Análise de Notícias: Provavelmente 2020 será 'pior ano já registrado' para agricultura italiana devido ao calor e pandemia
Roma, 8 ago (Xinhua) - Outro verão escaldante está se combinando com os impactos do surto global de coronavírus causando um golpe duplo que deverá atrasar a economia italiana por anos.
Até o final de julho, as temperaturas eram mais altas do que a média em 16 das 20 regiões da Itália, de acordo com dados da Sociedade Meteorológica Italiana, conhecida como IFMS.
Isso não é novidade. As temperaturas médias na Itália aumentaram constantemente nas últimas duas décadas, e as estatísticas mostram que oito dos dez anos mais quentes já registrados na Itália ocorreram nos últimos 11 anos.
Neste verão, as altas temperaturas atingiram regularmente os 35 graus Celsius (95 graus Fahrenheit) em toda a Itália, exceto nas regiões montanhosas na parte norte do país. As temperaturas chegaram a ficar acima de 40 graus Celsius (104 graus Fahrenheit) com regularidade, um nível que até os últimos anos era raro na maior parte do país.
Economistas disseram que o clima quente pode atrapalhar a frágil recuperação econômica do país, que busca reiniciar o comércio e a produção após semanas de quarentena nacional em resposta ao coronavírus. A Itália foi o primeiro país europeu duramente atingido pela pandemia.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística da Itália, ou ISTAT, a economia da Itália encolheu 17,3 por cento no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2019, embora a maioria dos analistas espere que a economia se fortaleça no terceiro trimestre, terminando o ano com uma contração anualizada de cerca de 10 por cento.
"Quando as temperaturas sobem até certo ponto, isso significa que as pessoas têm menos probabilidade de saírem de suas casas para fazerem compras, irem a um restaurante ou viajarem para outra cidade", disse à Xinhua, Javier Noriega, economista dos banqueiros de investimentos Hildebrandt e Ferrar. "Mais importante, tem um grande impacto na produção agrícola, que afeta tudo, desde a produção de queijo e vinho até vegetais e ração animal".
O setor agrícola da Itália está sendo atingido por várias frentes, de acordo com Lorenzo Bazzana, chefe da seção de economia da Coldiretti, a principal associação agrícola da Itália.
"Em um ponto, a quarentena significou que os agricultores italianos tiveram que se contentar com 200.000 trabalhadores a menos do que em um ano normal, devido às restrições de viagem do coronavírus", disse Bazzana em uma entrevista, observando que a situação melhorou desde então, embora a força de trabalho agrícola ainda é "provavelmente dezenas de milhares de trabalhadores" a menos que o normal.
"Isso significa que algumas colheitas foram deixadas no campo, não colhidas", disse Bazzana. "Agora, com o tempo quente, é adicionado um novo conjunto sério de problemas que temos que resolver com menos tempo e menos trabalhadores para fazer isso".
Bazzana disse que, ao todo, 2020 provavelmente será considerado "o pior ano já registrado para a agricultura italiana".
Ele disse que alguns agricultores italianos correm o risco de fecharem as portas, aumentando as taxas de desemprego e afetando as exportações e a disponibilidade confiável de certos produtos nos supermercados italianos.
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