Pesquisadores descobrem nova forma usada pelo vírus COVID-19 para entrar em células humanas

Sydney, 21 out (Xinhua) -- Pesquisadores australianos descobriram em conjunto com seus pares internacionais outra forma que o vírus COVID-19 usa para entrar nas células humanas, o que pode explicar a alta taxa de infecção do vírus em comparação com outros vírus semelhantes.

Já era de conhecimento dos pesquisadores que o vírus SARS-CoV-2, causador dos sintomas da COVID-19, usa o receptor ACE2 nas células humanas como uma porta de entrada, ligando sua proteína spike ao receptor.

Em dois estudos divulgados na quarta-feira, os pesquisadores da Universidade de Queensland (UQ), na Austrália, e seus pares europeus descobriram que o vírus também pode usar outro receptor, que se chama neuropilina, para entrar nas células humanas.

"Agora sabemos que, além do receptor ACE2 já conhecido, a proteína pode se ligar a um segundo receptor nas células hospedeiras chamado neuropilina", disse o co-pesquisador Prof. Brett Collins do Instituto de Biociência Molecular da UQ.

"Usamos a cristalografia de raios-X para ver a estrutura das proteínas em nível atômico e visualizar os pontos de ligação um nível espetacular de detalhes."

O fato de que os anticorpos que bloqueiam o receptor de neuropilina NRP1 são capazes de diminuir a infecção em 40% sugere fortemente que essa via é a chave para a infectividade do vírus, de acordo com o pesquisador.

O NRP1 é encontrado em uma variedade de células humanas, o que poderia explicar porque o vírus SARS-CoV-2 também pode afetar as células cerebrais humanas, com as consequências de longo prazo ainda não conhecidas, de acordo com o co-pesquisador Prof. Frederic Meunier do Instituto Cerebral da UQ.

"A descoberta de que NRP1 pode ser ligado a proteína spike abre caminho para pesquisas aprofundadas sobre o neurotropismo do vírus, sua capacidade de infectar o tecido nervoso, bem como novas abordagens terapêuticas", disse Meunier.