente de discussões políticas."

O infectologista considera que as políticas de vacinação contra a COVID-19, uma vez que seja finalizada a terceira fase dos estudos, devem ser delegadas aos especialistas, depois de se analisar os dados de cada uma das vacinas.

"Acredito que levar para o campo político a discussão sobre a vacina não leva a nada e dá margem às famosas fake news, que tantos danos trazem para a população e para a área da saúde. Sou partidário de quanto mais longe da política estiver a discussão sobre a vacina, melhor será o processo de vacinação", assinalou.

Outro aspecto ressaltado por Palazzi é a negativa de algumas pessoas em relação a tomar a vacina. Apesar da gravidade da COVID-19, o presidente Jair Bolsonaro afirmou esta semana que a vacina não será obrigatória.

"Tem que ficar claro para a população que as empresas que estão testando as vacinas são muito sérias e os estudos são pautados por princípios éticos e científicos que permitirão que tenhamos dados. E, uma vez que tenhamos acesso a esses dados, poderemos compreender melhor o que esperar dessas vacinas. No momento, esses dados não foram compartilhados com a comunidade científica porque os testes não terminaram e ainda não temos uma ideia precisa do impacto que essas vacinas terão quando forem implementadas", afirmou.

Palazzi ponderou ainda: "temos que passar a mensagem de dar tempo aos estudos, deixar que continuem para que possamos utilizar os dados de forma segura quando terminarem e que se permita implementar as políticas com êxito".

Sobre a situação do vírus no país, alertou que apesar da queda de mortes e casos nas últimas semanas, há o risco de que haja uma nova onda de casos se a população e as autoridades relaxarem.

"De maneira geral, o país vive um cenário de redução de casos e mortes, algo que tem sido relativamente consistente nas últimas semanas. É uma situação mais favorável, mas não podemos baixar a guarda. É importante que continuemos com as medidas que se mostraram efetivas para combater a pandemia no país. Corremos o risco de sofrer uma segunda onde, como vemos que está acontecendo na Europa", alertou o infectologista.

Segundo Palazzi, é importante que se mantenham as medidas que são eficientes para mitigar e manter a taxa de transmissão do vírus sob controle, o que é uma conquista no Brasil.

Com cerca de 157.000 mortes e quase 5,4 milhões de casos da COVID-19 no país, o Brasil vem reduzindo ambas as curvas desde o início de setembro. Segundo o último balanço divulgado pelo consórcio dos veículos de comunicação, a média de mortes diária foi de 471, a mais baixa desde 7 de maio.

Apesar disso, Palazzi alertou: "está claro que é um vírus que continua circulando e continuará fazendo isso, se converterá em endêmico e é plausível que tenhamos um retorno da COVID-19 em nosso país."

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