Entrevista: Aumento da taxa de casos de COVID-19 nos EUA subestima o "verdadeiro surto" de transmissão assintomática
Washington, 3 jul (Xinhua) -- O aumento da taxa de casos da COVID-19 relatados nos Estados Unidos subestimou o "verdadeiro aumento" de coronavírus na transmissão assintomática, disse à Xinhua Robert Schooley, professor em medicina da Divisão de Doenças Infecciosas e Saúde Pública Global da Universidade da Califórnia.
"Continuamos aprendendo sobre o papel crítico que a transmissão por pessoas sem sintomas desempenha na manutenção da epidemia. É cada vez mais provável que saibamos que mais de 50% das infecções - especialmente em pessoas com menos de 40 anos, podem ser assintomáticas."
Poucos desses indivíduos acabaram no hospital ou morreram, então o aumento na taxa dos casos relatados subestimou bastante um "verdadeiro surto" em curso do vírus nessa demografia, observou ele.
Mais de 2.731.000 casos de COVID-19 foram relatados nos Estados Unidos, com as fatalidades ultrapassando 128.600 até a noite da quinta-feira, de acordo com uma contagem da Universidade Johns Hopkins.
Os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) registraram um novo recorde em um único dia, ou 54.357 casos em todo o país.
Vários estados relataram aumento diário recorde nos casos de COVID-19 nos últimos dias. A Flórida informou na quinta-feira 10.109 novos casos, marcando um novo recorde de um dia para o estado.
"Os políticos que apontam para o 'maior número de testes sendo feitos' e a 'menor taxa de mortalidade e hospitalização' como uma coisa boa estão apenas distorcendo a realidade", disse Schooley.
"Neste surto viral, estamos vendo mais testes sendo feitos, mas também estamos vendo uma percentagem maior desses testes positivos. Isso indica que mais infecção é o problema, não mais os testes", disse ele.
Segundo Schooley, as menores taxas de hospitalização e mortalidade refletem o fato de que mais pessoas infectadas são pessoas mais jovens com menos fatores de risco médico.
O recente aumento nos casos de COVID-19 também leva ao recorde de taxas positivas e de hospitalização. De acordo com o CDC, 90.626 casos e 500 mortes por COVID-19 entre profissionais de saúde foram relatados em todo o país.
"À medida que a epidemia se espalha, hospitais e UTIs (unidades de terapia intensiva) estão, no entanto, atingindo sua capacidade no Arizona, Texas, Alabama e em outros lugares. O número de mortes aumentará se a epidemia não for controlada", disse Schooley.
O modelo de COVID-19 produzido pelo Institute de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington estimou 179.106 mortes por COVID-19 nos Estados Unidos até 1º de outubro.
Anthony Fauci, importante especialista em doenças infecciosas do governo dos EUA, alertou que o aumento diário dos casos da COVID-19 nos Estados Unidos pode subir para 100 mil se a tendência atual "não mudar".
"O comportamento em tempo real é o que impulsiona o futuro. Com as mudanças do comportamento, os modelos mudam", disse Schooley à Xinhua.
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