Destaque: Jardinagem urbana cria raízes mais profundas em Cuba em meio a uma pandemia
Por Yosley Carrero
Havana, 5 jul (Xinhua) - Angel Hernandez, morador do distrito central de Playa em Havana, nunca imaginou que voltaria a cultivar depois de se aposentar, mas a pandemia de COVID-19 trouxe uma boa desculpa.
Como muitos cubanos, ele apoiou os esforços do país para aumentar a produção de alimentos em meio as restrições econômicas, o aperto do embargo comercial de seis décadas contra a ilha e agora a emergência de saúde.
O homem de 74 anos passa mais de três horas por dia cuidando de seu jardim urbano, um terreno de 150 metros quadrados onde cultiva ervas, legumes e frutas, de feijão, tomate e pepino a mangas e hortelã, um indispensável ingrediente do coquetel característico de Cuba, o mojito.
"Não precisamos sair para comer vegetais e ervas durante a quarentena", disse Hernandez.
"Não posso alimentar totalmente uma família de sete pessoas com essa produção em pequena escala, mas ajuda muito", disse ele, acrescentando "esta é a minha paixão".
Sua paixão também contribuiu para a construção da comunidade através de uma rede de compartilhamento de sementes que aprimorou as conexões entre entusiastas da jardinagem urbana, líderes comunitários e ativistas de segurança alimentar.
Milhares de pessoas como ele em todo o país fazem parte do movimento de agricultura urbana de Cuba, que surgiu como uma solução alternativa para ajudar o país sancionado a estabilizar o fornecimento de produtos frescos às cidades de Cuba.
Em meio à pandemia, o governo de Cuba está novamente encorajando agricultores e jardineiros urbanos a aumentarem a produção localmente para substituir as importações de alimentos.
Mais de 70 por cento da população do país vive em áreas urbanas, segundo dados do Escritório Nacional de Estatística de Cuba.
A maior organização social cubana, os Comitês de Defesa da Revolução (CDR), distribui folhetos entre seus oito milhões de membros como parte de uma campanha nacional para conscientizar sobre a necessidade de cultivar alimentos em casa durante a crise de coronavírus.
A filha de Hernandez, Tamara Hernandez, 50 anos, trabalha como coordenadora de base da CDR e cultiva a terra junto com o pai em seu tempo livre. "Queremos atrair mais pessoas para a jardinagem urbana porque é um hobby para toda a família", disse ela.
"Também contribui para combater o estresse social e instigar hábitos alimentares saudáveis em crianças desde muito jovens", acrescentou ela.
Enquanto Havana diminui as restrições ao COVID-19 como parte de uma primeira fase do plano de recuperação pós-pandemia de Cuba, um número crescente de pessoas continua abrindo espaço em suas varandas, telhados, quintais ou pátios para uma grande variedade de ervas e vegetais.
A esposa de Hernandez, Laudelina Palacios, 77 anos, gosta de reunir a família em torno da mesa de jantar e servir uma refrescante e colorida salada de verão feita com produtos caseiros.
Esse momento, disse ela, confirma que o esforço diário de sua família para trazer comida fresca do jardim para a mesa não foi infrutífero.
"Esta é uma revolução de jardinagem em casa contra a pandemia de COVID-19", disse ela. "As plantas crescem em qualquer lugar".
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