(Multimídia) Casos da COVID-19 podem subir para 100 mil por dia nos EUA, alerta Fauci

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, depõe perante o Comitê de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado dos EUA sobre a COVID-19 em Washington D.C., Estados Unidos, em 30 de junho de 2020. (Al Drago/Divulgação via Xinhua)

Washington, 30 jun (Xinhua) -- Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas do governo dos EUA, alertou na terça-feira que o país "não está no controle total" da pandemia do coronavírus, emitindo uma terrível advertência de que os casos da COVID-19 nos Estados Unidos podem subir para 100 mil por dia se a tendência atual "não mudar".

"Não posso fazer uma previsão precisa, mas será muito perturbador", disse Fauci aos senadores em audiência realizada pelo Comitê de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado.

Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, disse que o país está "indo na direção errada", à medida que o número de casos da COVID-19 aumenta em todo o país.

"Agora, temos mais de 40 mil novos casos por dia. Eu não ficaria surpreso se subirmos para 100 mil por dia se isso não se reverter. E por isso estou muito preocupado", afirmou.

Fauci enfatizou que ele não poderia fazer uma estimativa das mortes, pois precisariam de um modelo.

Seus comentários vieram quando o número de novos casos relatados todos os dias nos Estados Unidos está superando o de abril, quando a pandemia abalou o estado de Washington e outras partes do país, especialmente a área de Nova York.

Mais de 2,6 milhões de casos da COVID-19 foram relatados no país, com as mortes ultrapassando 127 mil na terça-feira à tarde, de acordo com uma contagem da Universidade Johns Hopkins.

Fauci alertou que alguns estados estão "saltando sobre" os pontos de verificação nas diretrizes federais de reabertura e que isso está levando a novos pontos críticos em estados como Texas, Flórida e Arizona.

Segundo Fauci, cerca de 50% de todos os novos casos são provenientes de quatro estados: Flórida, Califórnia, Texas e Arizona.

Os surtos em várias partes do país colocam "todo o país em risco" e "claramente não temos isso sob controle", acrescentou.

Ele disse que mesmo os estados e localidades que "fizeram certo" em relação à reabertura ainda têm indivíduos que se envolveram em um "fenômeno todo ou nenhum", desconsiderando as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras enquanto saem socialmente.

"Neste surto viral, estamos vendo mais testes sendo feitos, mas também estamos testemunhando uma porcentagem maior de resultados positivos. Isso indica que mais infecção é o problema - não mais testes", disse à Xinhua em entrevista Robert Schooley, professor de medicina da Divisão de Doenças Infecciosas e Saúde Pública Global da Universidade da Califórnia, em San Diego.

"À medida que a epidemia aumenta, hospitais e UTIs estão operando com a máxima capacidade no Arizona, Texas, Alabama e em outros lugares. O número de mortes aumentará se a epidemia não for controlada", disse Schooley.

"O comportamento em tempo real é o futuro", observou ele.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, depõe perante o Comitê de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado dos EUA sobre a COVID-19 em Washington D.C., Estados Unidos, em 30 de junho de 2020. (Al Drago/Divulgação via Xinhua)