Entrevista: Epidemiologista do Reino Unido diz que colaboração global é vital para enfrentar crise sem precedentes de COVID-19

2020-06-08 13:40:37丨portuguese.xinhuanet.com

Londres, 6 jun (Xinhua) - A colaboração global é "realmente importante" para enfrentar a crise sem precedentes de COVID-19 que está afetando todos os países, disse à Xinhua o Dr. Connor Bamford, virologista.

Dr. Bamford é pesquisador em virologia e imunidade antiviral no Instituto Wellcome-Wolfson de Medicina Experimental, na Universidade Queen de Belfast. Ele passou sua carreira pesquisando como a resposta imune humana pode combater diferentes infecções e como os vírus passam pelo sistema imunológico humano.

"A colaboração é realmente importante e esta crise é única no fato de ser uma pandemia, uma epidemia global de um único patógeno, mas isso está afetando todos os países", disse o Dr. Bamford.

Em particular, colaborar para interromper as viagens, compartilhar EPI (equipamento de proteção individual) e compartilhar experiências sobre o vírus é fundamental para controlar com sucesso o COVID-19 em escala global, de acordo com o Dr. Bamford.

"Vendo como nossa sociedade e economia global estão interconectadas, basicamente todo mundo está sendo prejudicado por isso e acho que temos que trabalhar juntos e, o mais importante, podemos aprender com outros países", disse Bamford.

TRABALHO COM A CHINA

Segundo o Dr. Bamford, a China tem sido "realmente colaborativa nesse esforço".

"Desde o início do surto, a China compartilhou muitas informações sobre esse vírus e permitiu que países da Europa, Reino Unido e EUA se preparassem", disse Bamford.

Ele acredita que a China é um modelo-chave, juntamente com o resto do leste da Ásia e sudeste da Ásia, a ser seguido por países como a Grã-Bretanha para superar esse alívio da fase de quarentena.

No futuro, Bamford disse que pesquisadores na Grã-Bretanha também devem trabalhar em estreita colaboração com seus colegas na China quando se trata de encontrar vacinas e terapias viáveis.

Em um estudo publicado na revista médica The Lancet no mês passado, uma equipe chinesa relatou que seu candidato à vacina COVID-19 foi considerado seguro, bem tolerado e capaz de gerar uma resposta imune contra o SARS-CoV-2 em humanos no ensaio clínico de fase 1.

"Acho que temos muito a aprender com a China. A China tem muita experiência científica, eles têm alguns candidatos a vacinas e outros terapêuticos e agora temos pessoas para compartilharmos e colaborarmos com eles", disse ele.

PESQUISA POR VACINA

O Dr. Bamford acredita que o mundo está se aproximando de um medicamento ou vacina eficaz para COVID-19 a cada experimento, mas as chances de uma vacina válida até o final do ano permanecem reduzidas.

"Acho que teremos uma ideia das vacinas com maior probabilidade de funcionar e as que têm menos probabilidade, e esperamos ter uma ideia de quão seguras elas são e, então, esperamos leva-las a um grande número de pacientes", disse o Dr. Bamford.

"Estou confiante de que em algum momento teremos uma vacina e isso terá um impacto, mas sendo mais realista, acho que não será este ano".

Como parte dos esforços globais para encontrar soluções para a pandemia, uma equipe da Universidade de Oxford também está realizando um ensaio clínico em um candidato a vacina de COVID-19. Os principais cientistas da equipe estão otimistas de que eles podem concluir o estudo em várias fases em um ritmo sem precedentes.

"Temos que garantir que essas vacinas sejam seguras e eficazes e que possamos administrá-las a basicamente bilhões de pessoas. Isso leva um período realmente longo, mas é claro que estamos tentando fazer as coisas o mais rápido possível, mas é claro que você não quer fazer nada muito rápido, pois realmente precisa garantir que eles funcionem e que as coisas estejam seguras", disse o Dr. Bamford.

Além das vacinas, pesquisadores de todo o mundo também estão procurando medicamentos eficazes para tratar a infecção.

Desde abril, o Dr. Bamford e sua equipe em Belfast estão trabalhando em um novo medicamento para combater o coronavírus. Embora em seus estágios iniciais de desenvolvimento, o medicamento se destine a ser administrado a pacientes hospitalizados com COVID-19.

RISCO DE SEGUNDO SURTO

O desenvolvimento de vacinas ou medicamentos ocorre quando muitos países ao redor do mundo estão começando a diminuir as restrições ao movimento.

"Dominamos agora a primeira onda... Há alguns países que estiveram nessa posição semelhante antes de nós e acho que há um risco real de voltarmos ao que vimos nos meses anteriores. Nós não estamos nos estágios iniciais, estamos em algum lugar no meio e é um pouco incerto", disse o Dr. Bamford.

No entanto, o Dr. Bamford está otimista de que o segundo surto não será tão grave quanto o primeiro na Grã-Bretanha.

"O primeiro surto, previmos que seria completamente catastrófico, com centenas de milhares de pessoas morrendo. Isso apenas se a quarentena não fosse adotada. Acho que mostramos que sabemos como parar esse vírus e isso é por meio da quarentena, distanciamento social e aumento da higiene e, o que é mais importante, esse procedimento de teste, rastreamento e isolamento", disse o Dr. Bamford.

"Acho que, quando reunirmos todos eles, poderemos reduzir alguns aspectos a quarentena e do distanciamento social, mas também suprimir qualquer vírus que esteja em andamento, mas, é claro, esta é uma longa batalha. Estamos fazendo isso para adiar o vírus até que tenhamos uma nova terapia ou uma nova vacina que seja segura e eficaz", afirmou ele.

"Espero que possamos erradicá-lo ou ter uma vacina que possamos aplicar em toda a população. Mas o mais importante daqui para frente é proteger o mundo de outra pandemia como a que estamos vendo com SARS-CoV-2", ele disse.

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