Estudo brasileiro aponta que a pandemia da COVID-19 está longe de acabar na América Latina
Rio de Janeiro, 11 jul (Xinhua) -- Um estudo brasileiro realizado pelo Observatório Fluminense COVID-19, formado por cientistas e estudantes universitários de sete centros de educação e pesquisa concluiu que a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) está longe de acabar na América Latina.
Segundo o estudo, divulgado neste sábado pela Agência Nacional, o momento atual é de aumento do número de casos e mortes ou uma estabilização em patamares muito elevados no continente.
Dos 15 países da América Latina analisados pelo projeto (não entraram El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras e Nicarágua), o gráfico chamado de semáforo indica que apenas Cuba e Uruguai estão no indicador verde, que significa que o país está "vencendo" a epidemia em relação ao número de casos registrados por semana. Na métrica por número de mortes por semana, o Paraguai também entra no verde.
Estão na cor amarela, que indica "quase lá" no enfrentamento à pandemia, Chile, Equador e Paraguai para novos casos por semana e apenas o Equador para o número de mortes. Todos os outros países estão no vermelho tanto para mortes como contágios semanais e "precisam agir" para controlar a disseminação do novo coronavírus.
O número de casos por milhão de habitantes varia muito na região, indo de 212 em Cuba e na faixa de 280 no Uruguai e na Venezuela, até 15.800 no Chile. Panamá e Peru estão na faixa de 9.500 por milhão e o Brasil em 8.000 por milhão.
Em número de mortes, Venezuela e Paraguai registram três óbitos por milhão, a Costa Rica tem cinco e Cuba e Uruguai estão com oito mortes por milhão de habitantes. Na ponta oposta, estão acima de 300 mortes por milhão o Chile, o Peru e o Brasil. Os dados foram consolidados na quarta-feira (8).
Segundo explicou o professor Américo Cunha, do Instituto de Matemática e Estatística da Uerj, que participa do projeto, a América Latina tem países de tamanhos muito diferenciados, portanto é limitado fazer uma análise abrangente do ponto de vista epidemiológico
"Cada país tem mais de uma única epidemia em curso. O Brasil mesmo tem centenas de epidemias, cada uma com seu curso próprio, algumas onde já está esgotando, outras ainda acelerando. O mesmo panorama acontece na América Latina nos diferentes países. Mas em países muito pequenos, na América Central, no Uruguai, o número global do país é um bom termômetro da situação local", comentou.
O último boletim do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cris-Fiocruz) sobre o Panorama de Resposta Global à COVID-19 indica que o continente americano é atualmente o epicentro da pandemia, concentrando mais da metade dos casos e mortes no mundo, liderados pelos Estados Unidos e Brasil, únicos países que alcançaram a casa do milhão de infectados.
Os dados do Observatório Fluminense indicam que a Colômbia está com uma curva crescente no número de casos e de mortes por COVID-19, igual ao México, terceiro país com mais mortes no continente americano e onde se alerta sobre a letalidade do vírus entre menores de idade.
No Peru, o bloqueio nacional foi suspenso e a quarentena se mantém nas regiões mais afetadas, enquanto o Uruguai, inclusive já reabriu as escolas.
"Na ausência de tratamentos eficazes ou de uma vacina amplamente disponível, se espera que a região das Américas experimente surtos recorrentes da COVID-19 nos próximos dois anos, que podem ser intercalados por períodos de senso de normalidade", concluiu o boletim.
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