Incêndios em 2020 destruíram 23% do Pantanal brasileiro, diz relatório da UFRJ

Rio de Janeiro, 29 set (Xinhua) -- Os incêndios registrados este ano no Pantanal destruíram quase um quarto do bioma, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O fogo no Pantanal em 2020 já destruiu até 27 de setembro 3.461 hectares, o equivalente a 23% do bioma situado no centro-oeste do Brasil e que também é compartilhado com a Bolívia e o Paraguai. No mesmo período do ano passado, as queimadas destruíram 1.559 hectares, o que representa um aumento de 122%.

Os dados são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da UFRJ, que estima em tempo quase real as áreas queimadas no Pantanal.

Concretamente, até 27 de setembro, foram destruídos 2.053 hectares do Pantanal no estado de Mato Grosso e outros 1.408 no estado de Mato Grosso do Sul.

Segundo a professora do Lasa, Renata Libonati, responsável pelo monitoramento, houve uma evolução significativa da área queimada nos últimos 60 dias, e o fogo já destruiu grande parte de reservas naturais e terras indígenas.

"Essas queimadas iniciaram fora do Parque Nacional e da Reserva Particular do Patrimônio Natural, mas avançaram para essas localidades", explicou.

Segundo a pesquisadora, as queimadas já destruíram mais da metade da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista. "Sessenta por cento da sua área foi atingida pelo fogo até a segunda-feira. Além disso, também teve avanço do fogo no sul do Pantanal", relatou.

Em relação às terras indígenas, segundo os dados do Lasa, todos os sete territórios indígenas do Pantanal foram atingidos. A Terra Indígena Perigara é a mais afetada, com mais de 93% do seu território consumido pelo fogo.

Os cientistas do Lasa monitoram diariamente a localização e a extensão das áreas queimadas do Pantanal através de um sistema por satélite criado em Portugal e que combina imagens por satélite da Nasa com focos de calor e inteligência artificial para identificar novas áreas afetadas pelo fogo.