Cientistas do laboratório de Wuhan descartam alegação de vazamento do coronavírus e pedem cooperação internacional
Washington, 12 ago (Xinhua) -- O novo coronavírus "não poderia ter vazado de um laboratório", disseram virologistas chineses à mídia americana na segunda-feira, pedindo mais cooperação internacional durante o turbulento período causado pela pandemia.
"Tenho enfatizado repetidamente que foi em 30 de dezembro que tivemos contato com as amostras de uma pneumonia semelhante à SARS ou pneumonia de causa desconhecida enviadas do hospital", disse Yuan Zhiming, diretor do Laboratório Nacional de Biossegurança de Wuhan, à NBC News, o primeiro meio de comunicação ocidental convidado para o instituto desde o surto da COVID-19 na China.
"Não encontramos o novo coronavírus antes disso...não teria como ter vazado do laboratório", enfatizou Yuan.
Os comentários dele foram apoiados por Wang Yanyi, diretor do Instituto de Virologia de Wuhan (WIV, em inglês), que disse em sua entrevista à NBC News que o fato de nenhum dos cientistas do instituto ter contraído o vírus tornou extremamente improvável que o vírus pudesse ter escapado do laboratório.
O WIV, fundado na década de 1950, é uma renomada organização de pesquisa que se tornou o primeiro laboratório de biossegurança nível 4 (BSL-4) da China. Depois do surto da pandemia da COVID-19, o WIV foi alvo de diversas teorias de conspiração de que o vírus vazou dele.
No entanto, é consenso entre a comunidade acadêmica internacional que a teoria de vazamento não tem evidências e que o vírus tem origem natural.
O famoso especialista em doenças infecciosas e funcionário da saúde dos Estados Unidos, Anthony Fauci, esclareceu que as evidências científicas atuais mostram que é altamente improvável que o vírus seja artificial.
"Se você observar a evolução do vírus em morcegos e o que está atualmente em circulação, (as evidências científicas) apontam muito, muito fortemente para o fato de que não poderia ter sido artificial ou deliberadamente manipulado", observou ele em uma entrevista publicada em maio pela National Geographic.
Peter Daszak, diretor da EcoHealth Alliance, uma rede global sem fins lucrativos que desenvolve soluções para prevenir pandemias, também destacou que "não há absolutamente nenhuma evidência de que o vírus tenha escapado de um laboratório".
"O fato de eles publicarem a sequência (do patógeno) tão rapidamente me sugere que eles não estavam tentando encobrir nada", acrescentou.
De fato, apesar das repetidas alegações da administração dos EUA de que a COVID-19 originou-se de um laboratório de pesquisa ou de um mercado úmido em Wuhan, não forneceu nenhuma prova para sustentar tais alegações.
De acordo com a NBC News, os funcionários e ex-funcionários da inteligência dos EUA disseram em abril que as agências de espionagem tinham descartado que o coronavírus tivesse sido fabricado pelo homem.
Diante de uma controvérsia inflamada sobre a teoria do vazamento, o diretor da WIV, Wang, disse: "é lamentável que tenhamos sido apontados como bode expiatório para a origem do vírus".
"Qualquer pessoa inevitavelmente ficaria muito indignada ou incompreendida por estar sujeita a acusações injustificadas ou maliciosas, caso estivesse realizando pesquisas e trabalhos relacionados na luta contra o vírus", disse Wang.
Apesar de serem injustamente perseguidos, os especialistas chineses pediram uma maior cooperação internacional em meio à devastadora pandemia da COVID-19.
Wang observou que o instituto "apoiará plenamente" a Organização Mundial da Saúde em seus esforços para investigar a origem do patógeno, exortando que a política não atrapalhe as investigações sobre a forma de propagação do vírus em humanos.
Yuan assinalou que a deterioração das relações sino-americanas prejudicará a cooperação científica, que é muito importante para conter a pandemia.
"Não queremos que a tensão entre a China e os EUA se instale, pois isso não é bom para o desenvolvimento científico". Também não é bom para o progresso e a estabilidade mundiais", disse.
"Aprendemos muito com os cientistas americanos em termos de tecnologia, espírito e experiências científicas relevantes", disse ele. "Durante esta pandemia, creio que ainda precisamos acreditar e ter respeito pela ciência e confiar nos cientistas."
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