Destaque: Novo ano letivo começa em Gaza após 5 meses de fechamento devido ao coronavírus

Por Saud Abu Ramadan

Gaza, 8 ago (Xinhua) - No sábado, dezenas de milhares de crianças voltaram às escolas na Faixa de Gaza sitiada, após o fechamento de instituições educacionais por cinco meses devido ao surto de coronavírus nos territórios palestinos.

Todas as escolas administradas pelo Ministério da Educação do governo do Hamas, escolas particulares e escolas administradas pela Agência das Nações Unidas de Assistência e Trabalho (UNRWA), reabriram na manhã de sábado com instruções de tomarem todas as medidas preventivas contra a pandemia.

O Ministério da Educação e a UNRWA anunciaram o início do novo ano letivo 2020-2021 um mês antes do calendário anual para recuperar o período interrompido pelo surto de COVID-19 em março.

De acordo com o ministério e a UNRWA, todas as escolas na Faixa de Gaza foram esterilizadas nos últimos dias.

O horário escolar foi reduzido para cinco em vez de sete, disseram funcionários do Ministério da Educação. Os alunos estudariam a grade de recuperação que não foi concluída no decorrer do ano, disseram os funcionários, acrescentando que todos deveriam usar máscara e luvas.

Farid Abu Azra, chefe do Programa de Educação da UNRWA em Gaza, disse à Xinhua que "temos uma série de programas que visam oferecer apoio psicológico aos alunos que foram afetados negativamente por ficarem em casa por um longo período".

"Além disso, vamos ensinar aos alunos das nossas escolas como lidar com o novo vírus, incentivando-os a seguirem as orientações de saúde preventivas e a adotarem essas medidas na rotina infantil", afirma Abu Azra.

Ele explicou que as escolas da UNRWA conseguiriam integrar o ensino tradicional com o ensino a distância, para reduzir o número de horas de permanência dos alunos nas escolas.

A UNRWA disse que recebeu 285.768 estudantes refugiados palestinos em 277 escolas, incluindo 32.083 na primeira série do ensino fundamental.

Enquanto isso, Ayman al-Yazoory, um alto funcionário do Ministério da Educação dirigido pelo Hamas, disse à Xinhua que "há 402 escolas governamentais e 265.000 alunos na Faixa de Gaza".

A UNRWA afirmou em nota oficial que o turno da tarde começaria uma hora e meia após o término do período da manhã, para esterilizar as escolas entre os dois períodos.

O comunicado informa ainda que decidiu pelo fechamento das cantinas (refeitórios) no período atual, pedindo aos alunos que tragam de suas casas seus próprios alimentos e garrafas de água.

Ziad Thabet, subsecretário do Ministério da Educação da Faixa de Gaza, disse à Xinhua que durante o mês de agosto, as crianças receberiam materiais de recuperação, enquanto o número de aulas por dia escolar seria de apenas 4 aulas.

Ele explicou que o ministério preparou vários cenários para lidar com o ano escolar, incluindo diferentes estágios.

No dia 22 de março, o governo de Gaza, comandado pelo Hamas, declarou estado de emergência, impondo uma série de restrições preventivas. Todas as escolas, universidades, mesquitas e restaurantes foram fechados e reuniões públicas foram proibidas, especialmente nos mercados.

A densamente povoada Faixa de Gaza, lar de mais de dois milhões de palestinos, não registrou nenhuma infecção por COVID-19 entre as populações das cidades, vilas e campos de refugiados.

No entanto, desde 5 de março, o ministério da saúde dirigido pelo Hamas em Gaza registrou 78 infecções de palestinos, cidadãos da Faixa de Gaza que viajaram para o exterior e retornaram a Gaza através do ponto de passagem de Rafah com o Egito ou do ponto de passagem de Erez com Israel.

Além do bloqueio israelense imposto à Faixa de Gaza por mais de 13 anos, as autoridades do Hamas, que governam o enclave costeiro desde 2007, estão lidando estritamente com a prevenção da pandemia no território.

O Hamas controla os dois principais pontos de passagem entre Gaza e Egito ou entre Gaza e Israel, e qualquer cidadão de Gaza que venha do exterior através dos dois pontos de passagem é imediatamente colocado em quarentena fora das áreas densamente povoadas.