Dissociação financeira EUA-China "não está acontecendo" apesar de retórica, segundo observador veterano da China

2020-07-07 14:07:37丨portuguese.xinhuanet.com

Washington, 5 jul (Xinhua) - A dissociação financeira entre os Estados Unidos e a China é "cada vez mais improvável", apesar da retórica do governo Trump, disse Nicholas Lardy, pesquisador sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional (PIIE) de Washington D.C.

"Apesar de todos os fogos de artifício sobre tarifas e restrições de investimentos, a integração da China nos mercados financeiros globais continua em ritmo acelerado", de acordo com uma análise em co-autoria do Lardy e do analista de pesquisa do PIIE, Tianlei Huang, publicado na quinta-feira.

"De fato, na maioria das métricas essa integração parece ter se acelerado no ano passado", disseram eles, observando que as instituições financeiras baseadas nos EUA estão participando ativamente desse processo e, portanto, a dissociação financeira EUA-China "não está acontecendo".

Lardy e Huang disseram que o melhor exemplo da crescente integração da China nos mercados financeiros globais é o "aumento substancial" do papel dos EUA e de outras instituições financeiras estrangeiras na China, já que os reguladores chineses em 2019 e 2020 facilitaram as restrições de propriedade e outros fatores.

Eles destacaram vários exemplos, como o PayPal, que em 2019 adquiriu uma participação de 70 por cento na empresa chinesa GoPay, e o Goldman Sachs, que em março de 2020 recebeu aprovação para aumentar sua participação minoritária de 33 por cento na empresa de valores mobiliários de joint venture para 51 por cento de participação majoritária.

Além da reforma regulatória, os autores argumentaram que a integração da China nos mercados financeiros globais também se reflete no crescente fluxo de capitais transfronteiriço, não apenas de investimento estrangeiro direto (IED), mas também de capital de portfólio.

Eles observaram que a propriedade estrangeira de ações e títulos chineses tem aumentado constantemente nos últimos anos, atingindo 4,2 trilhões de yuans (594 bilhões de dólares americanos) até o final do primeiro trimestre de 2020, acrescentando que é quase certo que esse valor cresça ao longo do tempo.

As empresas multinacionais americanas têm atuado em investimentos diretos na China, investindo 14,1 bilhões de dólares em 2019, ante 12,9 bilhões de dólares em 2018, de acordo com Lardy e Huang, que acrescentaram que os fluxos de IED na China, inclusive por empresas americanas, provavelmente diminuirão em 2020, como resultado da desaceleração do crescimento econômico global causado pela pandemia de COVID-19.

Destacando o perigo de generalização com base em evidências anedóticas enganosas, os autores observaram que o único sinal de dissociação financeira entre os Estados Unidos e a China é o acentuado declínio do investimento direto chinês nos Estados Unidos.

Na análise, Lardy e Huang também argumentaram que negar o acesso aos mercados de capitais dos EUA não seria um passo importante na dissociação e certamente não atrasaria o crescimento da China, devido aos seguintes motivos.

Primeiro, grande parte do capital levantado por essas empresas chinesas nas bolsas de valores dos EUA vem de investidores internacionais, não de residentes dos EUA. Em segundo, excluir empresas chinesas das bolsas de valores dos EUA não negaria o acesso das empresas chinesas ao capital dos EUA, pois elas também têm acesso ao capital dos EUA por meio de empresas de capital privado dos EUA.

Além disso, muitas empresas chinesas sairão da lista mudando suas listagens para a Bolsa de Hong Kong, onde residentes dos EUA e investidores internacionais podem continuar investindo, disseram eles.

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